fifth chapter.

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Acordei com dor no corpo pois tinha dormido no sofá, toda desajeitada. Hoje estava bem quente então decidi ir ao meu estúdio de pintura para colocar minha inspiração para fora de algum jeito.
Eu amava pintar em tela, era algo que me deixava extremamente feliz e relaxada. Eu pintava desde nova, mas não tinha um estúdio só meu. Então depois de dois anos que conheci Leon e Ana, encontramos um prédio abandonado e decidimos construir la mesmo o meu estúdio. Compramos tintas, pinceis e telas, reformamos tudo em uma semana. Desde então, quando queria ficar sozinha pensando eu ia para lá. E quando estava calor também.
Já estava tudo preparado, coloquei tudo que precisava levar no carro e Leon me levou. No caminho fomos escutando rádio e estava tocando simple as this do Jake Bugg, aquela música me deixava levemente esperançosa. Abri todo o vidro da janela para sentir meu cabelo dançar junto ao vento.
Chegando lá dei um beijo em Leon, e entrei sozinha. Estava tudo bagunçado, do jeito que eu sempre deixo. Minha bagunça é minha organização, sempre fui assim e acho que não deixaria de ser assim nunca. Coloquei música para me inspirar mais e olhei para as latas de tinta e a tela branca, e simplesmente dancei. Eu senti a música e dancei, deixando meu espirito de pintora de lado por alguns minutinhos.

Play: Shake it out – Florece + The Machine
“E eu fui tola e cega
Nunca consigo deixar o passado pra trás
Não vejo uma saída, não vejo uma saída
Estou sempre carregando esse cavalo nas costas

E todas as suas questões, tal ruído de sofrimento
Esta noite eu enterrarei esse cavalo na terra
Pois gostaria de deixar minhas questões definidas
É sempre mais escuro antes do amanhecer

Liberte-se, Liberte-se
Liberte-se, Liberte-se, oh whoa
Liberte-se, Liberte-se
Liberte-se, Liberte-se, oh whoa”

Aquela música me lembrava de tudo que eu já vivi ate aqui, e o quão difícil foi passar por tudo. Mas me lembrava também como eu estava hoje, livre. Eu estava livre e feliz e eu me sentia completa e era isso que eu procurava desde que parte de mim morreu. Enquanto eu dançava aquela música, toda minha angustia saia e mais inspiração entrava dentro de mim. Ate que eu comecei a sentir um olhar, e quando me virei era Hijo, ele estava me observando dançar então o puxei para se juntar a mim.
Ele era uma pessoa que eu sabia que não se sentia completo, nem livre, era uma pessoa completa de angustias e decisões erradas. Eu so precisava conhece-lo, eu precisava sentir mais dele além daquela tristeza cotidiana que ele exalava. Vi seu sorriso, seu raro sorriso. Era tímido, mas fofo, seus dentes reluziam bem apesar de tudo, e eu sorri de volta e aproveitei aquele momento como nunca. Até que a musica acabou e eu o abracei, foi ai que tudo começou...
Ele me apertava em meio ao abraço e a cada aperto meu coração se acelerava mais, e minhas lagrimas insistiram em cair, e eu tentava parar mas era como se eu impedisse o sol de brilhar. Era impossível.
- Esta tudo bem? – Hijo me perguntou.
- S-Sim... – Eu respondi e comecei a soluçar.
- Calma, você precisa se acalmar. Você não pode tomar minhas dores. – Disse ele se separando de mim e olhando em meus olhos.
Eu nem conseguia responde-lo, apenas coloquei a mão em meu peito e sentei no chão. Era como sofrer a morte do meu filho e marido tudo de novo. Eu não sabia o que Hijo havia passado em sua vida mas sabia que ele era a pessoa mais triste que eu já conheci e minha vontade naquele momento era mudar isso. Era faze-lo livre, mas eu não podia, eu não conseguia sair daquela posição, não conseguia parar de sofrer o que ele sofreu. Aquele abraço foi como um murro no estômago.

[...]
Depois de uma hora desse jeito, ele conseguiu me acalmar, então comecei a pintar para ver se conseguia me sentir melhor e funcionou.
- Por que você ficou assim? – Hijo me perguntou admirando minha pintura.
- Não sei. Você me passou isso em meio aquele abraço. – Eu o respondi, toda suja de tinta.
- Sinto muito. – Ele disse olhando para os meus pés.
- Ei, não é sua culpa! Mas você ta me devendo sua história.
- Minha história?
- Sim – eu disse, observando bem o seu rosto. – Você nunca contou nada sobre seu passado e você sabe muito sobre o meu. Não é justo. – Eu disse sorrindo e ele sorriu junto.
- Certo, você tem razão...
- Então você vai me contar?? – Perguntei parando de pintar e me aproximando dele.
- Sim.



Para quem já assistiu ao filme, sabe que a história do Hijo é bem angustiante mesmo né. Como vocês acham que a Claudia vai reagir? Talvez eu faça modificações, ainda não sei.
Desculpa a demora, e me digam o que estão achando! ♡

10.000 noches en ninguna parte. Onde histórias criam vida. Descubra agora