shawn mendes P.O.V
— Mas e então, platinada... quantos anos você tem? — questionei, tanto porque estava realmente interessado em saber mais sobre ela, quanto porque se eu ficasse quieto, o clima ia ficar estranho, obviamente, depois do ocorrido. Precisava preencher este silêncio constrangedor urgentemente, e confesso que essa foi a primeira pergunta que passou pela minha mente.
— Faço 17 anos em dezembro. Se você parar pra pensar, está perto. E você? — ela respondeu, enquanto eu a ajudava a pegar uma caixa cheia de estrelas grandes de isopor, numa prateleira alta.
— Bom, eu já tenho 19. Estou no último ano, né... e tive que fazer um ano extra ainda de colégio aqui neste país, quando cheguei do Canadá, pois nossas grades são muito diferentes.
— Uh, entendo. Que azar, então! Mas duvido que você preferiria o meu histórico escolar: escola nenhuma, até 16 anos — comentou ela, enquanto analisava se valia a pena pegar todas aquelas estrelas.
— Você foi educada em casa até agora mesmo? Por que fizeram você estudar desse jeito? Me surpreende até que você ainda tenha uma amiga nesse mundo... — respondo ofegante, pois estava arrastando um cavalo de madeira, quase em tamanho real. Sério, por que esta escola tem essas coisas? Eu aceito as estrelas de isopor, mas um CAVALO fake já é demais!
— Hey, eu tinha uma vida social ainda assim, ok? E estudei em casa porque meus pais são conhecidos também, minha família inteira seguiu esse ramo artístico, e eles pensaram em me proteger. Além disso, eu tinha mais dificuldades do que o resto das crianças para me concentrar e, consequentemente, para aprender. Agora já tenho mais autocontrole e responsabilidade pra responder pelos meus atos e me esforçar pra seguir o ritmo de vocês da escola normal...
Naquele momento, lembrei do meu passado. Do meu pai. De tudo o que desisti para cuidar da minha família. Troquei a música pelo esporte. Troquei meu sonho, pela chance de uma faculdade monótona. Isso tudo me fez pensar no quanto eu e a platinada éramos realmente opostos, até nisto: ela teve todo o apoio da família para sonhar, e eu, não. Na verdade, eles que incentivaram, financiaram tudo, e ficariam até chateados se a filha não seguisse por esse ramo. Já eu, nem tive escolha, minha "família" determinou meu destino... ou melhor, o "cara que doou suas informações genéticas para me gerar", porque não posso nem chamá-lo de "pai", quem dirá de "família". Mas eu não reclamo, desde que eu faça minhas mulheres, mãe e irmã, felizes.
— Shawn? — desperto dos meus pensamentos com a voz da platinada chamando pelo meu nome. Percebi que não havia respondido nada, e estava parado numa mesma posição.
— Oh, entendi. Sua família também é artística, que legal... você deve ter tido muito apoio — respondo, mas não pude evitar um tom de voz mixuruca.
— Tá tudo bem? Você ficou olhando fixamente pro nada, sem piscar e sem falar... foi algo que eu disse? — ela questionou, se aproximando de mim.
— T-tá tudo bem, claro! Só estava pensando numas coisas... você vai aprender que comigo não tem tempo ruim, não! Hahahaha — retomei minha consciência.
— E você quer enganar a quem? Eu sou muito sensível, sabia? Percebi só pelo astral que você mudou, então desembucha!
Pensei um pouco. Contei a ela que queria ser músico também, numa época, mas não dei detalhes da minha família e nem de nada da história.
— Ué, e por que não quer mais? Você é jovem, ainda dá tempo — ela parou de falar por um instante e olhou pras minhas mãos — e... também... suas mãos são... grandes. Parecem mãos de quem toca violão desde criança, estou certa?
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Fanfic[[[autora desesperada: ME DEEM UMA CHANCE, EU FAREI O TEMPO DE VOCÊS VALER A PENA ]]] Aquela em que Billie Eilish Pirate Baird O'Connell, cantora no início de seu estrelato, e educada em casa por toda a sua vida, vai para uma escola real (pela sua p...