Daath, o pai, começou avançar pela sala com mãos no bolso. Novas explosões de luz e outras criaturas surgiram. Eram trolls enormes, com pele cinzenta e muitos músculos. Portavam imensos machados, clavas e marretas.
A música parou de tocar e todos encararam os estranhos invasores, que conseguiam fazer a proeza de serem mais estranhos que os convidados.
– Uma festa. Muito bem – falou o homem de preto, com sua voz grave.
O Senhor do Mal se levantou da escada e se aproximou dele. Fitando-o com seriedade.
– Olá, pai.
– Saudações meu filho, vejo que nessa maravilhosa noite você decidiu festejar – começou a falar Daath. – Por que será que não quis me convidar?
– Poupe-me de seus floreios, pai. Eu sei que veio aqui para me tentar levar de volta, mas eu não vou voltar.
– Não seja tão simplório, Ex-Senhor do Escuro. Primeiro eu lhe darei a maior surra da história. Só então eu te levarei.
– Não creio que isso ira acontecer.
O pai sorriu, com seus dentes muito brancos, em seguida se virou para os seus lacaios e acenou.
– Matem todos os convidados!
Os monstros avançaram. Prontos para matar quem estivesse no caminho.
– Ceifeiros! – convocou o Mestre do Escuro e três sombras apareceram. Usavam capuzes negros, e a manta que lhes cobria o corpo parecia uma mortalha. Carregavam imensas foices. Bloquearam o caminho dos invasores.
Um duelo começou. Ceifeiros contra os trolls. Os convidados gritaram assustados, tentando fugir. As fadas tentaram abrir um portal para escapar, mas descobriram que sua magia estava bloqueada.
Um dos ceifeiros foi acertado no peito com uma clava cheia de pregos, caiu no chão e começou a queimar em chamas verde esmeralda, até desaparecer.
Um outro ceifeiro passou a foice no pescoço de um troll e a cabeça dele rolou pelo chão da sala, marcando o tapete com um rastro de sangue escuro.
Uma clava cheia de prego atravessou a sala voando e acabou cravada na cabeça de um ceifador, que logo caiu derrotado.
O terceiro e último ceifeiro cravou sua foice na testa de um troll, sem seguida descreveu um arco com a foice que quase decapitou outro, mas este troll foi mais rápido e atravessou seu corpo com uma espada. O ceifador se consumiu em chamas.
No final havia sobrado quatro trolls cinzentos e nenhum ceifeiro.
O pai deu um sorriso de vitória.
O Senhor do Medo suspirou, impaciente. Começou a fazer complexos gestos com as mãos, e recitar palavras, então o chão tremeu e em uma explosão de luz um anjo apareceu. Tinha as vestes negras e pele branca como mármore. Seu rosto não tinha expressão nenhuma.
Os trolls cinzentos ficaram tensos ao vê-lo. O anjo estendeu a mão, que emitiu um brilho prateado e os monstros viraram pó.
O sorriso sumiu do rosto de Daath.
– Chega de brincadeiras – falou ele e ajeitou o terno. – Guarde seu brinquedo e vamos conversar.
O Anjo da Morte desapareceu.
– Você já me desapontou muito meu filho. Tem certeza que quer medir força comigo?
– Te desapontei? Eu fiz escolhas. Só por ela não entrar de acordo com o que você julga ser o certo, eu estou errado?
– Você vem de uma família muito antiga. Tão velha como a própria vida. Bilhões de anos se passaram e cada um de nós cumpriu sua função com maestria. Por que deslocar uma linha reta?
– Acho que nós filhos, mais cedo ou mais tarde, sempre acabamos decepcionado nossos pais.
– Por que você foi fazer isso, meu filho?
– Por que eu estava cansado. Por milênios foi a mesma existência. O lugar comum. Uma vida que nós dedicamos a fazer algo que não queremos não é uma vida que valha pena ser vivida.
– Bom, chegou a hora de pagar pelos seus erros. E quando eu acabar é provável que você nem tenha mais uma vida para viver.
– Conversaremos em um lugar mais propício.
Eles desapareceram em um feixe de luz.
Foram parar em um lugar sombrio, onde não havia chão e nem tão pouco teto. Eles flutuavam no nada. Muito longe centenas de milhares de luzes brilhavam, em incontáveis cores. Verdes, azuis, vermelhas e prateadas. Eles não estavam no espaço. Estavam em lugar nenhum. Cada uma daquelas luzes representava um mundo diferente. As que brilhavam menos eram os mundos que estavam morrendo. Quando a luz se apagasse o mundo morreria definitivamente.
– Você me trouxe aqui para o nosso duelo não destruir o planeta Terra. Muito esperto.
– Não exatamente – respondeu o filho. – Eu queria lhe mostrar isso.
Ele enfiou a mão dentro do próprio peito e de lá tirou uma esfera negra, porém reluzente.
Quando Daath viu a esfera sua expressão mudou imediatamente. Uma sombra de duvida e incredulidade surgiu em seu rosto.
–Isso é o que eu estou pensando? Você não ousaria.
– Sim, eu ousaria – disse o filho. – Enquanto meu amigo preparava a festa eu conversei com o Universo e lhe pedi poder. Um acordo foi firmado. Agora eu superei seus poderes. Todo o poder de uma galaxia na palma de minha mão. E aí, ainda vai querer duelar?
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O Senhor das Trevas Não Vem Trabalhar Hoje [Completo]
FantasyEle é a encarnação de tudo o que é mal. Também conhecido como Senhor das Trevas, Mestre da Escuridão, Portador do Caos, Agente da Destruição, entre tantos outros nomes. E ele está muito infeliz com a vida que anda levando. Então decide se mudar par...