Acompanhe a história de Chapéuzinho Marrom, prima da Chapéuzinho Vermelho.
A menina de apenas onze anos é encarregada de levar uma cesta com guloseimas para a avó que mora longe e ainda tem que lidar com o Lobo Mau querendo devorá-la.
Chapéuzinho te...
O Lobo se apressou e correu até a casa da vovó de Chapéuzinho Marrom, bateu na porta assim que chegou e esperou por uma resposta da velhinha.
– Quem é? – Perguntou a pobre velhinha.
– Sou eu, Chapéuzinho Marrom. Eu trouxe pão, manteiga, bolo e frutas! – Disse o lobo, disfarçando a voz grossa.
– Ah, que gentileza! Empurre bem a porta para entrar. Eu não tenho forças para ir aí abrir. – A pobre inocente acreditou.
O lobo entrou na casa, foi até a cama da velhinha e a prendeu no armário para comer mais tarde. Ele aproveitou e vestiu as roupas dela e se aconchegou na cama da vovó.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Chapéuzinho Marrom estava enfurecida com tamanha audácia daquele lobo safanão, bateu a poeira da roupa e se colocou no caminho para a casa da vovózinha.
– Mas que voz é essa do além? – Se questionou Chapéuzinho. – Agora entendo o porquê da minha prima ter ficado tão convencida sobre si, deve ter se sentido o máximo por conseguir lidar com tudo isso! – Esbravejou a garota. – Pare já com isso, seu charlatão! – Gritou olhando ao redor, sem perceber o quão ridícula a cena era.
A garota pareceu se tocar sobre a cena desnecessária que estava fazendo e seguiu o resto do caminho em silêncio.
Quando a Chapéuzinho Marrom chegou na casa de sua avó percebeu que a porta estava aberta, então foi logo entrando e indo até o quarto.
Chapéuzinho sentiu uma forte sensação de que algo não estava certo assim que adentrou o quarto de sua vó, a garota não deu atenção, pensando ser apenas um mal entendido.
– E quem é você para dizer o que eu estou ou não sentindo? Seu charlatão! – Ela grita ao entrar no quarto de sua avó, aqui vemos como ela não tem modos e é uma malcriada. – Charlatão! – Ela repete mais uma vez a única palavra ofensiva que conhece. – Estou tentando ser family friendly, sabe o quão difícil isso é para mim? – Chapéuzinho Marrom, de apenas onze anos, completa.
– Bom dia! – disse Chapéuzinho Marrom, tentando seguir o roteiro.
A vovó nada respondeu, Chapéuzinho chegou mais perto e percebeu algumas coisas estranhas em sua avó.
– Nossa, como minha prima caiu nisso? Nem pra fazer um cosplay de vovó melhor. – Chapéuzinho reclamou.
– Fiz o máximo que pude! – Diz o Lobo. – Agora fale as famosas frases.
Chapéuzinho pensou por um momento, não sabia se queria dizer as frases. Acabou se deixando ser convencida pelo lobo e começou:
– Nossa, vó, que orelhas grandes você tem! – Exclamou Chapéuzinho, uma verdadeira atriz da Globo.
– É para te escutar melhor! – O lobo respondeu, disfarçando a voz.
– Puxa, vovó, que olhos grandes você tem!
– É para te ver melhor!
– Vovó, que mãos enormes e peludas você tem!
– É para te tocar melhor! – O lobo disse.
– Meu Deus, vovó, que bucho enorme você tem!
– É pra caber a comida melhor!
– Mas vovó, que voz grossa você tem!
– É pra cantar melhor!
– Vovó, que-
– CHEGA! – Exclamou o lobo. – Fale logo sobre o tamanho da minha boca e vamos terminar com isso de uma vez por todas!
– Nossa, vovó, que pressa que você tem! – Ela riu, o lobo não respondeu e bufou furioso. – Uau, vovó, que boca enorme você tem! – Chapéuzinho Marrom finalmente falou.
– É para te comer melhor! – O lobo gritou e pulou da cama, Chapéuzinho saiu correndo e ele tirou uns segundos para respirar de alívio.
Depois ele começou a correr atrás da Chapéuzinho, que corria e gritava por ajuda na floresta.
Um caçador, que por coincidência estava caçando por perto nesse dia, escutou a gritaria e correu para ajudar. Assim que viu que era o lobo ele falou:
– Finalmente encontrei!
O caçador estava atrás desse lobo há muito tempo!
– Pare de contar tudo o que está acontecendo! – Reclamou a garota.
Talvez Chapéuzinho Marrom não soubesse que os leitores não conseguem ver a cena sem que alguém narre.
– Eu narro minhas próprias histórias, seu narrador charlatão! – Gritou e bateu no vento, achando estar batendo em alguém. – Quanta asneira para um só dia! – Reclamou por fim.
O caçador se posicionou no meio do lobo e da Chapéuzinho, impedindo assim que ele atacasse a pobre garota.
– Caça aos animais é proibido aqui, senhor caçador. – Avisou Chapéuzinho Marrom. O caçador não deu ouvidos e capturou o lobo mau, salvando Chapéuzinho Marrom, que respondeu agradecida:
– O caçador da história da minha prima era melhor. – Bom... Pode não parecer, mas por dentro ela agradecia ao caçador por ter salvo sua vida.
– Agora só precisamos abrir a barriga dele e tirar a minha vovó de dentro. – Chapéuzinho respondeu tirando um canivete do bolso de sua capa.
– Nada disso, Chapéuzinho Marrom! O Lobo não comeu sua avó, escondeu ela em algum lugar!
– Muito family friendly. – Chapéuzinho reclamou e revirou os olhos.
– Onde escondeu a velhinha, Lobo?
– Não direi! – O lobo disse, ele não queria contar que havia escondido a pobre vovó no armário.
– Vamos tirar ela do armário! – O caçador, que ouviu o narrador contar o esconderijo do lobo, disse.
Os dois foram até a casa da vovó e tiraram ela do armário.
– A vovó finalmente saiu do armário! – Exclamou Chapéuzinho, indo abraçar a avó.
O caçador levou o lobo para um lugar bem distante para que ele não machucasse mais ninguém, Chapéuzinho Marrom ficou triste pelo fim de sua história mas ainda assim aceitou se juntar à vovó e o caçador para comer o pão, a manteiga, o bolo e as frutas que ela havia levado.
Ela ainda parece não ter aprendido a lição e continua sendo a mesma menina malcriada de sempre, mas pelo menos uma coisa ela aprendeu com tudo isso:
"Não podemos fugir do roteiro."
E o que isso significa? Nem mesmo ela sabe!
Moral da história:
"Não sei e não me interesso em saber. Tchau, senhor Lobo!"