Millie: "I won't give up." [reform. 2024]

65 8 0
                                    

11 horas depois

Abri a porta sentindo meu coração disparar. A roda da minha mala dançou da madeira no chão da varanda para o porcelanato bege do piso da sala. Finn vinha logo atrás de mim, esperei que ele fechasse a porta.
- Tem certeza disso? - perguntei olhando para Finn sobre meu ombro.
   - Acha cedo demais? - ele me encarou com os olhos enormes - Se quiser desistir, dirijo de volta.
Larguei minha mala e me apoiei em seu puxador.
   - Eu estou certa do que eu quero. - respondi - Mas só se você também estiver.
    - Ah, meu Deus! - exclamou ele - Você acha que vai me incomodar? Não! Pelo contrário.
   Sorri pra ele e caminhei levando a mala comigo. Parei na base das escadas e esperei ele chegar ao meu lado.
- Seu pai sabe disso?
   - Vou contar em breve. - disse parecendo confiante, mas eu sabia que meu pai não gostava dele, e agora gostava menos ainda - Nele eu dou um jeito depois.
- Ele vai odiar!
 - Não tem nada demais em eu vir morar com o meu namorado. - dei de ombros e subi os degraus.
- Senhorita Brown, você é durona.
Ri, as gracinhas dele sempre me faziam rir, desde que éramos crianças. Isso nunca mudara.
   Assim que me vi de pé na porta do quarto, mordi meu lábio inferior. Meses antes, eu nunca me imaginaria no mesmo quarto que Finn.
Ele deu um impulso para que eu entrasse, e então o fiz.
   - Meu closet é seu, fique à vontade. - pediu ele - Você pode guardar suas roupas junto com as minhas, ou... O que foi?
Balancei a cabeça imaginando que talvez minha expressão de insegurança estivesse transparecendo.
   - Não acha estranho? - indaguei - Pouco tempo atrás seu closet estava cheio de roupas de outra mulher e agora as minhas vão tomar o lugar das dela.
    - Millie. - ele se aproximou - Ela não está mais aqui, nem ela nem as coisas dela. Deixe a Candace de lado, por favor.
   - Eu só não consigo parar de pensar que estariam casados agora se eu não tivesse entrado na vida de vocês como uma bisbilhoteira.
   - Você não tem culpa nisso. - ele levou as mãos para o meu pescoço e acariciou meu rosto com os polegares - Eu a traí, eu dei o último passo, mas agora acabou. Ela não está mais aqui.
Assenti enquanto ele se preparava para me beijar. Não durou mais que meio segundo, mas os nossos lábios sabiam conversar bem.
- Chegamos de uma viagem longa, vamos tomar uma ducha e descansar um pouco. - disse ele com as mãos em meus ombros agora - Amanhã pensamos nas nossas preocupações.
Assenti novamente levando minha mala até a cama de Finn.

