Ódio Equestre

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                         ~ Mavis ~
     Depois de cinco ou seis voltas pelo mercado ouvindo a Sra. Tribufu reclamar, Mavis decidiu se afastar um pouco do grupo, somando isso ao fato de que se sentia uma espécie de aberração sempre que andava junto a irmã. Fingiu estar interessada em frutas, peixes, bijuterias, tudo para despista-los.
     E ela iria descobrir que isso daria certo até demais, mas especificamente seria o início de todos os seu problemas.
     Ela deixou que eles caminhassem a sua frente e os observava de longe, mas acabou se distraindo quando uma uma multidão de pessoas passou por ela e naquele momento Mavis as perdeu de vista. Nem Maevi, Mary, James ninguém... Certo, estou perdida Pensou ela olhando para todos os lados, mas ela manteve a calma, não saia muito de casa mas sabia se achar.
     Uma ideia perigosa lhe passou pela mente, não tinha ninguém para impedir agora, ela estava sozinha e se, aproveitasse esse tempo, a quanto tempo não ficava sozinha, e ainda por cima tinha um pouco de dinheiro, parecia que a sorte sorria para ela finalmente. Podia comprar algumas ervas ou raízes, velas, fazer uma ritual a Deusa Mãe, qualquer coisa que lhe proporcionasse sentir a magia bruta que corria em suas veias com mais intensidade, se conectar com um mundo repleto de uma energia que os outros ao seu redor não podiam sentir, ela já sentia o corpo inteiro vibrar... Não! Ela reprimiu o pensamento seu pai disse que deveria esperar, só por algumas luas.
- Irei achar os outros. - murmurou consigo mesma.
     A rua do comércio era uma rua bastante larga que se estendia até a parte mais humilde da cidade, ladrilhada com blocos de pedra cinzenta, era contornada por casas igualmente sem cor, por mais que adorasse a sua cidade ela odiava a sua falta de verde, nem uma flor, nada, tudo sem graça, as ruas sempre estavam envoltas em neblina e o ar carregado com o cheiro do mar, por isso a chamava carinhosamente de Cidade das Pedras. Mas ainda assim em algumas barracas podia se encontrar um pouco de verde, desde flores a ramos, outras vendiam animais, fósforos, chaleiras, e nem sinal de sua família, eles poderiam estar em qualquer lugar! Ela desceu mais a rua chegando a parte mais movimentada, as pessoas gritavam anunciando seus pescados e outros produtos, havia gente de todos os lados possíveis fazendo de Mavis só mais um pontinho na multidão. Mas de repente os gritos pareciam mais estéticos, a correria ficou mais intensa, ela se manteve alerta enquanto algo grande e pesado abria caminho pela multidão. Ela não estava entendendo nada e quando finalmente tudo se esclareceu ela julgou ser tarde demais.
     Mavis ficou paralisada, ela queria ter corrido mas suas pernas não se mexeram. O garanhão relinchou agressivo, avançando em sua direção como uma bala, ele empinou, com as patas dianteiras prontas para esmaga-la, quando o cavalo deu a primeira parada ela apena fechou os olhos, não conseguia pensar em nada, a pata do animal atingiram a sua perna direita de raspão, mas foi o suficiente para derruba-la no chão com o ruído de tecido se rasgando. O cavalo estava decidido a pisotea-la, com as patas desta vez posicionadas para um golpe perfeito. Mãe Terra é o meu fim!
     Mais rápido do que a garota fosse capaz de raciocinar, um homem tomou suas rédeas, puxando o animal com força para a direita as patas do cavalo colidiram com o chão pedregoso com um estrondo bem ao lado da garota. O cavalo tentou passar por cima do rapaz que ágil desviou de uma bela dentada, ele estendeu as mãos e foi se aproximando aos poucos do cavalo que lentamente se conteve, quando achou que já era seguro tomou as rédeas com firmeza e se dirigiu a Mavis.
- Você está bem? - disse se inclinando sobre ela - Está machucada?
     Ela ainda estava paralisada todos na rua a estavam a encarando horrorizados, certo tudo aquilo havia acontecido tão rápido mas felizmente não passara de um susto. Certamente se fosse Maevi em seu lugar ela teria dado um escândalo com o rapaz do tipo : " Seu bastardo estupido se não sabe cavalgar nem tente! "
     Ele a olhava preocupado quase sem piscar e só aí Mavis reparou no quão lindo era o seu suposto herói, e sentiu menos vontade ainda de gritar com ele.
     Ele era bonito, os cabelos lisos estavam bagunçados eram escuros como a barba rala no que crescia no rosto, seus olhos eram exatamente da mesma cor de âmbar, eram tão lindos que ela simplesmente não conseguia desviar o olhar. Ele usava um colete azul por baixo do frock coat do mesmo tom das luvas pretas e uma camiseta simples de botões, o lenço branco da cravat estava desalinhado. Mas ela não pensou muito nisso só estava tentando controlar os seu batimentos cardiacos e formular uma frase descendente para dizer...
- S-sim - disse com a voz trêmula - Estou bem.

Tenebris - SubmersosOnde histórias criam vida. Descubra agora