Capítulo 3

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A Raze foi a minha primeira experiência amorosa, conhecemo-nos desde sempre, as nossas mães andaram juntas na faculdade e por ironia do destino acabaram por tornar-se vizinhas e consequentemente a Raze e o Zed viram eu e a Gabi a nascermos.
Lembro vagamente da primeira vez que beijei a Raze, nessa época eu e a Gabi tínhamos 10, a Raze 12 e o Zed 14, eles estavam a dormir aqui em casa e num belo dia o meu pai decidiu que íamos passar a tarde na casa de praia que fica a 2 horas daqui e lá fomos nós, quando lá chegamos estávamos todos entusiasmados por brincar e tal.
Lembro-me que decidimos brincar às escondidas com o meu pai, eu e a Raze fomos nos esconder na casa da árvore, o meu pai não fazia a mínima ideia que lá estávamos.
E lá estávamos nós, completamente sozinhas e não sei ao certo como tivemos a ideia mas decidimos experimentar algo diferente.
Lembro-me de ver a Raze espreitar para baixo através da pena janela da casa da árvore e quando ela vira eu simplesmente a beijo, não sei ao certo o que me passou pela cabeça para fazer aquilo mas quando parei nos olhamos e ela voltou a beijar-me foi tão bom, ainda não sabíamos como movimentar a língua visto que era a nossa primeira experiência, mas , o beijo foi sem dúvida maravilhoso.
Repetimos o beijo umas 4 vezes antes de chegarmos a um consenso e descer, o meu pai já tinha encontrado a Gabi e o Zed, quando nos viu a sua expressão de alívio era nítida e eu não pude deixar de rir.

- És péssimo nisto papi - digo-lhe e solto uma gargalhada e entro para ir buscar um sumo com a Raze.

Essa não foi a única vez que nos beijamos, praticamente virou um hábito e nas brincadeiras começamos a intensificar as coisas, nada de penetrações ou coisas que envolviam vaginas, isso repetiu-se até aos meus doze anos, depois decidi dar um basta na nossa "relação" porque a minha mãe já estava a estranhar, porque embora a Gabi não quisesse namorar com ninguém ela sempre recebia cartinhas e presentes e ia contar entusiasmada para a minha mãe e eu sempre que recebia cartas rasgava e comia os doces e pouco me interessava pelo desespero dos rapazes em tentar alguma coisa comigo.
Certo dia, enquanto eu estava na escola, a minha mãe entrou no meu quarto para arrumar nas minhas gavetas as roupas que a secretária acabava de engomar, bom é importante salientar que eu e a Gabi já dormíamos em quartos separados , porém, um ao lado do outro, quando a minha mãe abriu a minha gaveta das calcinhas encontrou uma cartinha da Raze a dizer que me amava muito.
Ela fez muitas perguntas a respeito da carta mas inventei qualquer coisa que fez com que esquecesse temporariamente e então foi aí que tive a brilhante ideia de aceitar um dos meus pretendentes, o Marvin.
Mesmo com o meu desinteresse pelos cosméticos e sainhas atraía muitos rapazes, assim como a minha irmã também, o Marvin era sem dúvida o rapaz que eu considerava minimamente aceitável perante aquele bando de tesos, ele jogava basket comigo e por isso decidi lhe dar uma chance.
Eu nunca tinha me relacionado com um rapaz ou melhor nunca tinha estado com outra pessoa que não fosse a Raze.
Marvin era mais alto do que eu e era o melhor jogador da esquipa do meu pai e de certa forma até que tivemos uma "relação" razoável.
No início daquilo que podemos chamar de namoro eu deixei bem claro para ele que eu nunca tinha beijado ou qualquer coisa do gênero ( bom , no beijar menti muito né mas deixemos) e ele foi super educado e disse que nunca faria algo que fosse contra a minha vontade e logo comecei a ponderar a possibilidade de um dia começar realmente a gostar dele.
Lembro-me do brilho nos olhos da minha mãe quando contei no almoço que eu aceitei o Marvin, e tentei esboçar aquilo que me pareceu o sorriso mais falso que alguma vez fiz e logo a Gabi estranhou e quando subimos segui-me para o meu quarto e começou a fazer-me um monte de perguntas, embora eu nunca tenha dito a Gabi que gostava só de meninas ela já sabia das minhas brincadeiras com a Raze.
Passados três meses desde que comecei a namorar com o Marvin, fomos todos a uma festa e eu bebi demais, já nem me aguentava e foi nesses bebes e mais bebes que acabei por beijar pela primeira vez o Marvin, no momento estava sobre efeito do álcool e não senti um certo incômodo com aquilo, lembro vagamente de bebermos e começarmos a dançar e do nada as emoções estavam lá no auge e pumba os lábios dele estavam bem colados aos meus e eu senti a sua língua quente a entrar na minha boca e retribui o beijo, para piorar tudo a Raze viu e foi chorar no colo da Gabi. No dia seguinte quando acordei tinha a minha querida irmã com um ar furioso sentada na minha cama e percebi logo que fiz merda.
O Marvin ia sempre almoçar e até jantar na minha casa, e claramente a Raze lhe tratava mal quando calhava o dia que ambos estavam aqui, aquilo era sufocante de um modo insuportável, uma vez eu e o Marvin decidimos ir sentar no quintal após o jantar porque o ambiente com a Raze na sala já não estava a dar e foi aí onde ele me beijou, foi nesse dia que tive a certeza que não gostava de homens, o sentimento foi tão estranho, e quando ele me tocava me remetia uma sensação puramente desconfortável até que ele passou a mão pelos meus seios e me afastei.
Passadas duas semanas acabamos e fui pedir desculpas a Raze, eu já não aguentava ficar sem ela, ela era a única que me dava tesão mas ela me rejeitou e respeitei a decisão dela até porque eu é que causei aquilo.
Depois do Marvin peguei com uma miúda que jogava comigo, mas foi algo que aconteceu nos balneários e foi repentino, estamos completamente peladas a tomar banho cada uma na sua cabine até que quando vou buscar a minha toalha no banco  em frente à minha cabine me deparo com ela ali parada nua e num movimento rápido ela me pega e empurra para dentro da cabine que eu estava anteriormente e começa a beijar-me intensamente. Não posso dizer sinceramente que não gostei, porque a verdade é que foi muitooooo bom, mas não trocaria a Raze por ela.
Depois de um mês eu e a Raze voltamos, e a minha querida mãe não estranhou nada, desde o dia que trouxe meu primeiro namorado ela meteu na sua cabeça que talvez eu é que ainda não tivesse apanhado o rapaz certo e quisesse realmente me dedicar ao basket, não que isso não fosse verdade, eu queria mesmo dedicar-me ao basket.

Aprendi a ser EuOnde histórias criam vida. Descubra agora