Capítulo dois

30 6 5
                                    

Desde minha pré adolescência ouvi comentários como "Sarah, eu gostaria de ser como você" ou "Queria que minha filha fosse tão boa quanto você" e de certa forma eu gostava de receber esses tipos de elogios o que me fez riscar a primeira regra da lista: Seja um exemplo para todos

Gostaria de poder dizer que seguir a ordem das regras foi fácil, mas não. Por diversas vezes quis pular da primeira para a terceira ou da segunda para a quarta, mas sempre que isso acontecia eu me lembrava da promessa e voltava ao início

- Sarah, o ônibus está vindo!. - Minha avó gritava

Ao descer as escadas a vejo parada na porta como costumava a ficar todas as noites: com sua camisola de flores amarelas e as chaves da porta na mão. Sempre depois que eu ia para a faculdade ela se trancava pois acreditava que alguém iria entrar para roubar a casa mesmo que já soubesse que nosso bairro era o mais tranquilo da cidade

- Tome cuidado, você sabe que essa hora da noite é perigosa. - Ela diz segurando em minhas mãos

- Eu sei vó, vou tomar cuidado. - Digo e ela deposita um beijo em minha testa

O ônibus para do outro lado da rua, saio da porta caminhando até o portão; olho para trás e a vejo acenando. Subo no ônibus e entrego o passe ao motorista que era nosso conhecido e um bom homem, como de costume ele sorri como um cumprimento

Caminho até meu assento favorito, o último do lado esquerdo. Coloco meus fones de ouvido e apoio minha cabeça sobre o vidro da janela, me distraio vendo os carros passarem como borrões na rua

Depois que minha mãe morreu, a minha avó passou a ser minha figura materna. Ela me ensinou tudo o que eu precisava saber sobre a vida, eu a amava e amava sua companhia, embora sabia que ela não estaria sempre alí para mim

Eu estava cursando o primeiro ano de administração. Demorei um pouco para começar pois a faculdade era um pouco cara e não tinha como pagar, então tive que arrumar um emprego como garçonete em uma pequena cafeteria no centro da cidade. Minha rotina era a mais entendiante possível: acordar cedo, ir trabalhar, ir para a faculdade e dormir tarde.
Mas eu nunca reclamei, embora fosse tudo muito corrido gostava da idéia de um dia poder ter minha própria empresa

- Sarah!. - Sinto alguém me cutucando, ao olhar para o lado vejo o motorista, retiro um dos fones olhando para ele. - Chegou. - Ele diz e eu olho para o outro lado vendo a entrada da faculdade

- Obrigada, Simon. - Digo me levantando e me apresso a sair do ônibus

Passo pela entrada da faculdade e vejo as pessoas que estava acostumada a ver todos os dias. Alguns andavam em grupos, outros em duplas e uns sozinhos, eu me identificava com eles

Sempre me disseram que na escola eu poderia encontrar os melhores amigos, mas também poderia encontrar os piores.
Uma vez minha vó me disse "Se não lhe agrega, não faz falta. Mas terá sorte se ter pelo menos um melhor amigo na vida."

Eu nunca soube realmente o que ela queria dizer com aquela frase, talvez porque eu nunca tive um melhor amigo

O sinal toca e todos vão para as suas salas, me sento e fico observando os grupinhos de amigos conversando até que o professor chega e da início á aula

As aulas de logísticas eram as minhas preferidas, muitas meninas também gostavam, mas não pelo conteúdo das aulas e sim pelo professor que mais tarde apelidaram de "Professor bonitão" o que eu achava ridículo

As regras do amor {Em pausa}Onde histórias criam vida. Descubra agora