Pensamentos

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Em um lugar distante de seu corpo, mas perto de sua alma, os pensamentos de seu amado atravessavam todas as barreiras que lhe impunham. Quebravam as regras e depois lutavam contra quem os impedia de estar juntos. Dentre inúmeras batalhas que custavam lhe mais que apenas energia e resistência, em um momento de paz, as mentes dos dois se encontraram em perfeita sintonia, tornando-se, por um momento, uma só.

- Você consegue me ouvir?

- Eu estou fraco, eu sempre fui fraco...

- Não fale isso...

- Quer dizer que acredita que vamos sair dessa?

O silêncio entre os dois, pela primeira vez, foi totalmente legível.

- Nós fizemos tudo o que podíamos.

- Não foi o suficiente, já que nossa vida sempre dá errado.

- Nós conquistamos muitas coisas, só está sendo mais difícil do que é para a maioria.

- Nós temos uma filha, e não vamos vê-la crescer, ela provavelmente vai morrer que nem nós vamos

- Sua irmã cuidou disso.

- Nós pensávamos que estávamos preparados, e agora estamos presos, sem escapatória.

De novo, o silêncio imperou entre os dois. Não estavam brigando, mas suas mentes cheias de ânsias não os permitiam ter uma conversa ou expectativas normais.

-... então, isso é uma despedida?

- Temo que seja. Eu nem sei como estou falando com você.

O suspiro de um incrivelmente foi sentido pelo outro, que era corroído pela saudade apenas de lembrar da presença de seu amado.

- Eu sempre gostei de observar você. Na escola eu seguia você de longe só para ficar lhe encarando de costas.

A risada ecoou levemente, fazendo com que um esboço de sorriso invadisse sua cara.

- Vamos, me conte um segredo seu também.

Dessa vez, o silêncio não foi compreendido por nenhum dos dois, o que já servia para explicar muitas coisas.

- Antes de te conhecer, eu não sabia muito bem o que esperar de minha vida. Não tinha expectativas, você foi minha segunda chance, tudo o que passou... eu me inspiro em você...

Não tão longe dos dois corpos, mas quase irreconhecível para suas almas, uma aura descrita no mínimo como asquerosa, observava a conversa dos dois, refletindo o porquê de tê-los colocado nessa situação, mas não a compreendia, pois não falava a língua do amor.

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