A batalha

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Bakugou finalmente havia encontrado um oponente a sua altura, ele podia sentir todo aquele ódio que o consumia, as chamas que percorriam pelas suas mãos diante daquela menina que transmitia um semblante inocente, mas com uma persistência desafiadora. A cada ataque que ele revidava, ela se levantava com um sorriso, não podia negar que estava adorando essa brincadeira de cão e gato.

— Pensei que seria mais fácil — Katsuki se dirigia a pobre menina — Nunca imaginei que você tivesse tanta garra, Uraraka — ele observava a menina se levantar.

Naquela altura, a castanha já demonstrava estar se cansando, os machucados estavam à vista de todos. Tantos ralados e queimaduras pelo corpo, suas roupas estavam com rasgos e sua jaqueta havia estragado, mas Ochako não poderia se render, tinha um objetivo e não iria desistir tão rápido.

— Não tenho medo de você, Bakugou — ela se levantou, jurou que podia ouvir os gritos de motivação dos seus amigos — Estou aqui pelo mesmo motivo que você, Kacchan — o encarava como poucas pessoas faziam — Também quero ser uma heroína.

A menina suspirou e correu em direção ao garoto que a olhava esperando por seu ataque, em uma questão de segundos ele observou pedras caindo do céu em sua direção, não podia negar que aquele ataque surpresa era muito bom. A quantidade de rochas era grande, ela havia acumulado desde o começo da batalha, ele sabia que teria que se esforçar para destruir todas. O loiro levantou os braços e gritou, uma grande explosão e uma luz forte se espalhou pela arena, todos estavam em silêncio.

Bakugou respirou cansado, com certeza aquele foi um dos seus ataques mais fortes, um barulho rápido em sua frente chamou sua atenção. Quando deu por si, a menina estava a um passo de tocá-lo, agora entendia seu plano verdadeiro.

— MALDITAAAA — Katsuki a golpeou fortemente para longe — FINALMENTE ALGUÉM ESTÁ LUTANDO DE VERDADE — sentia seu corpo queimar ainda mais.

Se ouviu uma grande explosão, a arena ficou coberta por poeira e ninguém enxergava nada. No meio de toda aquela terra, podia-se ver uma chama acesa, era ele prestes a dar seu último golpe.

— LEVANTE-SE IDIOTA — ele ordenou — AINDA NÃO TERMINEI COM VOCÊ.

A controladora da gravidade juntou o resto de força que ainda tinha em seu corpo, tentou se levantar devagar, a arena toda estava em silêncio observando toda aquela cena, não podiam negar a garra da mesma.

Ochako se colocou em posição de ataque — Pode vir — pronunciou tão baixos as palavras que mal se podia ouvir.

— Tsc — aquela garota estava realmente o surpreendendo — MORRAA — correu em direção da garota com as mãos pegando fogo, começou a atirar bolas de fogo em direção dela enquanto a mesma se defendia — MORRA MALDITA — foi então que ele a atingiu, a menina caiu no chão, sem nenhum movimento.

Passaram alguns segundos e ela começou a se mexer, tentou se levantar, mas estava sem força. Pela última vez se lembrou de seus pais que provavelmente estavam a assistindo, se levantou mais uma vez e se colocou em posição de ataque.

— VOCÊ NÃO DESISTE MESMO, IDIOTA — o loiro espumou pela boca — QUER QUE EU REALMENTE TE MATE?! — ela não respondeu — ENTÃO VENHA — um sorriso demoníaco estava em seu rosto.

Ochako inalou o ar profundamente, preenchendo todo seu pulmão, deu alguns passos com dificuldades, mas logo caiu, não conseguiu se levantar. Seu corpo doía e ela não conseguia mais manter o foco, sua visão ficou turva e logo seus olhos se fecharam. Ela conseguia ouvir vozes que pareciam estar longe e então, tudo sumiu.

Bakugou observou toda a cena com preocupação, ele não queria que ela desistisse, mas sabia que a castanha estava em seu limite.

Midnight se colocou na frente de Bakugou com a intenção de bloquear o próximo ataque — Essa luta foi realmente impressionante — anunciava o fim da luta — Katsuki Bakugou é o vencedor dessa batalha!

Todos na arena se encontravam em silêncio, tentavam entender o que tinha acabado de acontecer, todos os olhares estavam voltados para Ochako.

Alguns paramédicos chegaram para retirar Ochako da arena, ela ainda se encontrava inconsciente, em um ato impulsivo, Bakugou pegou a jaqueta da menina que estava no chão e se dirigiu até ela.

— Idiotas — ele chamou os paramédicos — Saiam da frente, eu vou levar ela — o garoto pegou a pequena com toda a delicadeza, como se segurasse o bem mais precioso do mundo.

A arena foi à loucura, gritando e batendo palmas, eles haviam protagonizado uma das melhores batalhas e para encerrar com chave de ouro, Bakugou a carregava em seus braços.

Ele a segurava firme, caminhou lentamente até a enfermaria, sentia o cheiro de framboesa adentrar por suas narinas, mesmo depois de toda aquela luta ela ainda continuava com aquele maldito cheiro.

{...}

Midoriya observou toda a luta, tentou anotar o máximo possível os golpes de Ochako e Bakugou. Estava impressionado com a capacidade da amiga, nunca tinha a visto lutar daquela maneira.

Aliás, todos estavam impressionados, os comentários surgiam de todos os lados, até mesmo do professor Eraser.

— Nunca tinha visto Uraraka lutar daquele jeito — Iida comentou impressionado — Aquela menina é uma lutadora.

— Ela deu o seu melhor — Midoriya disse preocupado com a amiga — Queria ir ver como ela está, mas sou o próximo a lutar — seu tom era triste, sua amiga sempre estava lá e no momento em que ela precisava, ele não estaria — Não queria que ela ficasse sozinha.

— Bakugou está lá com ela, eu o vi entrando na enfermaria no caminho para cá — Todoroki quis aliviar o amigo, sabia que a preocupação poderia atrapalhar a luta — Relaxa, ele não vai explodir.

Midoriya e Iida foram se preparar para suas próximas lutas, cada um lutaria com um aluno da sala adversária. Os dois estavam nervosos, Deku ajudava Iida a pensar em uma estratégia.

— Boa sorte, Iida — o menino de cabelo verde desejou ao amigo, ele seria o primeiro a lutar — Dei o seu melhor, você vai conseguir!

— Obrigada, Izuku — parou por um instante antes de ir para a arena — Você também vai conseguir!

{...}

Bakugou observava Ochako, havia um tom de preocupação em seu olhar. Se sentia culpado por ter forçado a barra, talvez ele tenha passado dos limites com ela.

Apesar de estar machucada, com algumas queimaduras e ralados, a castanha tinha paz em seu rosto.

"Não Bakugou, não se sinta assim ... Ela sabia o que estava fazendo e que eu não iria dar brecha — suspirou — Ela é forte, não teve medo de me enfrentar e isso é digno de admiração" - pensava o loiro.

Recovery Girl entrou na sala o assustando — Você não deu mole para ela, hein?! — ela perguntou dando uma risada sem graça — É tão triste quando dois amantes precisam lutar um contra o outro — disse enquanto terminava de fazer alguns curativos na menina — Mas não se culpe, já já ela estará melhor — sorriu gentilmente para ele.

—Você está louca, velha? — Bakugou alterou o tom de voz e ela fez uma cara feia — Até parece que eu vou gostar da cara redonda, ela não tem nada de bonito — ele sabia que estava se enganando — Além do mais, eu estou focado em ser o N°1 e não tenho tempo para isso — tentou mudar de assunto — Quanto tempo ela vai ficar aqui? Quero ir embora.

— Até que ela acorde — respondeu pacientemente — Pode ir, ninguém está te segurando.

"Velha abusada"

— Não vou deixá-la sozinha aqui.

— Ela não estará sozinha, eu estou aqui e tem outros feridos — estava gostando de provocar o menino — Vai ficar bem.

— Tsc — resmungou — Eu não vou deixar ela aqui com gente que eu não conheço — a enfermeira deu as costas e saiu, sem se importar se ele iria ou ficaria.

Ele a contemplava, nunca tinha reparado em como ela é bonita. Isso ia muito além do seu rosto, a regata preta marcava o seu corpo e parecia uma escultura, a cintura fina com seios avantajados e as coxas grossas.

O remorso o consumia cada vez mais, talvez por isso, Bakugou sentiu-se à vontade o suficiente para segurar e acariciar sua mão.

— Espero que você me desculpe, Ochako — abaixou sua cabeça e ficou ali por alguns minutos fazendo carinho em sua mão macia. 

Amor e ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora