Uma missão de Infiltração

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 Minato tinha noção que não deveria usar o próprio cargo de Hokage para proteger shinobis

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Minato tinha noção que não deveria usar o próprio cargo de Hokage para proteger shinobis. A vida deles era marcada pela morte precoce, pelo sangue nas mãos e por enfrentar demônios mentais que civis jamais teriam que sequer sonhar com eles em seus pesadelos.

Mas Kakashi era o único aluno que sobrara de seu time. Ele vira a morte de Obito, seguido da de Rin pelas próprias mãos, todos aqueles meses finais da guerra... Então, quando Minato o mandou numa missão importante, mas de diplomacia, ele tinha perdido o controle e tido um acesso em plena missão. Não conseguirá enfrentar ninguém. Kakashi tinha demônios o impedindo de matar.

Agora, na Anbu, os próprios colegas não confiavam nele. Ou o respeitavam demais, mas não de forma benéfica.

Matador amigo, era como o chamavam, ou Sangue frio Kakashi.

Kakashi não se queixava, mas pouco se podia ver de Kakashi nos ultimos tempos. Não havia expressão em seus olhos. Não havia humanidade ou calor ou felicidade. Seu aluno sempre fora particularmente distante, mas Kakashi se tornara uma concha oca que levava mortes inescrupulosas em suas missões. Minato não sabia o que fazer, além de manda-lo nas missões mais inofensivas possíveis.

Era o plano de contingência que tinha conseguido. O colocara na Anbu para que Kakashi melhorasse do trauma de ter matado Rin com as próprias mãos e conseguir lutar, mas, na Anbu, ele passara a matar sem misericórdia.

Ele precisava de tempo. Minato não era mais o Sensei dele para lhe fazer longos discursos.

– Espionagem e infiltração. – Kakashi leu o prontuário que Minato tinha dado a ele. O Hokage estava apoiado em sua mesa, observando o aluno com preocupação paternal. Não tinha idade para ser pai de Kakashi, mas isso não o impedia de se sentir quase assim sobre o rapaz. Ele ergueu os olhos escuros para Minato. –Apenas isso? Essa é uma organização que vem promovendo massacres. Apenas espiar? Eu poderia acabar com isso rapidamente.

– Não temos como conectá-los aos desaparecimentos ainda. E é tudo muito sigiloso. Há quem diga que Sunagakure está ocultando dados e estatísticas das mortes, por isso precisamos de alguém por lá reportando. Depois que soubermos exatamente do que se trata, podemos decidir como agir. – Kakashi virou a cabeça levemente para o prontuário e então voltou os olhos sem vida para Minato.

– Não seria mais fácil simplesmente matá-los? São um culto. – Minato coçou a cabeça suavemente e assentiu. Sim, seria mais fácil simplesmente matá-los. Se fosse outro, ele teria mandado com uma ordem de morte.

Mas a localização era complexa, eles não sabiam quantos eram e ele não queria tanto sangue nas mãos de Kakashi. Todavia, Kakashi era ótimo em espionagem e infiltração. Tinha sido a especialidade do time dele no passado. Eles precisavam rastrear as vítimas, os integrantes daquele culto e aonde se reuniam. Kakashi poderia fazer aquilo silenciosa e rapidamente.

–Temos que ter certeza. – O argumento de Minato era fraco, mas Kakashi não discutiu. Ele sabia que estava sendo protegido, mas não havia real força de viver ou protestar nele. O fogo de Kakashi se apagara.

Ele se tornara um reflexo do rapaz metódico, porém veemente, que fora um dia. Kakashi nunca fora fácil de conviver. Um gênio, certamente, e péssimo em interações sociais. Péssimo. Pior ainda depois da morte de seus dois companheiros de time.

– Posso partir agora? – Kakashi questionou e Minato acenou.

Cabelos brancos balançando suavemente conforme dava as costas Kakashi partiu e Minato soltou um suspiro pesado. Kushina, ocultada no cômodo adjacente, saiu para o escritório e se aconchegou nos braços do marido. Ela também vinha se preocupando muito com Kakashi por ver a forma com que Minato estava sempre tentando resolver a situação do rapaz. O fato dele ter perdido os companheiros daquela forma... Não ajudava que Kushina não quisesse se meter.

– Essa missão é num lugar perigoso. –Ela sussurrou, assombrada pelas memórias que ela mesma jamais vivera, a da perda de seu lar. A queda de Uzushiogakure. Seu lar. Kakashi iria numa missão no local aonde Kushina nascera, investigar as vilas ao redor, as cidades remotas e frágeis que se formaram com pessoas pobres e sem opção que vinham morrendo após a nação ter sido destruída, seus sobreviventes espalhados e escondidos...

Kushina quisera oferecer ajuda a estas pessoas, mas eles estavam com a razão em fugir e evitar o conflito. Seria difícil encontra-los, reuni-los em Konoha, ainda mais com acordos de paz frágeis demais ao redor.

Faziam fronteiras com o país do fogo e com o país do ar, então era obvio que os mais sabiam daquilo eram Konoha e Suna, sendo que esta parecia querer aplacar para não ter que gastar energia se posicionando contra uma organização religiosa assassina que vinha sequestrando e matando pessoas conforme queria.

Minato entendia. O conflito com Iwagakure era recente, assim como o tratado de paz e a guerra acabara a pouco tempo demais.

Todavia, pessoas tinham se tornado gado naquela área.

Agora, Minato enviara Kakashi, assombrado pela morte dos amigos, sozinho numa missão para lá. Não haviam bons cenários com Kakashi nos últimos meses. Com companhia, ele era o Matador Amigo ou Sangue Frio; sozinho, ele era alvo dos próprios demônios. Vigiado de longe, ele rastrearia e se enfureceria.

Ele não ficará irritado com Gai ou com Minato na época, mas agora Kakashi conseguia matar novamente. Ele não era vulnerável.

Desde a entrada na Anbu não pareceu que falharia em precisar se defender ou matar, mas era justamente aquilo que Minato queria evitar. Suspirou.

Kakashi precisava de tempo e espaço para se recuperar, os demônios se dissiparem e as feridas se acalmarem em seu peito.

– Ele irá se recuperar. Teremos que ter fé nisso. – Minato sussurrou deslizando os dedos pelo cabelo vermelho da esposa.

Ele não sabia se tentava convencer a si mesmo ou a Kushina.

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