5 capítulo

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Depois de alguns minutos, Chegamos no endereço do aniversário. Vejo uma casa enorme, parecida mais com uma mansão de dois andares, na entrada se ouvia uma música desconhecida e muita gente entrando na casa acompanhados de outras pessoas. olho para Caio e percebo que ele esta surpreso com o lugar, situação essa que não é diferente pra mim.

-Sempre fico nervosa nesses lugares com tanta gente. Você também?
falo pra ele

-Simm- ele responde sorrindo
começo a rir

-Vou confessar, Se você não tivesse vindo, eu estaria em um táxi nesse exato momento voltando pra casa. Bom, vamos entrar e ver se eu consigo encontrar a Laura.

Ao entrarmos na casa, sou atingida por um cheiro forte e o barulho de pessoas conversando e rindo, olho ao redor e não vejo ninguém conhecido, ate tocarem no meu braço.

-Sabia que você vinha! Quem é esse?
Laura me falou alto o bastante para que eu pudesse ouvir sobre o som da música.

-Sou Caio, amigo da Maria. Prazer!
ele estende a mão pra Laura que o cumprimenta com um sorriso.

-Muito prazer! Laura você esta lindaaaa!
Ela me olha e põe a mão na boca

-Mulher, estou nada, mas porque você não me disse que o aniversário era de alguém rico? sabe que eu me sinto desconfortável.

-Ah deixa de bobagem maria, se eu te contasse sabia que você não iria vir.

-Ata, então foi melhor mentir né?

-Não menti já que você não perguntou nada.-
ela se defende -Mas vamos sair daqui, tem uma mesa reservada longe desse barulho todo.

Acompanhamos ela ate uma das mesas que havia em um canto superior da casa. Enquanto sento na cadeira percebo o olhar de algumas pessoas sobre mim e Caio, era um olhar que eu reconhecia mesmo de longe e que pessoas como Laura nunca haviam recebido.Afasto meus pensamentos.

-Porque não me falou que tinha um amigo super simpático e bonito, Laura?

Olhei e percebi que Laura estava falando comigo.
-O quê?

-Porque nunca me falou dele?

-Ah, não sei, fazia tempo que a gente não se via, por isso.

-Acontece que eu e Maria crescemos juntos e depois que ela veio morar com a tia dela, a gente não se viu mais.
Caio respondeu e olhou pra mim.

-Bom, vocês querem comer alguma coisa?
Laura pergunta

-Não, por mim ta tudo bem.
respondo

-Maria, ainda esta chateada comigo?
Laura me pergunta.

-Não, não, é so que.. -Olho ao redor -Ah deixa pra lá!
Começamos a rir

O tempo passa enquanto conversamos e me perco novamente observando as pessoas.
-Gente, vou tomar um ar, ja volto ta?

Me levanto da mesa e caminho em direção a um corredor com unas escadas logo em seguida. Tiro o meu salto, seguro-os e vou subindo cada degrau acima, contínuo subindo ate encontrar uma porta com o nome "área de serviço" grifado, giro a maçaneta e para minha surpresa esta aberta, passo pela porta e vejo um espaço enorme com tubos de ventilação de um dos quartos da casa. Caminho e vejo as luzes do Rio de janeiro do alto da casa, prédios uns mais altos que outros, e um vento forte que balança meus cabelos enrolados que embora estava amarrados agora já estão soltos. Enquanto olho para o céu acima, ouço passos na minha direção, me viro para olhar, e vejo Laura em pé atrás de mim com os braços cruzados.

-O que você esta fazendo aqui hein?
Laura me pergunta

-Da pra ver o Rio de janeiro todinho daqui de cima.

Ela se aproxima de onde eu estou.
-Da mesmo, Lindo não é?

-É sim.
fecho os olhos, e sinto o vento no meu rosto.

-Você esta bem?
laura pergunta me analisando
penso em uma resposta razoável para que soasse convincente, mas não encontrei.

-Eu sinto falta dela, Laura. Sinto tanta falta da minha mãe, e eu só queria poder abraçar ela pela última vez.

de repente, o ar se tornou pesado.

-Sinto muito, Maria.
Ela diz

-Todo mundo acha que eu estou feliz assim, mas eu não estou Laura. Não posso ser feliz convivendo com essa culpa aqui dentro sabe?

coloco a mão em direção ao meu peito, enquanto sinto lágrimas se formarem nos meus olhos e às afasto.

-Você não tem culpa de nada Maria. Você não podia ter feito nada para impedir.
Ela me responde segurando minha mão, me viro de lado.

-Poderia sim, se eu não tivesse bancado a sonhadora e feito todas aquelas aulas idiotas de violão à tarde, teria estado em casa com a minha mãe quando tudo aconteceu. Porque eu ouvi quando o médico falou para minha tia no hospital que se ela tivesse sido encontrada a alguns minutos atrás, talvez, ela não teria morrido Laura! É minha culpa!

Pronuncio essas palavras que estavam há tanto tempo presas dentro de minha garganta contra o vento gelado que nos cobria, enquanto sinto lágrimas agora rolarem sobre meu rosto, vejo Laura com os olhos assustados de quem não me reconhecia, e realmente, ela estava diante de uma garota de quatorze anos que havia acabado de perder a mãe.

-É por isso.
Ela responde

-Por isso o que?
pergunto

-É por isso que eu te incentivo tanto a voltar a cantar ou a tocar algum instrumento e você sempre inventa uma desculpa. Na verdade, você não quer ser feliz por sentir toda essa culpa ainda, Você mesma não se dar à chance de ser feliz.

permaneço em silêncio.

-As vezes a gente não pode controlar todas as coisas Maria, não temos esse poder.
Olha, Você não pode passar o resto da vida se privando de ser feliz, sua mãe não iria querer isso.- ela me diz

-Você não sabe o que ela queria, você nem a-conheceu.

-Tem razão! mas qual a mãe que não quer a felicidade para sua filha?
ela pergunta

-Você não sabe de nada, Laura.
respondo sem olhar para ela

-É verdade, só você sabe de tudo né?
ela dispara e sai em seguida, ficando somente eu e as luzes silenciosas da cidade.

Depois de um tempo amarro meus cabelos, calço o salto de volta nos pés, fecho a porta atrás de mim,desço as escadas e procuro por Caio nas mesas, até que o encontro sentado adiante.

-Desculpe, preciso ir embora.
Falo para ele

-Agora?
ele pergunta

-Sim, se quiser pode ficar.
falo

-Não vou deixar que você vá embora sozinha, Vamos.

Saimos da casa em direção a um táxi que havia do outro lado da rua, e voltamos para casa em silêncio.
Eu sabia que havia magoado Laura, mas não podia lidar com isso essa noite, essa noite eu so queria esquecer de tudo principalmente dessa culpa que eu carrego.

De frente com o DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora