[IV]

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Inglaterra, 1842.
Onde nossa heroína descobre as motivações de um determinado cavalheiro e pensa em uma forma mirabolante de ajudá-lo.

O clima estava agradável naquele início de manhã, o que fazia contraste com os sentimentos deturpados e primeiras impressões erradas que o senhor George Berryann transmitiam a sua acompanhante. Embora se sentisse estranha com os olhares que alguns curiosos lançavam para o mais inesperado par andando calmamente pelas ruas de paralelepípedo da cidade, Freya Holloway procurou se desprender dessas amarras que a impediam de se sentir acolhida pela brisa amena que corria pelos seus longos cabelos castanhos e deixava uma sensação de dormência em sua pele exposta do rosto. Segurava um guarda-chuva delicado para bloquear os raios solares, mas nesse momento só pensou em pegar o seu cavalo deixado no curral em sua propriedade e correr pelos campos verdes dos arredores da cidade até perder o fôlego e sentir gotas de suor se acumulando em sua testa.

Ela gostava do sol. Apesar dos avisos eternos da sua preceptora sobre como eles podem estragar com sua pele jovem e provocar manchas indesejadas.

Para cumprir o exigido pelas regras de etiqueta, Abigail, a senhora que também era sua acompanhante, os acompanhava a uma distância suficiente para que não pudesse ouvir os verdadeiros motivos que haviam levado Freya Holloway a aceitar um passeio que poderia levantar suspeitas sobre um possível interesse amoroso. Ela sabia que não era isso o que havia lhe motivado, e por esta razão se mantinha firme em sua pose apesar dos olhares, acompanhando os passos firmes de George Berryann enquanto esperava que ele finalmente abrisse a boca e começasse a falar.

Eles chegaram a pequena praça da cidade. Algumas casais marcavam seus encontros amorosos por ali, fato que quase fez Freya revirar os olhos. A obviedade das coisas a deixava entediada e com baixas expectativas. Certamente não era o tipo de pessoa que amava andar em parques e receber flores constantemente, embora compreendesse que o apelo romântico que essas pequenas atitudes tinham era suficiente para sempre funcionar com seus alvos.

Freya se demonstrou surpresa quando se deu conta de que George havia parado de andar. Ela olhou para trás após dar mais dois passos em pura distração e o observou atenta, enquanto parado diante de uma pequena fonte que jorrava água sem parar.

Então, após excruciantes segundos, ele virou o rosto e a encarou. Podia estar pensando sandices, mas, sob a copa das grandes árvores do parque e sua luz esverdeada projetada pelas folhas vívidas em contato com os raios do sol, os olhos verdes do senhor Berryann pareciam mais vibrantes do que nunca.

Freya Holloway piscou os olhos um par de vezes. Sim, pensou, só poderia ser a mais pura loucura. Ela havia o encontrado apenas duas vezes em um curto período de tempo. Jamais poderia afirmar aquilo com tanta certeza e pureza.

Ainda assim, admirou. Admirou aquela beleza e quase se sentiu orgulhosa ao perceber que, de alguma forma, seu olhar profundo se iluminou ainda mais.

Mas seus pensamentos desconexos e completamente fora do contexto perderam sentido quando ela entendeu por que seu olhar havia vibrado mais ao ouvi-lo confessar:

- Eu a amo - Freya sabia automaticamente que o homem não se referia a ela. Mesmo assim, ele se esclareceu: - Lady Elizabeth Hendeston, eu digo.

Freya sentira que precisava sentar e absorver suas palavras por um longo momento, talvez tomar um grande copo de água com açúcar para lavar consigo a tontura que se instalou em seu corpo.

Apesar de admirar sua persistência em vir atrás dela apenas para apagar de vez o mal entendido e a péssima primeira impressão da noite anterior, jamais imaginaria que os sentimentos do senhor Berryann iriam tão longe e tão fundo. Homens libertinos se sentem no poder de brincar com diversas damas, mas jamais imaginaria que um homem com essa mesma fama - e nesse caso, estamos falando de George Berryann - fosse capaz de se deixar ser levado a esse ponto por uma mulher casada.

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⏰ Última atualização: Jun 16, 2020 ⏰

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