Se quiserem escutem a música: Je te laisserai des mots- Patrick Watson pra acompanhar o capítulo.
Já era quase 11hrs, Ana e Leon continuavam dormindo em um sono profundo. Abraçados como sempre. Eu me juntei a ele na cozinha para tomarmos café da manhã, e todas as nossas conversas era eu quem iniciava mas dessa vez foi diferente.
- Os ovos estão bons? – perguntou ele.
- Sim, estão ótimos... – e novamente o silêncio pairava entre nós. Porém decidi continuar a conversa – Você gosta de cozinhar?
- Nunca foi um gosto, e sim necessidade. – deu um sorriso vazio para o prato ainda meio cheio.
- E sua mãe?
- O que tem ela? – perguntou ainda sem me olhar.
- Ela não cozinhava pra você? – ele parou de mexer o garfo e tomou um gole do café.
- Não. – apenas disse isso, mas ainda não cessava minha curiosidade sobre ele.
- Por que nunca diz o seu nome? – Ele finalmente me olhou nos olhos.
- Eu não tenho nome. Minha mãe apenas me chamava de hijo. – Logo voltou seu olhar ao café que já estava frio.
- E por que não procura ter um?
- Porque eu não sou ninguém para ter um nome. – Ele diz se levantando e jogando o café na pia e os ovos que sobraram no lixo. Saiu novamente para a varanda e o deixo quieto, mas minha cabeça não parava de se perguntar a quanto tempo ele se sente assim.
Vou ver Ana e Leon e eles estão acordados conversando. Eu os amo com todo meu coração. Eles foram o mais próximo de família que tive depois do meu marido e filho. Ana me puxa para a cama e me envolve em um abraço e Leon nos preenche como se nós fossemos um só.
Hijo entra no quarto e da um sorriso que me conforta o coração após nosso café da manhã. Leon levanta dando um beijo em sua bochecha e chama todos para o banho, mas eu não queria tomar agora, então apenas os três foram até o banheiro.
Eu vi que na mala de Hijo havia uma camera e a peguei, fui até eles e fotografei o trio. Era a primeira vez em anos que eu fotografava novamente e me senti livre mas ainda culpada, ainda com dor no coração de ver por uma lente de camera. Era como se eu me preparasse para voar mas minhas asas ainda não estavam curadas o suficiente.
- Ei olha aqui Claudia – Ana me chama fazendo um biquinho para foto e eu dou risada. Aponto a camera para ela e Hijo escorrega e cai no chão, meu coração já acelera e eu deixo a foto de lado. Dessa vez eu iria fazer alguma coisa... Mas felizmente não foi nada grave e ele já tinha levantado.
Eu saio do banheiro e deixo a camera na sala. E apenas fico esperando eles terminarem para conversarmos como todas as tardes. Porém me pego pensando no passado, por incrível que pareça estava sempre presa a ele. O que me incomodava porque era um tempo sombrio da minha vida. Mas não conseguia mudar essa prisão.
Antes da melancolia tomar conta de mim, Leon e Ana me surpreenderam com um beijo na bochecha. Tinha o prazer de me lembrar todos os dias de como eles salvaram a minha vida.o capítulo foi curtinho mas espero que gostem. ♡
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10.000 noches en ninguna parte.
FanfictionEstou escrevendo sobre o filme 10.000 noches en ninguna parte no ponto de vista da personagem Claudia. Sinopse do filme: Um garoto que tem medo de tudo está cansado e entediado da vida que leva. Ele decide fugir e viver histórias. Seu caminho é para...