PROVA DO DESTINO / LIVRO 1

Capítulo 10

Luís Filipe não conseguia tirar a imagem de sua assistente da cabeça.

A beleza de Luciana tinha despertado a sua atenção, e isso levantou sentimentos a muito esquecidos.

Mas quando pensava em dar um passo, ele lembrava de Mirella e mudava de ideia.

Mirella foi a sua primeira namorada e quase noiva.
Antes disso, eles tinham trabalhado juntos na criação da Fibra mas Mirella era ambiciosa demais e desistiu da relação indo embora com mais da metade do dinheiro investido.

Filipe confiou nela e foi traído, roubado sem piedade.
Jurou nunca mais se envolver com alguém que trabalhasse directamente com ele, mas ao ver Luciana e seu lindo sorriso, começou a ter dúvidas.

- Licença Sr. Filipe.
Posso servir um lanche enquanto espera que chegue o seu pai?

- Sim por favor Bruna.
Mas ele não ficará para o jantar.

- Claro senhor..
Licença.

Luís Filipe não falava com o pai a 7 anos.
Após a morte de sua mãe, ele cortou relações com o pai, pois o culpava do sucedido.

Maria Menezes cometeu suicídio por não suportar as infidelidades do marido.
Ela tomou um frasco inteiro de veneno de ratos, e só foi encontrada dois dias depois, pois para o acto escondeu-se na cave.

Antes mesmo de terminar o seu lanche a campainha tocou.
Luís Fernando Menezes pediu ao filho que o recebesse, pois tinha algo de extrema importância para lhe dizer.

Filipe apenas concordou porque Bruna intercedeu.

- Luís Fernando.
Seja bem vindo.

- Olá Bruna.
É tão bom te ver.

- Igualmente.
O que houve com você?

- Já saberás.
Cadê o Filipe.

- Na sala.
Entre por favor.
Já levo alguma coisa para comeres.

- Obrigado.

Luís Fernando foi até à sala onde o filho o esperava.

- Olá filho.

- Papai.
Seja bem vindo.

- Obrigado.
Vejo que estás bem.

- O senhor não veio para saber da minha saúde.

- Não.
Claro que não.
Mas trata - se da minha.

- Como!?

- Eu estou muito doente filho.
Tenho pouco tempo de vida.

Chocado com a notícia Luís Filipe sentou.

- Pai... O senhor não está mentindo?

- Claro que não.
Sabia que ficarias com dúvidas.
Podemos ir a um médico de tua confiança.

- Não será necessário.

- Filho! Não posso morrer sem ter o teu perdão.

- Eu não sei se estou pronto pai.
Não sei.

- Luís Fernando.
Coma alguma coisa por favor.
Pareces uma múmia.... - Bruna entrou com uma travessa recheada de sandes, bolos, suco, água e outras delícias.

- Obrigado Bruna.
Comerei tudo.

- O senhor tem onde ficar?

- Estou com a tua avó.

- Entendo.
Ela sabe da sua condição?

- Sim sabe.
E mesmo magoada me recebeu.

- Ela é a sua mãe.
Não seria diferente.

- E você filho?
Vais tentar me perdoar?

- Eu tenho que pensar.
Não quero ser pressionado.

- Claro filho.
Quando tomares uma decisão, estarei com a tua avó.

- Certo.
Coma a vontade.
Eu tenho que trabalhar.

Luís Filipe foi ao seu quarto.
Ainda tinha muita mágoa do pai, mas ao lembrar de sua mãe, sabia que o devia perdoar.

Ela não suportou, mas sempre quis que ele amasse seu pai.

Luís Filipe deitou na sua cama e chorou.... Estava confuso, e precisava desabafar com alguém.

Mas, não sabia em quem confiar.