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Naquela tarde, na Véspera de Natal, eu me encontrava agarrada no sofá com Shawn, debaixo de uma coberta enquanto bebia chocolate quente. Sim, marido. A palavra ainda era não familiar para mim, mas era ótimo. Estávamos vendo o meu clássico natalino favorito. "Elf". Eu olhei para minha mãe, que tinha Lexi grudada nela. Era incomum ver Lexi se apagar a alguém que ela conheceu em apenas 24h, mas nenhum de nós questionou. Isso fez o meu coração aqueceu, ver que minha mãe era tão boa com crianças.

O pequeno Alex estava sendo alimentado, e Chris estava fazendo o fogo. Não conseguia acreditar que era o segundo Natal que eu passava com Shawn, e o primeiro que passávamos casados.

Natal foi tudo o que eu podia imaginar. Me lembrei de um tempo feliz na infância - um no meio de vários ruins. Minha mãe cozinhava uma comida cubana deliciosa e a casa tinha um cheiro maravilhosa. Agora que eu estava comendo por...quatro, eu entendia o porquê de estar tão faminta.

No Ano Novo, fizemos a contagem regressiva e brindamos com cidra, e logo a realidade voltou à tona.

- Shawn, voltamos ao trabalho logo... - disse em uma manhã, ainda na cama.

- Eu...queria falar com você sobre isso...e por favor...sinta-se livre pra me dizer como se sente..mas...eu não acho que deveria voltar ao trabalho... - Shawn olhou para mim. - O rosto dele era repleto de preocupação e admiração. - Olha, eu sei que a médica disse que era seguro para você voar, e eu sei que você ama o que faz, mas...acho que eu me sentiria melhor se você não estivesse voando ao redor do país. Acho que seria melhor para você e para os bebês se você ficasse aqui, em Portland, assim você pode ir a todas as consultas e ainda estudar para o teste..

Pensei em um momento sobre isso. Nós éramos sortudos por eu não precisar, necessariamente, trabalhar. Financeiramente, estávamos bem. Eu acho que eu não considerei a opção de não trabalhar.

- Mas...e você? Quando eu irei te ver? Você ficará...fora? - o pensamento imediatamente fez as lágrimas surgirem nos meus olhos.

Eu me acostumei com as emoções me atingindo do nada, então eu respirei fundo e tentei me manter calma. O conceito de ficar longe de Shawn, do meu marido, era muito para segurar. Eu sei que teria Aali e Chris, mas...ele...era a minha casa. Meu porto seguro.

- Bem, posso conseguir uma rotação mais curta, onde eu só voaria para lugares com até 2h ou 3h de distância daqui, assim eu voltaria para casa todos os dias. - Shawn beijou minha bochecha e sorriu.

- Você já tinha tomado conta de tudo, não é? -perguntei, sabendo muito bem o que ele tinha feito. - Quando?

- No dia que descobrimos que íamos ter trigêmeos. É por isso que eu estava ao telefone. Me desculpe, eu sei que deveria ter falado com você primeiro, e que não deveria ter assumido que você iria querer tirar uma licença do trabalho, eu só...nossa família vem primeiro. Você vem primeiro, sua saúde, e os bebês, e eu prometo que eu irei proteger vocês e cuidar de vocês. - a voz de Shawn era sincera e eu me apaixonei por ele de novo.

- Você... - o beijei. - ...é o mais doce e considerável marido. - o beijei de novo.

Ele sorriu. Nós iríamos levar minha mãe ao aeroporto porque ela iria voar de volta para Flórida, mas prometeu que iria vir nos visitar todo o mês. Shawn fez questão de cuidar desse voos.

Nossos bebês estavam programados para nascerem no começo de Junho, e minha mãe concordou em vir e ficar no mês de Maio, até que os bebês nasçam. Depois disso, não discutimos mais. Era bem estabelecido que nossa casa era em Portland. Eu não conseguia me imaginar saindo daqui e ter Shawn longe da irmã e dos sobrinhos. Não conseguia me ver não vivendo aqui.

Plano de voo (Versão em PT) - ShawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora