Cada dia das férias de Sakura passou devagar, queimando meu coração com o medo de que por qualquer motivo, decidisse não voltar ou no mínimo, estender a viagem.
Imaginá-la fazendo isso era difícil, só que depois da guinada que ela parecia disposta a dar em sua vida todas as possibilidades podiam ser válidas.
Shikamaru estava em minha frente analisando com atenção meus devaneios; será que conseguia deduzir o teor das preocupações?
- É amanhã que ela volta?
- É.
- Devia confiar mais no julgamento dela.
Sim, ele conseguiu, ou eu que estava dando muito na cara. Suspirei e enterrei o rosto entre as mãos, pensando se seria conveniente me abrir com meu conselheiro sobre algo íntimo.
Cheguei à conclusão que fora Shikamaru, não poderia partilhar isso com mais ninguém.
- Sei disso... É do meu julgamento que desconfio.
Franziu o cenho e me encarou com nítida reprovação.
- Como assim?
- Tenho medo de magoar a Sakura... Se não corresponder plenamente seus sentimentos, entende?
Ele ponderou por um momento e quando voltou a falar, tomou cuidado com cada palavra, o suficiente para eu saber que seriam pesadas.
- Ela superou Sasuke, o grande amor da vida dela. Nem que você queira conseguirá machucá-la tanto quanto ele machucou. Na pior das hipóteses, ela também te supera.
Cada vírgula mais verdadeira que a outra. Ainda assim, nossas situações são diferentes.
- O que ela sentia era platônico. Será que teria superado se Sasuke correspondesse?
- Como podemos saber? Ele foi embora.
A frase resumia meu medo. O Uchiha era seu amigo e companheiro de time. Já eu, sempre fui aquele para quem corria quando tinha algum problema, inclusive com ele. Mesmo que fosse o primeiro amor dela, sempre fui o porto seguro. Para quem ela correria se algo desse errado entre nós?
- Essa é a questão. E se a gente se envolver e eu acabar machucando Sakura de alguma forma...
No momento mesmo em que colocava para fora o problema, a resposta soava clara em minha mente: ela correria para si mesma. Agora, adulta e madura, era seu próprio porto seguro.
Shikamaru bocejou, demonstrando que sua paciência para o assunto beirava o esgotamento.
- Sabe o que acho? Que é você quem tem medo de se envolver e se machucar. A Sakura sempre foi entregue aos sentimentos dela; você é que sempre abafou os seus.
Mal terminou de falar, levantou e saiu da sala com a mesma postura calma de sempre, ignorando a bomba que jogou em meu colo.
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Retornar pra casa foi gostoso.
Claro que já tinha saído em missões antes, mas tirar férias foi diferente. Pela primeira vez, passei um período concentrada apenas em mim, o que queria, o que sentia, em quem me transformei, e a sensação foi ótima.
Quando disse que voltaria mais apta a lidar com minhas questões, nem imaginei o quanto correspondeu à verdade: estava mais animada para trabalhar, com genuína saudade dos amigos e principalmente, mais certa do que nunca da minha atração por Kakashi.
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Me nota senpai!
RomantizmUma conversa na mesa do bar explode a imagem que Sakura tinha de Kakashi. E agora ela não vai descansar até conseguir entender todo o mistério por trás do ex sensei.