Repleto de ambiguidade
de certezas difíceis e dúvidas fáceis
lutando contra meu ser e suas múltiplas faces
observando por horas a lua e tuas fases.
Completo de afirmações tão incertas
que esqueço a direção das flechas
será que eram para atingir o alvo? um álbum? o que me resta?
o álbum de fotografias velhas da nossa primeira festa.
Eu agora, só consigo pedir que as vozes se calem
empalado na parede do quarto que tu me tem
feito tapa-buraco ali sem razão me mantém
apenas porque da cratera, tu não quer se lembrar tão bem.
Todavia quem se cala sou eu
tateio teus rostos como se fossem meus
crio uma história melhor, como se fosse Deus
só pra não criar a vida na qual sou todo teu.
É visto que me machuca, obviamente
não hei de ser tão inocente
e dizer, maldizendo, dos meus sentimentos, "incoerentes"
por não agradar teu ser, quando se encontra a frente.
Mesmo assim não sei do que se trata
se são as vozes, o trabalho ou a vida é quem maltrata
ou o que trago, seja o mesmo que me mata
talvez morra eu, com minha rima fraca.
Poeta que não faz mais poesias
viciados em trabalho, em casa por dias
românticos incuráveis, em completa monotonia
é como o vasto universo sem planetas, de nada servia.
De que serve então, a ambiguidade
se não para causar-me desconforto, a esta idade
onde já se viu, em plena mocidade
ter chorado tanto, e de risos... Nem a metade?