Capitulo 9

3.1K 167 6
                                    

Como de costume, Camila levantou cedo. Quis ligar para Lauren, mas achou que ia parecer uma adolescente ansiosa. Não sabia se era pra ir logo ou pra ir perto do almoço, então saiu de casa as nove e foi devagar até chegar ao apartamento dela. Anunciou na portaria e sua entrada foi autorizada. Lauren a atendeu enquanto falava ao telefone. Piscou pra ela e fez sinal para que entrasse.  
  
- Eu sei, já falei com eles que se não mudar a modelo a campanha não vai dar certo. Sabe como esse pessoal é né Derek? Querem do jeito deles e que dê resultado. Já dei a minha opinião, se não mudarem paciência. Vou fazer com que assinem um termo de compromisso… Sim… não tô ligando se a campanha decolar e eu ficar com cara de tacho. Eu simplesmente acho que não vai dar certo porque a modelo é feia e sem talento. Infelizmente a mídia não perdoa, o comercial ficou amador… Ta bom, amanhã a gente conversa… Sim, se eles não mudarem vai ser veiculado na terça de manhã. Ok, beijos.  
  
Camila tinha ido para a varanda, estava distraída olhando a vista. Lauren chegou por trás dela e passou o braço em sua cintura.  
- Ei, bom dia. – beijou seus cabelos.  
- Desculpa te atrapalhar no telefone.  
- Não atrapalhou. Derek me ligou preocupado com uma campanha que fizemos de uma marca de lingerie. Não gostei da modelo, os donos insistiram em colocar a filha deles e não ficou legal.  
- Ela é feia, pelo que você falou. Perdoe, mas não teve como não ouvir.  
- Sem problemas, não é segredo na agência que eu achei ela feia. – riu. – Digamos que ela não segue os padrões e o mercado hoje em dia é cruel. Bom, fiz a minha parte, se não mudarem, vão arcar com o prejuízo.  
- E você fala na cara deles que a campanha não vai dar certo?  
- Claro! Com jeito né? Preciso dizer, senão eles colocam a culpa na agência. É sempre assim, vêm com a ideia mais banal e quer que a gente faça um milagre.  
- Sei como é isso. Já tive cliente que pediu pratos que não combinavam com a época do ano e isso estragou totalmente a festa. No início eu aceitava, tinha pouca experiência com as pessoas. Depois passei a me impor e não acatar todas as ideias dos clientes. Quando dá errado, sempre sobra pra quem fez, não pra quem idealizou.  
- Pois é. – Lauren a abraçou mais forte. – Dormiu bem? – mexeu nos cabelos dela.  
- Sim, acordei cedo. Não consigo acordar tarde, mesmo cansada eu levanto, faço minhas coisinhas e até durmo de novo depois.  
- Eu acordei pouco antes de você chegar. – riu sem graça. – Tomei um banho e quando saía Derek me ligou.  
- Dorminhoca. – Camila se virou e beijou-lhe os lábios.  
- Muito, embora não me orgulhe desse defeito.  
- Não é defeito, é uma característica. – sorriu.  
- Quer sair pra darmos uma volta?  
- Está tão calor Lauren! Confesso que se sairmos prefiro ir de carro.  
- Ta bom, a gente passeia e depois almoça.  
  
Saíram de carro e rodaram pela cidade, até que resolveram almoçar em Niterói.  
  
- Não conhecia esse restaurante. – Lauren falou olhando em volta.  
- É, digamos que eu conheça muitos restaurantes, bistrôs, cafés e lanchonetes. O dono desse lugar já foi meu chefe também. É um dos responsáveis por eu ser quem sou.  
  
Quando terminou de falar Antônio apareceu.  
- Camila! Que surpresa!  
- Oi Antônio, quanto tempo! – abraçou-o.  
- Se soubesse que viria teria preparado algo especial.  
- Que isso, tudo que faz já é especial. – sorriu. – Essa é minha amiga Lauren, a trouxe aqui para conhecer seu restaurante.  
- Muito prazer. – falaram.  
- Não vou pedir nada, quero sua sugestão. – Camila falou.  
- Então sentem e fiquem a vontade.  
  
Antônio entrou para a cozinha e pediu que as servissem. A sugestão foi Kebab de Frango em Dianada de coentro. As duas almoçaram se deliciando.  
  
- Nossa, ele é bom hein?  
- Um mestre da culinária em minha opinião. – Camila comentou.  
  
