Tempo fechado

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O domingo amanheceu com o clima diferente, o céu estava nublado e a brisa gelada, Uraraka adorava aquele tempo, estava perfeito para tomar um leite quente e observar a paisagem pela janela. Ela olhou o horário no celular e se surpreendeu, ainda eram 6:00 horas da manhã, se revirou na cama, mas sabia que não iria conseguir voltar a dormir.

Se levou e foi até ao banheiro fazer sua higiene matinal, voltou para o quarto e colocou um moletom grande de cor azul e meias ¾ brancas, usava um short de moletom curto que não aparecia por conta da blusa.

Não estava preocupada com suas vestimentas, todos estariam dormindo ou até mesmo de preguiça na cama, afinal era domingo e todos tinham o costume de descansar até mais tarde. Foi até a cozinha e preparou um chocolate quente com canela, estava sentindo fortes dores de cólica menstrual.

Se sentou no chão em frente a janela grande de vidro e observou a chuva cair, ela adorava fazer isso, gostava de sua própria companhia, se sentia bem e sempre usava esse momento para refletir.

— O que está fazendo acordada a essa hora, cara de lua? — a voz do loiro a tirou de seus devaneios.

— Ah ... Bom dia para você também — sorriu timidamente para ele — Eu acordei e não consegui voltar a dormir, cheguei à conclusão que o tempo está perfeito para um chocolate quente com canela — mostrou a xícara para ele — Tem mais no caldeirão, se você quiser.

Isso era uma das coisas que Katsuki gostava em Ochako, ela conseguia manter o bom humor até mesmo as 6:30 da manhã e mesmo ele perguntando de um jeito ríspido, ela o respondia com toda calma e delicadeza do mundo.

— Chocolate quente com canela? — perguntou curioso — Tsc, essa é nova — resmungou.

— Experimente, você vai adorar — incentivou.

— Dá essa merda aqui — deu um gole — Até que não é tão ruim, mas por que você colocou canela? — aquilo deixou ele curioso.

— Ah, estou com um pouco de cólica — deu de ombros — Canela sempre alivia um pouco — voltou a fitar a paisagem.

— Você gosta desse tempo? — ele perguntou olhando pela janela também.

"Por que eu estou tentando puxar assunto com essa bochechuda?"

— Só quando posso ficar de preguiça em casa — sorriu de lado — E você?

"É claro que ela gosta, tão clichê"

— Odeio — revirou os olhos — Me deixa mais fraco e eu me sinto impotente.

Ele não estava se exaltando, não falava com grosseria e nem a xingava. Talvez isso fosse algo estranho para ele, ela não o pediu para abaixar o tom e nem controlar a língua, a menina apenas lidava com o jeito dele e ele lidava com o dela, se sentia à vontade com ela.

— Isso é bem ruim para quem vai ser o próximo n°1 — disse sem tirar os olhos da paisagem.

Ele a olhou incrédulo, nem acreditava que ela realmente tinha dito aquilo — Você acha mesmo que eu vou ser o próximo n°1?

— E você não acredita nisso? — os olhares se encontraram — Se você não acreditar, ninguém vai, Katsuki — sorriu — Eu tenho certeza que você pode chegar lá, é tudo o que você mais quer ... — suspirou e tomou coragem — Mas Bakugou, não se torne menos humano para alcançar seus objetivos — disse receosa — Ser o primeiro não significa ser o melhor em tudo

Ele a encarou por alguns segundos, não entendeu o que ela quis dizer com aquilo, afinal você estar em primeiro significa ser o melhor. Pensou em perguntar a ela, mas sentia que aquilo era algo que deveria descobrir sozinho.

— Ochako ... — suspirou — Obrigada.

A menina sorriu tímida para ele, não era do feitio dele agradecer — Katsuki, eu sei que não somos próximos, mas você pode contar comigo — seu tom era sincero, sabia que todo mundo precisava de um amigo de vez em quando.

— Digo o mesmo — deu de ombros — Ainda mais você que chama aqueles idiotas de amigos, são tão amigos que nem confiam na sua capacidade — praticamente cuspiu as palavras na menina, percebeu que aquilo tinha a chateado — Porra cara de lua, você merece amigos melhores e que te incentivem — deu uma cutucadinha de leve — Por isso quero que você treine comigo, depois vai mostrar pra todo mundo como é fodona — sorriu malicioso.

— Oh — ela ficou surpresa com aquela revelação — Eu vou treinar com você, Katsuki — sorriu, mas no fundo se perguntava se era a coisa certa a ser feita.

— Você não vai se arrepender — sorriu — Vai ficar fodastica.

Os dois ficaram alguns minutos em silêncio, não era um silêncio constrangedor, mas sim um silêncio reconfortante. A chuva caia gerando um som bom de se ouvir, estava ficando mais frio e Uraraka se arrependia de não ter colocado uma calça.

— Você deveria ter colocado uma calça — resmungou o menino — Essas meias não vão te esquentar o suficiente

A menina pode sentir seu rosto pegar fogo, Bakugou estava reparando nela e especificamente em suas pernas — É ... Eu ... eu não achei que fosse ficar tanto tempo aqui embaixo — mal conseguiu responder de tão envergonhada que estava — Eu achei que só fosse tomar o chocolate quente com canela e voltaria para o quarto.

— E eu te atrapalhei? — provocou a menina — Pode ir se quiser — fingiu se levantar.

Ochako o segurou pelo punho e o impediu — Mas é claro que não, foguetinho — riu — Senta aí, podemos continuar conversando sem problemas, se você quiser, é claro — riu da expressão dele ao ouvir o apelido.

— Cara de lua, a próxima vez que me chamar de "foguetinho" — disse fazendo aspas com os dedos — Eu vou explodir sua cara.

— Calma, calma foguetinho — riu mais ainda — Eu não tenho medo de você como os outros — deu de ombros.

Ficou impressionado com a declaração da pequena, muito mais destemida do que os outros e ainda a julgavam como "frágil" — Tsc — resmungou — Só não te vou te explodir porque meu poder está fraco.

Eles passaram a manhã inteira conversando ali, sobre o tempo, seus hobbies, a castanha contou sobre sua família e como queria ser uma heroína top 10 para os encher de orgulhos. Bakugo a ouvia atentamente, não era como os outros que ele só fingia estar interessado, reparou em como aquele tom de azul caiu bem sobre ela e como estava à vontade com a presença dela, era algo que facilmente ele poderia se acostumar a fazer e a ter por perto.

{...}

— VAMOS MENINAAAS — Mina gritava ao pé da porta — Vamos nos atrasar — já estava impaciente.

— Tsc — Bakugou resmungou — Não sei porque se arrumam tanto, vocês só vão ao mercado.

— Nós nos arrumamos tanto — a castanha disse saindo do elevador — Porque nunca sabemos quando vamos encontrar o amor da nossa vida, as vezes pode ser na fila do mercado — deu de ombros sorrindo — Vamos?

Bakugou estava encantado pela menina, se perguntava como não tinha reparado nela antes — Tsc ... não vai arrumar nada não — resmungou sem pensar.

— Tá com ciúmes, Katsuki? — Mina perguntou provocando e deixando Uraraka vermelha.

— Vamos logo, Mina — a castanha empurrou a menina, queria evitar mais constrangimentos.

Amor e ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora