O sorriso bobo marcou permanentemente meu rosto durante a madrugada, a insônia avançando doce com pensamentos dos rumos que a noite poderia ter tomado caso Sakura não tivesse pedido calma.
Calma...
Difícil e ao mesmo tempo, tão fácil de ter, porque ela tinha esse jeito de conseguir tudo de mim, sempre teve, por mais que esse ritmo lento fosse uma tortura. Mas algumas torturas são gostosas, desejáveis até. Essa aproximação cuidadosa com certeza era desse tipo.
Ainda assim, mantinha algumas preocupações. Na verdade, várias delas: a reação das pessoas quando tornássemos público nosso envolvimento, o desafio de manter o interesse de uma jovem fascinante como ela, as dificuldades de conciliar minhas atividades com uma rotina que garantisse à Sakura toda a atenção que merece.
Comparados à essas questões, todas as piores missões das quais participei pareciam pura brincadeira de criança.
- A Vila tem sorte de estar vivendo um período de paz, já que tem um kage com a cabeça na lua.
Olhei para Shikamaru sem me aborrecer; partilhava dessa opinião, agradecia até.
- A paz é bem-vinda com qualquer kage.
Ele acenou em concordância e voltou para suas atividades, mas sabia que já tinha lançado a isca e eu morderia: estava louco para desabafar e colocar um pouco de ordem no caos interno.
- Não sei qual o próximo passo.
- O que faria se fosse qualquer outra pessoa?
Apreciei o fato de poder omitir nomes e detalhes; até que as coisas estivessem mais definidas, preferível manter a discrição.
E como sempre, me deu um conselho sensato: precisava superar os vínculos que nos ligavam antes e forjar novos, trata-la como a mulher que eu quero ao lado e não a menina que treinei anos atrás.
Estava na hora de oficializar nossa relação.
- Você é um ancião preso no corpo de um jovem, Shikamaru.
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Passei a manhã imersa em lembranças, arrepiada à simples memória dos momentos da noite anterior.
Nas últimas semanas Kakashi e eu nos vimos quase todos os dias e o relacionamento ficava gradualmente mais sério e íntimo. Contudo, não tínhamos combinado nada nem conversado sobre nossa situação: tudo correu tão natural, que simplesmente seguimos o fluxo, e isso me preocupava um pouco.
Quando reparei que Ino me observava há tempos na porta do consultório soube que seria impossível escapar de sua metralhadora de perguntas.
- Você está feliz.
Ri da afirmação que soava quase como uma acusação, e confirmei o óbvio.
- Estou.
- E tá escondendo o motivo.
- Precisa de motivo para ser feliz agora?
- Quando é uma felicidade atípica assim, precisa, e eu quero saber em detalhes.
Estava mesmo morrendo de vontade de abrir o coração, só que lembrei da promessa feita a Kakashi de que manteria segredo sobre tê-lo visto sem a máscara, e mesmo que escondesse esse detalhe ela intuiria ao ouvir o resto do relato. Decidi contar só parte da história.
- Conheci alguém...
Os olhos dela brilharam ao ouvir minha confissão tímida.
- E conheceu bem, por esse vermelhão na bochecha.

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Me nota senpai!
RomanceUma conversa na mesa do bar explode a imagem que Sakura tinha de Kakashi. E agora ela não vai descansar até conseguir entender todo o mistério por trás do ex sensei.