Depois de almoçarem foram até a cozinha conhecer a equipe e não teve um que não pediu um autógrafo de Camila. Lauren se impressionou com aquilo. Dentro do carro ela falou empolgada.  
  
- Meu Deus! Nunca namorei uma artista.  
  
A chef teve que rir.  
  
- Deixa de ser boba! Nem sou famosa. Quando tinha a idade deles eu também pedia autógrafo aos chefs que mais gostava, aliás, faço isso até hoje.  
- Fala como se fosse uma velha, aquele pessoal é quase da sua idade. Se tiver alguém velho aqui sou eu.  
- Trinta anos nas costas viu?  
- Vou fazer trinta e seis e nem por isso fico dando uma de anciã.  
  
Camila ria do jeito de falar da morena, realmente era divertido passar o dia com ela. Lauren parou de graça e falou olhando para a chef.  
  
- Desde que saímos do meu apartamento estou louca pra te dar um beijo, mas não tivemos oportunidade. Agora eu posso?  
- Não vão nos ver? – Camila olhou em volta.  
- Os vidros desse carro são tão escuros que não veem nem um urso polar aqui dentro. É só um beijo, não vou te agarrar.  
  
Mas a promessa não se cumpriu. Entre um beijo e outro, Lauren não se segurou, passeou suas mãos pelo corpo de Camila e ela não resistia. Aquele amasso só parou porque bateram no vidro. Camila se recompôs rapidamente e Lauren baixou o vidro com a cara mais lavada.  
  
- O que foi?  
- A senhora tem um trocado?  
- Garoto como soube que tinha gente dentro do carro? – a cara era de espanto.  
- Pelos movimentos. – o menino respondeu com malícia. 
Lauren tirou um dinheiro e deu a ele.  
- Pela criatividade moleque! – sorriu pra ele e fechou o vidro.  
- Ninguém nos vê, não é?! – a chef estava contrariada.  
- E não viram, você ouviu, foi o balanço do carro. – riu e ligou o veículo. Voltaram para o apartamento em seguida.  
  
Camila manifestou a vontade de ir pra casa, mas Lauren insistiu que ela ficasse.  
  
- Só mais um pouco, nem está tão tarde.  
  
Na verdade a chef queria dormir, havia acordado cedo e muitas vezes quando em casa à tarde tirava um cochilo pra descansar. Queria falar, mas estava sem graça, pensou que Lauren a acharia uma boba.  
  
- É que eu…  
- Que foi? Quer fazer outra coisa? Quer sair de novo?  
- Não, ao contrário, normalmente passo os domingos em casa.  
- Por que não falou? Eu ia pra lá ao invés de você ter vindo.  
- Não Lauren, é que eu… bom… estou com sono, acordei cedo e às vezes durmo de tarde. – olhou para baixo envergonhada.  
- Ah é isso?! Então vem… – Lauren a levou para a sala e ligou a TV bem baixinho. – Deita aqui. – pegou uma almofada e deu a ela. Esticou as pernas na parte cumprida do sofá e Camila colocou o travesseiro ao seu lado, deitando na diagonal.  
  
Mesmo com receio Camila deitou e como Lauren ficou alisando seus cabelos, acabou dormindo rapidamente. A morena assistiu um resto de filme que passava e depois pegou um livro pra ler, mas sempre com uma das mãos acariciando a cabeça de Camila. Já era de tardinha quando ela acordou. Se remexeu, esfregou os olhos e quando os abriu se deparou com um sorriso.  
  
- Depois a dorminhoca sou eu. – Lauren a beijou.  
- Por quanto tempo dormi?  
- Um dia inteiro, hoje é segunda. – brincou.  
- Não é nada, sua boba. – se levantou e ajeitou-se no sofá, espreguiçou de novo. – Nossa, acho que nunca dormi tão tranquila. – olhou para Lauren. – Seu sofá é bom.  
- Poxa, achei que ia dizer que meus carinhos a fizeram dormir. Você não me dá credito. – fingiu se chatear.  
  
Camila olhou pra cara dela e teve vontade de rir. Então segurou seu rosto e beijou sua boca bem devagar, mordendo o lábio inferior no final.  
  
- Você também me fez dormir bem viu? Dramática!  
- Tenho que fazer drama pra ganhar elogio e uns beijinhos.  
- Não precisa disso. – beijou de novo. – Acho que preciso ir.  
- Acha? Se acha não tem certeza e se não tem certeza eu digo que não é hora de ir. Ta cedo e você não tem nada pra fazer em casa que eu sei. Que tal namorarmos na varanda?  
Camila hesitou, não estava mais acostumada com aquilo.  
  
- Bom, se não quiser tudo bem, eu só sugeri.  
- Eu disse que não sou uma boa companhia, tem horas que eu não sei como agir com você. Acho que perdi o jeito de namorar.  
- Vamos devagar né? Acho que estamos até indo bem.  
  
Foram pra varanda e sentaram na cadeira maior. Lauren se recostou e abriu as pernas, Camila sentou entre elas, mas virada de lado, com as duas pernas em cima da perna da morena. Lauren somente queria a presença da chef, ficar ao lado dela e curtir a companhia. Poder conversar, rir, contar piada e fazê-la rir. Adorava o sorriso dela.  
- Sua semana está cheia?  
- Um tanto quanto. Meu próximo final de semana não terei folga como nesse. Trabalharei sexta e sábado. E normalmente vou ao café aos domingos, só não fui nesse porque vim pra cá, saímos e agora não há a necessidade de passar lá.  
- Quer dizer que deixou de ir a um compromisso por mim?  
- Ta vendo como tem importância? E ainda faz drama. – riu. – Normalmente a semana é cheia e no início de ano aparecem muitas festas. Na verdade não é início de ano, é meio sazonal, em maio tem muitos casamentos, em junho muita festa religiosa e dias dos namorados. Julho é mais tranquilo, mas quando vai chegando agosto a coisa aperta de novo até chegar ao fim do ano. Essa semana reservei um dia para o aniversário de Dinah, todo ano fazemos uma festinha lá no café.  
- Dinah é uma boa pessoa.  
- Ah sim, você que o diga né? – olhou com reprovação, mas riu depois. – São comparsas.  
- Foi por uma boa causa. – beijou-a.  
- Sei… – olhou desconfiada. – Enfim, aí fechamos o café e só entra quem tem convite. Ela fica toda boba porque muitos disputam o aniversário dela no tapa.  
- Será que ganho um convite dela?  
- Não pode ser de mim?  
- Melhor ainda! – sorriu. – Olha, não quero atrapalhar seu dia a dia, mas gostaria de ver você. Também tenho meus compromissos e algumas vezes viajo para São Paulo, pra nossa filial lá, mas sempre volto no mesmo dia. – Lauren vacilou um pouco pra falar, não sabia qual a reação de Camila. – Será que a gente vai conseguir se ver todo dia?  
- Isso é importante pra você? – a chef perguntou tentando ser compreensível.  
- Muito.  
- Então daremos um jeito, mas o dia que não der, nos falamos por telefone.  
  
Aos poucos as duas se entendiam e isso animava Lauren. Entre um beijo e uma carícia as coisas foram esquentando. Camila usava uma blusa com zíper na frente e ele era convidativo. Lauren percorria suas mãos pelo corpo dela e bem devagar foi abrindo a blusa, deixando aparecer o sutiã. O peito de Camila arfava e seus olhos estavam fechados. Sentia os beijos de Lauren descendo pelo pescoço, estava totalmente entregue. A morena segurou sua nuca e acariciou os cabelos enquanto sua língua procurava espaço entre os seios. Sentia o perfume da chef e ficava mais inebriada. Ao puxar o sutiã, sentiu as mãos firmes dela segurarem a sua.  
  
- Está na hora de ir, amanhã acordo cedo. – Camila falou ainda ofegante.  
- Tem que ser exatamente agora? – Lauren tentava voltar ao clima.  
- Nesse exato momento! – se levantou e ajeitou a roupa, fechando o zíper da blusa.  
  
Lauren fechou os olhos e suspirou.  
  
- Não quero voltar muito tarde, não gosto de dirigir a noite sozinha.  
- Quer que eu te acompanhe? Depois pego um táxi.  
- Não precisa, não quero que fique zanzando por aí de noite, é perigoso.  
- Ta bom. Vou te levar até o carro.  
  Desceu com ela e se despediram com um beijo caloroso, daqueles pra ficar guardado na memória.  
  
- Quando estiver mais tranquila no trabalho, me liga.  
- Ok.  
  
Camila voltou pra casa em brasa, precisava de um banho frio e urgente. Ligou o ar condicionado no máximo pra tentar esfriar o corpo. Lauren tomou uma água gelada e tirou a roupa pra se acalmar.  

Medida Certa Onde histórias criam vida. Descubra agora