sixth chapter.

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Estavamos sentados de frente um para o outro e Hijo estava olhando fixamente para o pote de tinta e os pincéis que estavam em nossa frente, até que eu quebrei o silêncio.
- Vamos, conte!
- Ok... Eu realmente prefiro não ter nome, sabe? Eu me forço a esquecer as coisas. Mas eu lembro delas, de todas elas, mas finjo que não. – Ele disse olhando para suas mãos que não paravam de se mexer.
- E por que você faz isso? – perguntei e acompanhei seus movimentos com os olhos.
- Porque minha vida foi ficar preso a alguém que eu não sou, a uma mãe alcoólatra. Duas semanas comigo, e depois duas semanas com minha irmã. Revezavamos cuidar dela porque ela sempre deu muito trabalho, isso quando ela não quebrava a semana da minha irmã e vinha para minha casa porque tinha brigado com ela. Você tem noção de que ela já colocou fogo na minha casa? – ele conta e eu arregalo os olhos.
- mas... como... – eu digo algumas palavras soltas com grandes intervalos na fala pois não sabia o que dizer de verdade.
- Ela é louca... e isso me fez ficar louco. Eu nem sei se estou aqui de verdade, se você é de verdade. Eu fugi de casa para me encontrar.
- E esta funcionando?
- Sim. – ele da um sorriso singelo e eu retribuo.
- Bom e o que mais você fez?
- Eu não sei, lembra que me forço a esquecer? Mas me lembro vagamente de antes de vir para cá encontrar uma amiga de infância, fiquei lá por um bom tempo. Ela representava minha infância perdida, sinto falta dela! Brincávamos todos os dias, ouvíamos as bonecas e ate casamos em um cemitério com os mortos de testemunha, padrinhos e madrinhas. – aquilo que ele falou era definitivamente loucura mas fiquei fascinada com a normalidade que ele contava.
- E você se arrepende de ter vindo para cá? – eu pergunto aflita com a resposta.
- Não. Voces representam a liberdade que eu nunca tive.
Eu sorri feliz e o abracei. Ficamos mais um tempo conversando mas basicamente descobri que ele é simplesmente uma alma perdida, que vaga por aí tentando se encontrar mas na verdade sem sucesso nenhum. Eu espero poder ajuda-lo, mas ele também havia dito que iria voltar para a amiga dele daqui uns dias e enfim voltar para sua casa. Ele dizia que já tinha se encontrado mas toda vez que olhava em seus olhos profundamente tristes, so via o Hijo perdido e depressivo de sempre.
- Me fala a verdade. - estávamos lavando os pincéis para irmos embora.
- Que verdade? - ele sempre encarando coisas e não meus olhos.
- Você não se encontrou né? - ele apenas sorri, olhando para baixo.
- E será que eu realmente sou alguém para me encontrar?
- Claro que sim Hijo, você é alguém... eu só não sei como posso te ajudar. Talvez sua amiga te ajude de verdade! - Eu digo colocando os pincéis em um balde vazio para secar.
- Eu aproveitei demais com vocês aqui, eu já disse. Vocês são minha liberdade, vocês são meu salto de paraquedas, vocês são minhas madrugadas idas as praias vendo o sol nascer, vocês são minhas músicas extremamente altas, são meus gritos de rasgar a garganta... Eu vivi com vocês, e eu nunca tinha vivido tão livre dessa forma. Eu juro. - ele disse isso, e me convenci de que ele estava feliz mesmo os olhos dele dizendo o contrário.

[...]
Arrumamos tudo, e liguei para o Leon nos buscar.
Ele chegou meia horinha depois, e a janta já estava pronta. Eu fui tomar um banho enquanto eles estavam jantando e pensei em tudo que ele havia me dito, e definitivamente, espero que ele não desista.







Oi gente, como sempre demorando para atualizar. Desculpa!!
A fic ta chegando ao fim porque percebi que tô começando a ficar sem ideias então aproveitem que talvez o próximo cap, seja o último.

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⏰ Última atualização: Jul 21, 2020 ⏰

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