II - Mudança de planos

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É, eu definitivamente preciso sair desse lugar

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É, eu definitivamente preciso sair desse lugar.

A cena na minha frente poderia ser considerada no mínimo chocante. E eu estou chutando bem baixo. Antes de qualquer coisa, vocês precisam saber que não sou nenhum monge celibatário, ou um virgem se guardando para o casamento. Eu sei o que é sexo já faz um bom tempo, já tive aquela conversa com meu pai e com certeza venho praticando o bastante desde os meus quinze anos. Eu não quero me gabar, mas já vi e vivi muita coisa entre quatro paredes. E é exatamente disso que eu estou sentindo falta nesse momento: as malditas paredes.

Eu divido um apartamento no centro da cidade com meu melhor amigo, desde nossa graduação há quatro anos. Diego e eu estudamos, trabalhamos e moramos juntos. Esse tipo de relacionamento gera um certo grau de intimidade, não se pode negar. Mas tudo tem um limite, e eu acho que acabei de descobrir qual é o meu.

Paralisado em pé na porta de entrada, eu assisto enquanto Diego, nu e recostado contra as almofadas do sofá, guia a cabeça de uma loira, igualmente nua e ajoelhada a sua frente, até a base do seu pênis. Meu choque se transforma em descrença, até que finalmente a raiva me atinge - engraçado ser exatamente no mesmo instante que ele atinge o fundo da garganta dela. Como eu sei? É precisamente o som inconfundível da garota se engasgando com o pau dele que despertou o melhor de mim.

- Porra, Diego! Você não tem a merda de um quarto no fim do corredor, seu fudido? - digo, tentando controlar o volume da minha voz e não acordar o andar inteiro.

Os dois levam um susto com minha aparição e o repentino ataque de fúria. A menina se afasta e tenta desesperadamente encontrar algo em volta com que possa se cobrir. Ela estende o braço em direção a camiseta do Diego e segura em frente ao corpo, agora sentada no tapete no centro da sala. O idiota do meu melhor amigo, por sua vez, joga uma almofada em seu colo.

- Caralho, Bruno! Você me assustou, cara. Por que disso tudo?

- O por que disso t...? - repito, tão indignado que não consigo completar a frase.

Não me levem a mal, eu não sou um empata foda. Pelo contrário, eu sou um grande entusiasta da mesma. Um boquete bem feito é capaz de deixar qualquer homem nas nuvens. Mas depois de um turno de vinte quatro horas e um chamado de incêndio no final do expediente, o indivíduo só quer chegar em casa, tirar o cheiro de fuligem do corpo e desmaiar na superfície mais confortável que encontrar. A última coisa que eu esperava, ou melhor, desejava encontrar era o cabaço ali transando no meio da minha sala de estar.

Eu suspiro profundamente, fechando os olhos. Minhas mãos repousam automaticamente no meu quadril, e eu deixo a cabeça cair, a balançando de um lado para o outro de forma negativa, franzindo os lábios no processo. Eu não quero discutir, brigar, falar. Estou exausto, esgotado, sinto como se o carro de resgate com o qual trabalho tivesse passado por cima de mim. Duas vezes. E dado marcha ré para garantir. Cada fibra do meu ser clama por repouso.

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