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Inglaterra, 1842.
Exatos três anos após a única decepção amorosa de George Berryann.

Freya Holloway odiava a maioria dos bailes, embora gostasse de sair de casa à noite sem se deparar com mil e um avisos sobre sua segurança e dignidade. 

Acontece que, toda vez que uma temporada recomeçava, seu pai, o Conde de Holloway, importunava a única filha com a mesma conversa de sempre e almejava apenas uma conquista: conseguir fazer com que ela aceitasse uma das propostas de casamento que eventualmente viriam.

Pois, embora não fosse a mais encantadora e delicada jovem circulando no salão, ou estivesse trajando o vestido mais caro, Freya recebera três propostas na temporada passada. Um número considerado excepcional para uma primeira vez. Mas todas foram recusadas, é claro.

Freya ainda lembrava cada um dos motivos pelo qual o fez tais recusas: o primeiro cavalheiro, não conseguira manter uma conversa agradável por mais de cinco minutos - ora, se ele a deixou tão enfadada após esse curto tempo, imagina compartilhar uma vida inteira ao seu lado!; o segundo era apenas um libertino desesperado para achar logo uma esposa obediente, assim seu pai não cortaria sua mesada e ele poderia continuar desfrutando da vida de solteiro novamente; e o terceiro, bom, não havia um motivo tão aparente e incômodo para tê-lo o recusado. Ele fora gentil e educado até mesmo após receber um "não" como resposta ao seu pedido. E, no fim, fora o certo a se fazer. Pois Freya não o amava - não que esteja necessariamente em uma busca desesperada pelo amor -, mas a garota sentiu que, sendo tão jovem (no auge dos seus recém-completos dezenove anos), poderia tentar mais uma ou duas vezes antes de perceber que nunca acharia aquele sentimento dentre os pretendentes por aqui.

Afinal, mais uma temporada havia começado e ela sentia que via os mesmos rostos.

Era deprimente... e chato.

A garota suspirou por cima do copo de suco segurado na altura de seus lábios - um gesto nada sútil, tampouco gracioso - e encostou o corpo na parede, no pequeno corredor reservado para as pessoas circularem pelo salão, às margens da pista de dança movimentada.

- Não aja assim! - exclama sua amiga, Senhorita Emma Edgell, batendo discretamente em seu braço num gesto de repreensão. - Como espera ser chamada para dançar com essa expressão de tédio?

- Não sei - Freya deu de ombros, o olhar perdido nos casais dançando a poucos metros dali. - Quem sabe eu esteja esperando, justamente, por alguém que consiga tirar essa expressão do meu rosto.

Emma ponderou sobre sua resposta.

- É uma estratégia. Mas acha que vai funcionar? - desafiou.

- Só há um jeito de descobrir - lançou-lhe um olhar travesso, para logo depois mudar de assunto: - Mas onde está o seu príncipe encantado?

Freya sempre utilizava dessa expressão para se referir ao Visconde - ou seria Marquês? Nunca conseguia se lembrar - que estava cortejando Emma nessa temporada. A amiga o conheceu no baile anual promovido pelos Smith - que ocorrera duas semanas atrás e Freya não pôde ir porque sentira-se indisposta no dia -, e estava apaixonada, era possível sentir isso nos seus suspiros sonhadores e devaneios duradouros.

- O Senhor Rathbone - enfatizou ela, erguendo uma sobrancelha sugestivamente -, prometeu-me sua última dança hoje.

Freya assentiu e, antes que pudesse controlar as palavras, disse:

- Você deveria avaliar todas as opções. A temporada passada não rendeu muitos casamentos do qual valha a pena lembrar. - Comentou. - Como anda aquele rapaz que o cortejou na última festa?

Pelo amor de um ViscondeOnde histórias criam vida. Descubra agora