Dois Amores

𝟑𝟒| 𝐏𝐚𝐬𝐬𝐚𝐫𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐞

Subi as escadas correndo, mas com cuidado para não acordar minha mãe, e assim que cheguei no meu quarto, me joguei na cama, desarrumando os lençóis dobrados.

Esperei ansiosamente Maite atender o celular, ouvindo o irritante som da chamada sendo encaminhada para a caixa postal.

Soltei uma lufada de ar, impaciente com a demora.

Insisti mais duas vezes até que finalmente Maite atendeu com a voz sonolenta.

— Alô? — Ela disse após um longo bocejo.

— Demorou para atender. — Reclamei, ficando de bruços na cama.

— Mãe? — Perguntou confusa, pigarreando em seguida.

Tirei o celular do ouvido e olhei incrédula para o mesmo. Sério que ela havia acabado de confundir minha voz com a da Tia Ruth?

Neguei com a cabeça levando o celular de volta ao ouvido.

— Não sou sua mãe, Mai. — Falei dando risada.

— Camila? — Ouvi ela bufar de raiva do outro lado. — Por que diabos você está me ligando em plena madrugada? Morreu alguém, por acaso?

Afastei o celular novamente do ouvido para checar as horas.

— Não é de madrugada. Ainda são dez da noite, dorminhoca. — Respondi, revirando os olhos. — Depois você vem reclamar que eu não te conto nada!

— Por quê? O que aconteceu? — Ela perguntou subitamente, parecendo despertar completamente junto com a mudança do seu tom de voz.

— Agora você quer saber, não é? Devia desligar agora e deixar você aí, com o seu sono de beleza.

— Camila, vê se pára com esse drama e me conta logo o babado. Não é possível que eu vou ter que subir aí! — Disse, provavelmente, roendo as unhas.

— Ok, lá vai... — Avisei com um sorriso no rosto. — William apareceu aqui, logo depois de eu chegar em casa.

— O quê? — Me interrompeu. — Me conta tudo logo, com riquezas de detalhes, por favor.

Comecei a contar todos os detalhes da minha noite, desde o momento que William apareceu na minha porta mais cedo, até alguns minutos atrás quando o provoquei e fechei a porta em sua cara. Mal conseguia conter o sorriso que se espalhava por todo meu rosto enquanto contava a Maite sobre o nosso beijo, o quase sexo e a interrupção da minha mãe.

— Sua vadia, me conta essa história direito! — Gritou pelo telefone, respirando fundo. — Vocês estão juntos? Tipo, juntinhos mesmo? Como um casal? Oh Deus, sua cadelinha!

— Eu não sei, acho que sim, ele me chamou para sair amanhã. — Comentei com empolgação. Ainda nem tinha caído a minha ficha. — Você vai me ajudar a se vestir, não é?

— É claro amiga, vou te deixar a coisa mais linda desse mundo. — Ela bateu palmas, animada. — Agora me fala a verdade, você iria transar com ele se a empata-foda não tivesse chegado? — Perguntou, referindo-se à minha mãe.

— Mai! Respeita a minha mãe! — Reclamei. Que mania feia ela tinha de colocar apelidos nas pessoas.

— Tudo bem, foi mal, agora não mude de assunto. Você iria ou não transar com ele? — Insistiu, ansiosa.

Parei para pensar um pouco mais no assunto. Eu transaria ou não? Do jeito que eu estava louca por ele, sim, eu o faria sem hesitar.

— Sim — Admiti, enquanto meu rosto se tingia de vermelho.

— Camis! — Maite exclamou contente. — Isso é um grande avanço, estou até emocionada aqui. Camila Campbell querendo transar com alguém que não seja o Adam Babacão!