Tempestade Cinzenta

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                        ~ GALLE ~
     Sair para um mercado movimentado com um cavalo recém domado não era uma boa ideia. Mas Nero era tão lindo que Galle decidiu correr o risco, sua intenção era ser discreto já que saira escondido e ainda por cima com o cavalo de seu irmão.
Mas no momento em que a sela do cavalo virou e o derrubou no chão ele soube que não estava dando nada certo, e para variar o cavalo quase tinha atropelado uma moça! Meu Deus onde estava com a cabeça.
Ele estendeu a mão a ajudando a se levantar, ela apoiou o peso sobre o corpo dele e com expressão de dor sustentou o próprio peso nas pernas.
- Fico feliz que esteja bem, peço desculpas em nome de Nero, ele costuma ser um bom menino. - disse acariciando o animal.
A moça olhava para Nero com ar de desconfiança como se a qualquer momento ele pudesse a atacar novamente.
- Sim, deve ser - disse com certa frieza, batendo em seu vestido para tirar a poeira, um de seus babados estava no chão.
Galle a encarou, ele nunca a tinha visto na vida mas algo nela chamou sua atenção, talvez fosse a sua beleza... Mas ele tinha quase certeza de que ia além disso. Seu rosto tinha feições delicadas, os cabelos loiros estavam presos a um penteado repleto de cachos, ela usava um vestido banco não muito volumoso, as bochechas eram rosadas e os olhos cinzentos como duas tempestade, assustados o olhavam de cima a baixo, talvez não fosse um bom momento para flertar poucos segundos após quase a te-la matado, mas ideia de deixar que ela fosse embora sem ao menos saber seu nome o perturbou.
Ela mancava e mantinha a cara fechada como se quisesse esconder a dor, ela já fazia meia volta pronta para desaparecer na multidão, quando ele agarrou seu braço.
- Você não me parece bem - falou - Por favor deixe-me ajudá-la de alguma forma, não pode ir para casa mancando.
A mão dele se fechou firme em seu pulso frágil em comparação as mãos largas e ásperas do rapaz.
Ela se virou para ele, parecia nervosa mas respirou fundo e disse:
- Não será preciso, mas agradeço assim mesmo, eu... Sou mais forte do que pareço.
Ele teve vontade de rir, que petulância a dela! Mas ele apenas sorriu, não duvidava em tudo que ela tinha alguma força, afinal qualquer moça de aparência delicada como aquela teria aceitado sua ajuda. Mas aquela não, mesmo depois de levar um pisão nas pernas se levantou como se nada tivesse acontecido.
- Teve muita sorte, poderia ter quebrado uma perna. - disse ainda com um sorriso curvo.
- De fato, mas como disse não preciso da sua ajuda se me dá licença... - ela apondou com a cabeça para o braço.
Ele a soltou mais ainda não parecia satisfeito.
- Poderia saber ao menos o nome da dona de tanta ousadia e que é claro... não precisa da minha ajuda? - disse de forma divertida caminhando ao lado dela.
Ele notou um pequeno sorriso brotar no rosto da dama.
- E para quê? - disse ela sorrindo - Nunca mais o verei na vida.
- É uma pena, irei morrer sem saber o nome da dama mais bela que já vi, não acha que seria muito crueldade? - ele fez uma cara triste.
O rosto dela corou.
- Sou Mavis. - disse ela - E o nome do cavaleiro que quase me matou seria...?
- Galle, e se quer saber, meu cavalo tentou mata-la, eu não.
- Então o senhor é do tipo que joga a culpa no cavalo?
Ele a olhou seriamente e disse:
- Sempre.

Tenebris - SubmersosOnde histórias criam vida. Descubra agora