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No outro dia, um colega chamado Kórus precisava de ajuda com um trabalho que tivemos de física mecânica, porém o material que tínhamos na faculdade não era suficiente para entendermos por onde começar, então propus a ele que fôssemos à minha casa para fazermos o trabalho. Kórus, um jovem rapaz de 23 anos, 1,76m de altura, porte físico padrão médio, feições másculas, olhos negros, cabelos ondulados com grandes cachos para frente, dentes brancos e lábios cor de maçã, acompanhados de um óculos de grau clássico de zilo e roupas ao estilo jeans-jovem com sapatos all star. Um nerd totalmente calmo e calculista que estuda física desde a metade do ano passado e sempre fazemos monitorias juntos, quer dizer, um em cada sala, mas sempre que temos oportunidade saímos para espairecer um pouco a cabeça. Kórus é um dos poucos amigos que tenho que consegue me tirar de casa, porque se dependesse de mim, meu trajeto não passaria da faculdade para casa.

Assim que chegamos à minha casa, começamos a organizar os materiais necessários. Na verdade eu estava arrumando os materiais, já que Kórus mais brincava do que me ajudava com as coisas. Quando ele estava procurando doces pela sala, esbarrou na estante da televisão, o que me fez correr para segurar alguns dvd's que iriam cair no chão. Depois de brigar para que Kórus prestasse mais atenção, um quadro caído atrás da estante me chamou atenção. Eu não lembrava de ter posto nada ali e, conforme fui me aproximando, os tons de laranja e verde, cobertos por uma fina camada de poeira, começaram a me deixar tonto. Conforme eu ia chegando mais perto, a pintura ia ficando mais nítida e o mundo à minha volta cada vez mais lento, até uma voz familiar surgir em minha mente.

— Minha obra prima! O que você achou, Yolan? — indagou ele, enquanto dou aplausos que surgem em meio à voz.

— Depois de tanto tempo... Está tão lindo, parece uma foto de tão perfeito — disse lembrando que a minha própria voz elogiava o então pintor.


Cheguei perto o suficiente e peguei o quadro em minhas mãos, e após soprar a poeira que estava por cima, reconheci o lugar sem precisar pensar. A perfeita imagem da vista do pôr do sol no meu quintal estava em minhas mãos, mas não sei como foi parar ali.

— Isso é um presente para a pessoa que eu mais amo no mundo. Os tons de laranja sempre combinaram com você, e o lago... ele faz eu me sentir mais calmo, igual quando estamos juntos — disse ele me mostrando o quadro, enquanto eu o segurava.

Minha respiração estava acelerada. A paisagem que nos últimos dias tem parecido vazia para mim, na foto fez sentir-me completo. Poderia ser a forma que o sol parecia mergulhar no lago e ir dormir mais uma vez ou  como as plantas que viviam naquelas águas estavam verdes e resplandecentes, mas não, eu sentia que, naquele momento, naquela pintura tinha algo que eu já não tinha perto de mim.

— Você assinou, né? Quando ficar famoso, vou vender esse quadro por milhões — disse a ele num tom bem ganancioso enquanto ríamos docemente.

— Claro que sim, nunca deixaria você esquecer quem passou dias pintando isso para você, mas eu acho que riscar a frente desse quadro é até um pecado... — disse ele com um olhar bem animado ficando ao meu lado para observar o quadro.

Meu coração disparou de vez.

— Basta olhar atrás do quadro, vai ver o nome de quem realmente te ama — disse olhando bem profundamente em meus olhos, me tirando as palavras.

— Eu nem sei o que falar, obrigado talvez? — Tentava arranjar palavras para aquele momento, mas o coração estava sendo bombardeado com sentimentos intensos que me tiravam a fala.

Virei a pintura em minhas mãos e meus dedos foram logo em cima das letras que estavam gravadas. Era uma caligrafia bonita e o nome escrito fugiu de minha boca, em voz alta, antes mesmo que eu terminasse de ler. A palavra saiu como um sopro com a voz que estava na minha cabeça.

— Obrigado, Dominic.


— Dominic! — eu disse em voz alta enquanto passavam algumas cenas em minha mente numa velocidade alta, quando Kórus chega perto e toca em meu ombro.

— Você está bem? Você tá pálido... — disse ele num tom preocupado, virando-me devagar e observando o quadro que estava em minhas mão com o nome daquele pintor, que ainda fica no meu caminho.

— Sim, sim. Obrigado! — disse a Kórus enquanto pegava o quadro e saía rapidamente, levando-o para meu quarto e colocando-o em cima da minha cama ainda bem atordoado, enquanto meu amigo se sentava à mesa e começava a fazer o trabalho.


— Você já tinha visto aquele quadro? Porque, até onde eu sei, você comprou ele semana passada, eu até estava com você... — disse ele quando voltei do quarto e estava tomando água, ainda com o rosto atordoado.

— Não tem como isso ter acontecido, Kórus! Não tem lógica, como é que eu comprei semana passada e ele estava atrás do móvel da televisão e cheio de poeira, como se já estivesse ali há anos — eu disse num tom bem agitado, começando aos poucos a associar os pontos, porém paro um pouco para fazer o trabalho.

Sentado na cadeira, começamos as questões, até que Kórus volta ao assunto.

— Mas você pode ter comprado, deixado lá e esquecido, sei lá... — disse ele para ver se conseguia fazê-lo esquecer o nome daquele homem. Ele é muito especial para ser de alguém tão inferior.

Mesmo após Kórus tentar me ajudar com o quadro, eu não conseguia esquecer aquele nome e continuamos a fazer o trabalho.

O Assassino da Lua 🌒 DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora