Me nota senpai!

Férias

Ressaca moral foi uma criação primorosa de um deus perverso para atormentar a consciência.

Tive essa certeza ao sentir um terror absoluto de encarar Kakashi de novo depois da noite atípica que passamos. Céus, realmente flertei com meu ex-sensei, atual Hokage!

E pior, levei um fora.

Só que a sensação ruim logo passava quando lembrava de sua expressão ao dizer "é muito fácil te ver como mulher". Poderia dizer a mim mesma que foi apenas bom senso, já que claramente sou adulta. Mas aquele olhar... Vi fogo ali, e queimei inteira.

Depois disso, achei prudente ficar um tempo sem vê-lo. Tinha acabado de decidir dar um basta na obsessão com Sasuke, era só o que faltava arranjar outra!

Nos dois primeiros dias, meus lábios formigavam de vontade de repetir a experiência do beijo, mas dessa vez com ele – e com o Uchiha, confesso. Andei pelos corredores do hospital rindo sozinha do tipo de barbaridade que eu fantasiava com ambos enquanto acenava com cara de anjo para as pessoas que passavam.

Depois, quando a fantasia ficou quente o suficiente para sair da cabeça e se espalhar pelo corpo, o sorriso morreu e deu lugar a uma irritação crescente. E a essa altura, Sasuke e toda sua frieza estavam mais distantes dos meus pensamentos do que estavam de Konoha: meu desejo estava todo direcionado para o homem dos cabelos prateados.

No sétimo dia, já não sabia o que fazer para afastar a maldita curiosidade que ele despertava: desfilava sob os olhos fechados uma série de imagens mentais de como ele seria sem a máscara, sem a camisa, sem a roupa...

O relógio ainda marcava onze da manhã e cada minuto se arrastava insuportável, dando a impressão que o dia seria longa como um castigo.

Para minha sorte almoçaria com Ino, que certamente me distrairia com seu jeito impetuoso e divertido.

Tudo o que eu precisava.

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Perceber que a Sakura me evitava foi ao mesmo tempo, gostoso e aterrador.

Gostoso porque deixava óbvio que não conseguia ser indiferente à minha presença, e aterrador porque mostrava que colocou a cabeça no lugar e percebeu quão descabido seria um envolvimento nosso – justo agora que eu tinha entregue os pontos e admitido que queria ver onde isso podia dar.

De tanto tentar podia conseguir se afastar de vez.

Tentei algumas vezes aparecer no hospital casualmente para perguntar sobre algum chunin regressando de missões ou trombar durante o almoço, mas tão logo me percebia no ambiente a garota sumia tão rápido quanto o desabrochar de uma cerejeira.

Reuni os papeis que guardavam as próximas missões a distribuir e foquei no trabalho. Dessa vez todas eram tranquilas, resultado da paz tão duramente conquistada: apenas algumas escoltas e um resgate.

Apesar de saber que devia permanecer aqui para estudar e aprender um pouco sobre a rotina de um kage, Naruto se acotovelava com os demais como se disputasse uma missão, excitado com a possibilidade de sair da vila em uma aventura.

Depois de terminar as distribuições e revisar alguns documentos fui almoçar, cedendo aos pedidos estridentes de Naruto para comermos lámen - e para meu desagrado, ele já tinha chamado metade da vila para ir junto, justo quando eu mais precisava de sossego.

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Eu deveria saber que tentar esquecer uma atração à força só pioraria tudo. Cada minuto de resistência só tornou a tentação ainda mais perigosa quando entrei no restaurante e o avistei distraído lendo seu Icha Icha ao fundo.