Capítulo 21

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Depois de um bom tempo a tentar mudar de ideias Gabi pede a uma enfermeira para chamar o Dr. e ele diz-me que é verdade sobre os papéis que Gabi assinou e que já era do conhecimento dos nossos pais, não consigo parar de chorar e sinto a mão da Gabi no meu rosto a limpar as lágrimas.

- Eu preciso ir, já não aguento. - faz uma pausa - os meus órgãos já estão praticamente todos afetados pelo tumor, estou a sofrer Manu, por favor desliga o oxigênio.

Limpo as minhas lágrimas e olho para o Dr. vejo que ele está a tentar se controlar, levanto-me e vou até a máquina de oxigênio, olho para o Dr. e vejo ele a se dirigir para o sofá que têm no quarto no intuito de nos dar mais privacidade e ao mesmo tempo a espera do momento para me consolar, olho para Gabi e ela sorrí.
Olho para máquina e novamente para Gabi, desligo a máquina sem desviar os olhos dela, Gabi tira a máscara de oxigênio e suspira, volto para cama e deito-me ao seu lado, passo a mão pela sua careca e ambas soltamos gargalhadas, ela fecha os olhos e suspira, volta abrir e olha para mim.

- A minha vida valeu a pena porque tu fizeste parte dela desde a barriga, amo-te Manuela e estarei contigo em todos momentos bons e principalmente nos maus. - pega no colar dela e diz - não deixes que ninguém tire esse colar de mim.

- Eu também te amo Gabi mais do que estás palavras podem expressar.

Ela aperta a minha mão e eu encosto a cabeça no seu peito, a sua respiração torna-se lenta até ao momento que para e sinto ela apertar com mais força a minha mão, olho para ela e ela sorri, sinto o seu aperto na minha mão ficar cada vez mais leve e ela fez lentamente os olhos e a máquina dos batimentos começa apitar e a decrescer, chego no seu ouvido e digo lhe que a amo antes da máquina chegar a zero.

Trinta minutos depois os meus pais chegaram e eu peguei nas chaves do carro e fui até a casa da praia, quando lá cheguei vi a cadeira de rodas que deixei da outra vez para conseguir chegar a tempo no hospital, sento-me nela e suspiro, tiro a carta que estava dobrada do meu bolso e suspiro antes de ler .

" Manu, se estás a ler está carta é porque certamente já deixei este mundo, antes de mais queria te agradecer por todos momentos bons que me proporcionastes, amo-te muito e ser tu a irmã foi sem dúvidas a melhor coisa que me aconteceu...
Quero que saibas que tenho muito orgulho de ti, quero que sejas muito feliz meu amor mas para isso tens que tirar esse enorme peso que carregas nos teus ombros faz anos, precisas contar que amas a Raze, não há nenhum mal nisso e no fundo tu sabes que o pai e a mãe vão entender que não sentes o mesmo que sentes pela Raze com homens, isso não deveria ser nenhum problema, na verdade tu tens medo de lhes decepcionar mas não vais.
Hoje a mãe e o pai vão ler cada um à sua carta e depois a que o Dr. Castro vai lhes entregar, tu terás que estar lá porque logo depois tu vais contar, estarei a segurar fortemente a tua mão.
Vou segurar ela sempre .

Amo-te eternamente.
Gabriela."


Suspiro quando acabo de ler a carta e vou pegar numa garrafa de whiskey antes de guiar até casa porque vou precisar, tranco a casa e levo a cadeira de rodas até ao carro para devolver no hospital e ligo o carro.
Quarentena minutos depois estou a estacionar na entrada de casa e vejo o carro da Raze também estacionado, suspiro pois a tarde será longa.
Entro e a minha mãe serve algo para eu comer, por incrível que pareça o ambiente não estava tão deprimente quanto eu esperava, acho que todos já leram as suas cartas, acabo de comer e Raze vem ter comigo e da-me um beijo no ombro.

- Estás pronta? - pergunta e eu abando afirmativamente a cabeça.

Vamos para sala e sentamo-nos, pego na garrafa de whiskey e sirvo-me, bebo e volto a servir, a minha me esqueceu-se da carta no quarto por isso sobe e vai buscar, desce uns cinco minutos depois.

- O Castro quando me entregou a carta exigiu que eu lê-se na frente de todos, sendo esse o desejo da Gabi. - faz um pausa para abrir a carta e começa a ler num tom alto para que todos ouvíssemos.

"Querida mãe, espero que estejas a ler para que todos possam ouvir, amo a cada um nesta sala, espero também que cada um tenha lido a sua carta.
Mãe e Pai, o que vai acontecer hoje é algo que tem sido adiado faz tempo, não me refiro a minha morte, e sim ao que a Manu tem para contar.
Estejam preparados e não lhe atirem pedras, eu sei que não vão né kkkk, mas sempre é melhor prevenir.
Manu boa sorte, estarei apertando a tua mão mesmo que não sintas.

Com amor,
Gabriela."

Minha mãe olha para mim com um ar curioso e o meu pai também, pego no copo de whiskey e bebo, olho para Raze e depois para Zed, fecho o olhos e penso em Gabi ao meu lado, ganho forças .

-  Mãe e pai, o que tenho para contar é algo muito forte mas por favor ninguém fala até eu acabar. - faço uma pausa para ver se todos perceberam e continuo - eu nunca gostei de homens, nem do Marvin e ele já sabe do meu segredo, eu tentei namorar com ele porque mãe estava sempre a perguntar sobre namorados e tal, mas eu sempre amei a Raze, foi a minha primeira namorada e nos afastamos quando comecei a namorar com Marvin só que eu não aguentava ficar longe dela e acabei com Marvin por ela, estamos juntas à anos, o Zed sabia e a Gabi claramente, eu só queria ser uma miúda "normal" como a Gabi mas eu não sou, peço desculpas.

- Estás a pedir desculpas porquê Manu? - a pergunta da minha mãe pega-me de surpresa.

- Eu sempre soube que não gostavas de rapazes por isso sempre dizia que o basket era o teu foco quando a tua mãe perguntava sobre homens. - diz o meu pai com um sorriso.

- Vocês não estão decepcionados? - pergunto chocada.

- Ao menos tens bom gosto. - diz a minha mãe e todos rimos - desculpa filha por ter insistido nisso do Marvin, eu amo-te como tu és, nunca pensei que terias que ser como a Gabi.

Levanto-me e vou abraçar os meu pais, estava tão feliz, graças a Gabi libertei-me de um grande peso e agora poderei finalmente ser feliz com a Raze.

Aprendi a ser EuOnde histórias criam vida. Descubra agora