Nas ruas daquela praça
deixei pedaços de mim
muitos deles colados em um alguém
outros despedaçados ao chão.
Não sabia o limite do meu corpo
mas sabia que a mente precisava esvair-se
então eu mergulhava por entre minhas mágoas
e ao alvorecer, eu caminhava a sorrir.
Em meros flashbacks aqueles dias se tornaram
dias os quais eu doei, estes pedaços
por achar que não havia problema
afinal, alguém precisava, sempre.
Agora, me encontro a pensar
quantas poesias deixei jogadas no chão desta praça
quantos amores embebedei em minhas desgraças
quantos gritos afoguei em minha carcaça
e ao alvorecer, sorri?
Aqui, ainda a pensar
talvez ao caminhar em torno daquela banca de jornais
eu ache escrito nas folhas do mesmo
"sentimentos belos, perdidos, mistério."
Sinto falta de ser inteiro, como era
de chorar com sentimentos agudos
sabendo que ao abrir a boca, ela berra
todas as dores, do fundo
Hoje, alvoreço em prantos quebradiços
com lembranças de minhas peças
e de cada ator, que nela se fantasiou
e eu me apeguei, pelo ator ou pela atriz
mas cada uma dessas peças teve fim
e eu, como meu diretor
me sinto impossibilitado de sorrir.