Quando estamos vivendo normalmente nossas vidas é quando esbarramos com o inevitável. O inevitável está no incontrolável, em tudo aquilo que tendemos a tentar resistir, não importa quem ou o que. É aquilo que fingimos deixar pra lá, afinal, "está tudo tão bem agora para eu bagunçar". Mas é na organização que o caos gosta de fazer bagunça. Não me dou conta do quanto parei de prestar atenção em tudo até que algo me fixa tão forte no mundo real que eu não poderia deixar passar um detalhe sequer. A inconstância no que chamamos de rotina me fez lembrar o que era de fato sentir. Deixei de viver no automático. Mas o sentimento de prazer vem com a angústia do: "e lá vamos nós de novo", com um medo que atravessa nosso subconsciente rotineiramente. É com a mulher chamada Incerteza que me deito a noite, e é com ela que me comprometo mesmo sem querer. A vida puxa o tapete de baixo dos pés quando mais acreditamos estarmos em equilíbrio. Não conseguimos aceitar o incontrole sobre as coisas. Ou na nossa perfeita incapacidade de não poder fazer nada. Na inevitabilidade de correr quando, na verdade, não querermos dar nem mais um passo. É na contra mão que de forma ou outra me encontro de mãos dadas com a incerteza. Pois apesar de ser ela que me carregou por todos esses indesejáveis caminhos, foi a mesma que me fez gargalhar vez ou outra. Tenho pavor de tomar decisões, e mais ainda de não poder tomar nenhuma. E a única certeza que tenho é de que a soma de todas essas incertezas me trouxeram até aqui, onde, de alguma forma, eu pareço gostar de estar.
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por todas as vezes que fiquei em silêncio
Poetrypara onde vão as memórias quando as esqueço para onde volto quando me perco onde escrevo sentimento