**

Tinha me deitado ao lado de Finn e havíamos conversado até ele dormir. Eu gostava de observá-lo pleno em seu sono entorpecedor, mas eu não estava me sentindo muito bem nem para isso hoje. Eram 2 da manhã agora e eu mal tinha cochilado, mesmo sabendo que devia dormir, me levantei rumo à cozinha. Fui beber um copo d'água e quando retornei para o quarto, peguei meu telefone e liguei para Paige. Deve ter chamado cerca de 6 vezes até ela atender.
- Millie? - sua voz de sono entregava que eu a tinha acordado.
- Desculpe pela hora. - encostei a porta do quarto e comecei a perambular pelo corredor - Mas precisava falar com alguém.
- O que houve? - perguntou ela - Está com problemas?
- Mais ou menos. - respondi - Lembra que eu te contei aquela coisa de vir morar com o Finn?
- Sim.
- Bem, eu estou aqui, mas não está sendo tão bom quanto achei que seria.
- Como assim, Millie? - sua voz parecia um pouco confusa, fazia sentido já que eu vivia confundindo todo mundo - Achei que estivesse adorando a ideia de ir morar com ele. Não o ama mais?
- Não é isso. - balancei a cabeça espiando ele ainda desacordado na cama pela greta da porta - Eu o amo mais que tudo, mas me sinto estranha aqui, sinto que roubei o lugar da ex dele.
- Você não roubou o lugar dela, Millie. - respondeu ela tentando me acalmar - Pare com essas paranoias!
- Eu não sei... Ela esteve nesta casa por mais tempo do que eu. - me virei de costas para porta e cruzei os braços - Talvez demore a me acostumar com esse lugar, é uma casa linda, mas parece que em todo lugar eu vejo a Candace e isso é desconfortável. Não sobrou nada dela aqui, mas ela já esteve aqui. Eu mal consigo me deitar na cama de Finn sem pensar que ela já esteve ali.
- Ok, você está me assustando agora. - revelou ela - Devia falar isso com ele.
- Eu pretendo, mas como posso explicar que "sinto" a presença dela aqui? - passei a mão pelo pescoço - Isso é papo de espírita.
    - Que tal tentar distrair a cabeça um pouco, precisa esfriar os neurônios. - aconselhou ela - Ouça um pouco de música até ficar com sono, veja uma série... Você tem um compromisso importante mais tarde. Precisa se concentrar, me ouviu?
- Sim, ouvi.
    - O Finn te ama, então sossegue aí e pare de pensar na ex dele.
    - Você está certa, tenho que focar no meu trabalho que começa pela manhã. - assenti doentiamente tentando convencer eu mesma a aceitar aquilo - Eu só precisava desabafar um pouco.
- Desabafe o quanto quiser, irmã. - disse ela - Todo casal passa por fases estressantes. É questão de tempo, daqui a pouco vai se sentir à vontade. Confie em mim.
- E o John? - quis mudar de assunto para tentar parar de pensar nisso - Voltaram a se ver?
    - Bem, ele esteve aqui na segunda. - respondeu ela - No dia que eu o botei pra fora, as coisas dele ficaram aqui. Ele veio buscar tudo e vamos assinar o divórcio dentro de 30 dias.
    - Sinto muito, Paige.
    - Eu não. - a voz dela era tão fria ao falar daquilo, se tinha uma coisa que os Brown tinham em comum era a frieza quando se tratava de certos assuntos - Gastei 5 anos da minha vida com aquele homem só pra ele me trair com a melhor amiga em um dia. Eu sinceramente estou me sentindo livre assinando essa merda logo.
- Fico feliz que esteja melhor sem ele.
- Vamos fazer o seguinte, vou te ajudar com esse transtorno, a energia pesada desta casa. - contou ela - Depois de amanhã vamos dirigir pela cidade como nos velhos tempos e fazer umas compras, parar no Starbucks ou em qualquer lugar. Dia das mulheres.
- Pra mim está ótimo! - sorri - Vai ser bom termos um dia só nosso, estou precisando disso. - admiti - Esteve com nossos pais? Charlie, Ava?
     - Estive lá ontem. - respondeu ela - Estão todos bem.
     - Nosso pai falou algo?
     - Já sei aonde quer chegar, Millie. - eu sabia que ela logo captaria o que eu estava prestes a dizer - Papai precisa saber que está morando com o Finn, pois não vai demorar pra ele saber que a casa está vazia.
- A casa vai ficar parada por um tempo. - disse - Ava será a próxima proprietária. Poderia ser o Charlie, mas ele só pensa em jogar vídeo game e não quer largar nossos pais.
     - Vou dar um jeito nele, escreva o que estou te dizendo. - o tom mandão dela era uma das coisas que eu não tinha herdado, mas gostava muito quando ela tentava fazer o Charlie fazer algo produtivo em vez de consumir toneladas de porcarias gordurosas e ficar o dia todo na frente daquele monitor, felizmente ele ainda saía por aí às vezes para andar de skate com os amigos - Já o convenci a pedir emprego com aquele amigo da loja de esportes.
- Mas isso é ótimo!
     - É sim. - disse ela - O que o Finn pretende fazer agora que a banda encerrou a turnê?
- Eu não faço ideia, talvez ele procure algum restaurante ou clube para cantar. - disse - Ou vai pedir a ajuda do Nick.
- Não consigo imaginar o Finn em outro trabalho que não envolva música.
     - Nem eu, na verdade. - respondi - Mas sobre o papai, estou pensando em fazer um jantar especial pra contar a ele e tentar uma aproximação entre ele e Finn.
     - É uma boa ideia! Só espero que o papai não deixe vocês sozinhos na mesa dessa vez.
     - Nem me lembre disso. - respirei fundo e me sentei no chão apoiando a cabeça na parede - Acha que consigo convencer ele a vir jantar aqui na casa do Finn sem dar escândalo?
      - Talvez. - disse ela - Posso tentar acalmar a fera hoje, vou mais tarde a casa deles, Ava quer que eu vá à escola dela. É aquela visita anual, onde os alunos levam alguém da família pra falar de trabalho com eles, serve pra inspirar os jovens. Realmente eles vão amar me ouvir falar por quinze longos minutos sobre psicologia, principalmente a parte de eu ser tutora de crianças especiais.
- É um trabalho lindo, Paige.
     - Pois é. - ela consentiu - Essa semana vou ver uma associação aqui perto, se quiser ir comigo.
     - Eu adoraria. - sorri - Melhor eu desligar, está ficando tarde e preciso tentar dormir. Volte a dormir, nos falamos mais tarde quando eu sair do estúdio.
- Ok. - ela bocejou - Boa noite, Millie, vê se dorme bem.
     - Vou tentar. - suspirei - Boa noite, Paige.
Desliguei o telefone e abracei minhas pernas, apoiando o rosto nos meus braços. Eu tinha que fazer um esforço pelo Finn.
Vamos Milllie, você consegue!

_______________________
_______________________

As 11 horas seguintes em que nos encontramos no início desse capítulo é referente ao horário de embarque - 1:00am, até o desembarque - 12:00pm.

Algumas informações: os títulos vão ser baseados em músicas; e os capítulos novos (após a conclusão das reformulações) voltarão a ser postados às quartas e sextas (como no cronograma antigo).

Boa leitura :)

True Disaster Second Season [NEW CHAPTERS 2024]Onde histórias criam vida. Descubra agora