Capítulo cinco

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Era óbvio que eu tinha pulado da terceira para a quinta regra e claro, tinha sido um desastre, mesmo assim fiz questão de riscá-la: Ter sua primeira experiência com o amor.

Daquele dia em diante eu coloquei em minha cabeça que jamais voltaria a burlar as regras, minha mãe levava promessas muito a sério e eu não queria desapontá-la; por mais que tivesse a impressão de que ela estava decepcionada comigo.

Depois de duas semanas evitando Ethan, eu resolvi sair de casa e enfrentá-lo, afinal, ele devia uma explicação melhor do que "Sempre dou rosas para minhas amigas e você está realmente linda" ah, qual é?.

Olho atráves das cortinas e o vejo do outro lado da rua sentado na calçada. Vou até o espelho do quarto e passo um batom vermelho nos lábios, arrumo os cachos de meus cabelos e ajeito meu casaco. Já estava quase na hora de ir para o trabalho e por que não provocá-lo antes de ir?.

Abro a porta e vejo Ethan com a cabeça baixa, o que era bom já que podia chamar sua atenção. Caminho até o carro, meus saltos altos faziam barulho a cada passo mas não era o suficiente, ele não olhava, droga!.

Peguei as chaves do carro e apertei o botão do alarme que logo fez um breve barulho indicando que as portas foram destravadas, olho pelo retrovisor e o vejo levantando com os olhos pregados em mim, abri a porta prestes a entrar quando ouço seus passos vindo em minha direção.

- Sarah!. - Ele diz antes que eu possa entrar

- Ethan, como vai?. - Pergunto me virando

- Estou bem, na verdade estava mais preocupado com você. Faz tempo que não a vejo. - Ele diz parecendo confuso

- Ah! Eu estava cheia de coisas para fazer, em casa e no trabalho, acho que essa é a parte ruim de virar adulto. - Digo o fazendo rir

- Sim, mas podemos tirar esse tédio com bebidas e uma boa festa para esquecer das responsabilidades chatas.

Ao terminar a frase ele dá uma pausa como se quisesse dizer alguma coisa. Seus olhos pousavam em minha boca e em seguida ele sacudia levemente a cabeça se negando ao que estava vendo. De repente uma garota grita por ele e rapidamente atravessa a rua, sua expressão mudou instantaneamente ao ver ela se aproximando.

- Sarah, quero que conheça Laura, minha namorada. - Ele diz e a garota sorri

Naquele momento eu dispensei qualquer explicação sobre a noite da festa.

- Como vai?. - Ela diz se aproximando e da um beijo em minha bochecha como um cumprimento. - Ethan me contou sobre você, espero que um dia possamos sair juntas.

- Ah claro, quanto mais melhor. - Digo sorrindo e em seguida olho para ele

Ethan rapidamente abaixa a cabeça, certamente poderia estar lembrando do beijo na festa, era notável que ele estava desconfortável com toda aquela situação.

- Bom. Foi um prazer te conhecer mas eu preciso ir agora ou vou ter problemas com a minha chefe. Até mais Ethan. - Digo e ele me olha dando um sorriso forçado

Adentrei o carro e dei a partida, buzinei em uma despedida e segui ao caminho do trabalho.

Depois de alguns minutos dirigindo, chego a cafeteria que se encontrava fechada o que era estranho pois Amanda chegava mais cedo do que todos. Liguei para seu celular mas o mesmo se encontrava desligado, em seguida a vi se aproximando; ela parou seu carro ao lado do meu e desceu com óculos escuros no rosto, seus cabelos estavam soltos e sua roupa amassada, o que claramente mostava que ela havia dormido daquele jeito.

Ela passou por nós e colocou a chave na fechadura sem dizer uma palavra dando abertura na loja, nada disso era de seu feitinho, era evidente que algo tinha acontecido.

Ao abrir a porta de vidro ela pega em minha mão e me guia até seu escritório que ficava no fim do corredor subindo as escadas, depois de nos colocar para dentro ela bateu a porta e fez sinal para que eu me sentasse a sua frente.

Ficamos uns dez minutos em silêncio até que ela olhou para mim e tirou os óculos escuros deixando com que eu a visse e então eu entendi o porque de estar os usando; seu olho esquerdo estava roxo, então ela afastou seus cabelos e abriu seu casaco deixando seu pescoço a mostra com marcas de dedos sobre ele, claramente ela havia levado um soco e como se não fosse o suficiente, tinha sido estrangulada.

- Quem fez isso?. - Pergunto horrorizada com o que estava vendo

- Eu pensei que dessa vez seria diferente. - Ela diz com a voz embargada e rapidamente eu a puxo para um abraço. - Eu pensei que ele ia mudar, Sarah.

Eu não sabia o que fazer, nunca tinha passado por algo do tipo e definitivamente me sentia inútil por não saber como agir.
Ficamos por alguns minutos abraçadas, até que ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro.

- Eu não quero mais ficar aqui, se eu ficar ele me mata. - Ela dizia colocando as mãos na cabeça

- E você vai para onde?. - Pergunto me levantando

- Meus pais tem uma casa em Cambridge, eu vou ir para lá e quem sabe eu consiga abrir um negócio, eu sei que algo bom me espera mas não vai acontecer aqui, ele me enforcou, só Deus sabe o que mais pode acontecer comigo se eu ficar. - Ela diz e segura em minhas mãos

- Eu concordo, mas não pode sair assim de uma hora para outra, você tem uma vida aqui, o que pretende fazer com sua casa e a loja?. - Pergunto arqueando a sombancelha

- Eu vou alugar minha casa e com o dinheiro posso investir em um negócio em Cambridge. Quanto á loja, eu espero que você saiba cuidar dela.

Seus olhos se encheram de lágrimas ao falar da cafeteria, quem a conhecia sabia que ela havia lutado muito para que pudesse tê-la.

- O que está querendo dizer?. - Pergunto enquanto sentia meu coração acelerar

- Sarah, eu disse inúmeras vezes que você seria uma boa empreendedora, sei o quanto sonhou com isso e agora eu posso dar a você. Quero que fique com a minha loja, faça dela o que quiser, mas não vou aceitar um não como resposta.

Minhas pernas estavam trêmulas e um grande nó tomava conta de minha garganta, não conseguia acreditar no que Amanda acabou de dizer, com a voz falha e tomada por ansiedade respondi:

- Sim. Sim, eu fico com a loja.

Dois dias depois eu pude ver minha melhor amiga indo embora. Gostaria de ter a visto partir por ter conseguido dinheiro para ir á algum lugar do mundo que gostasse muito, ou de qualquer coisa do tipo, menos por causa de um homem.

Vê-la partindo me fez pensar que novamente eu estava sozinha em minha própria e única companhia...

As regras do amor {Em pausa}Onde histórias criam vida. Descubra agora