- Olhando assim, eu não diria que você tem um.
Os olhos dele voltaram a cair na direção dos meus shorts. Eu o continuei encarando com a certeza de que meu queixo já estava batendo no chão, me fazendo parecer um boneco ventríloquo com a boca aberta. Pane no sistema, alguém me desconfigurou, como diria Pitty. Enquanto forçava meu cérebro a lembrar de como formar palavras coerentes, dava claramente para notar que ele tentava, com todas as forças, segurar uma gargalhada.
Nunca, em todo os meus vinte e cinco anos de existência, quis tanto chutar a minha própria bunda. Nem mesmo quando eu sem querer enviei uma foto dos piercings nos meus mamilos para a Dona Sandra, uma senhorinha extremamente doce que mora no seiscentos e dez. O constrangimento só não foi maior porque, logo em seguida, ela me respondeu que: "apesar de não ser capaz de fazer algo similar, estão muito bonitos ;)".
Logo atrás de mim, ouvi Manu e Hana sussurrarem uma para a outra - ou elas pensavam estar sussurrando.
- Ele disse que ela não tem um caralho, ou eu to ficando surda? - perguntou Hana.
- Ele disse sim! - respondeu Manu, gargalhando - Acho que já gosto do vizinho novo.
Filha da puta! Esse cara nos acordou martelando a droga da parede às oito da manhã e ela gosta dele?
- Certo, meu anjo, você é muito observador, eu realmente não tenho um caralho. Duas palavras para você: "para-béns" - disse, enquanto batia palmas duas vezes - Agora, só não te dou um dez por você não ter lido as regras do condomínio direitinho. Em especial a número quatro, que fala sobre o horário de perturbação.
- Aposto que já chamaram muito a sua atenção por isso, não é mesmo? - ele semicerrou os olhos.
- Como é que é? - havia indignação na minha voz. Ok, ele até poderia estar certo, mas isso não me impedia de me indignar com a ousadia desse cara em assumir coisas sobre mim sem nem me conhecer... e ainda por cima acertar!
- Você não tem cara de silenciosa. Aposto que é daquelas que gemem alto. - disse calmamente, com um sorriso malicioso.
- Puta merda, a Nat achou a versão dela com pau - Hana falou para a Manu, tentando abafar a risada.
A essa altura, eu já estava fervendo de raiva. Se ele quer assim, então que seja. Dois podem jogar esse joguinho.
- E você com certeza é um daqueles que se acham tão pauzudos que fariam qualquer mulher gritar... de tédio.
- Eu realmente acho que deveríamos entrar e descobrir.
- Ah, infelizmente hoje não, Faro. Fica pra próxima, quem sabe.
- Ai, essa doeu - disse colocando uma mão sob o peito e fingindo uma carranca de dor. - Agora que já despedaçou meu coração, posso ajudar em mais alguma coisa? - perguntou, cruzando os braços.
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Solar dos Girassóis
RomantizmAh, o Solar dos Girassóis. Um condomínio aparentemente tranquilo na cidade de Santa Paula - ou pelo menos era antes delas. Se já não bastasse o trio de amigas baderneiras do setecentos e quinze: Natasha, Hana e Manu; a chegada de um novo inquilino a...