#8 PRUMVILLE

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K A T H E R I N E

Maio.

Levei vinte minutos para chegar até Rochdale, um pouco menos do que o tempo habitual com as avenidas carregadas de trânsito.

Meu acesso ao prédio da Vortex foi permitido assim que me aproximei do portão, sem nem precisar apresentar minha credencial, Paul já me conhecia, mas eu não esperava o encontrar ali também aos finais de semana. Abri a janela para cumprimentá-lo, fechando em seguida quando cruzei pelos portões.

Escolher encontrar Shane na Vortex foi a melhor opção encontrada, porque eu sabia exatamente como aquelas redondezas funcionavam aos finais de semana, especialmente de domingo. Tão vazio quanto as cenas de filmes do velho oeste com bolas de feno rolando pelas ruas.

Eu estava ansiosa, nervosa e com um pouco de medo. A sensação se comparava com o que eu sentia quando ia à encontros aos meus 14 anos, época em que eu era uma adolescente introvertida e desengonçada para fazer qualquer coisa ou tomar alguma atitude, mas isso tudo porque Shane era de Stanmore. A rivalidade existia desde antes de 1895, meus pais só se casaram porque ambos eram de Drale, já que meus avós jamais permitiriam laços afetivos com alguém de Stanmore. E desde então eu duvidava que alguém daquela universidade tivesse colocado os pés na nossa casa. Algumas famílias levaram a tradição adiante e Tyler foi criado assim como o meu pai, abominando todos os seres vivos de Stanmore como se eles tivessem feito algo de muito grave para nós de Drale.

E era por conta disso tudo que eu estava me sentindo quase sufocada dentro do carro enquanto passava a mão sem parar no meu cabelo e encarava meu reflexo pelo espelho retrovisor.

Respirei fundo, deixando essa picuinha de família de lado. Shane já deveria estar chegando se ele fosse um cara pontual, portanto eu precisava fazer meu caminho até o lado de fora para esperá-lo na rua.

Estava tudo bem.

Com a bolsa pendurada em meu ombro dei uma última olhada em como estava pelo reflexo da janela do carro e cogitei entrar nele novamente, dizer para Shane que um imprevisto aconteceu e que eu precisei retornar para casa imediatamente. Ri da idiotice. Katherine Cooper, vamos lá, você já tem 27 anos. O máximo que podia acontecer comigo era ter que lidar com meu pai e Tyler e a confusão que os dois armariam juntamente aos que eram mais próximos. Mas, estava tudo bem, não havia a mínima possibilidade de encontrarmos com alguém relevante em Prumville.

Apertei a alça da bolsa com os dedos e caminhei até a escada que levava até o térreo, na extensão toda do estacionamento não avistei uma alma viva, havia no máximo dez carros estacionados e seguranças que eu não conhecia, certamente porque eles trabalhavam aos finais de semana e eu nunca fui muito apegada ao meu local de trabalho em dias de folga.

Passei meu cartão pela catraca e cumprimentei de longe o único homem que estava na portaria naquele domingo. O hall de entrada da Vortex era tão grande, mas eu mal reparava naquilo durante a semana com o tanto de pessoas que circulavam ali ao mesmo tempo. O pé direito do hall deveria ter mais do que 5 metros, era muito alto e as enormes janelas que deixavam as paredes quase sem nenhum material além do vidro faziam o ambiente parecer ainda maior e arejado.

Caminhei até o lado de fora olhando para o chão de mármore marrom claro e pensava no quanto deveria ser trabalhoso para limpar aquilo. Eu estava tentando pensar em qualquer coisa que não fosse aquele encontro.

Desci os poucos degraus da escada que separava da calçada as grandes portas de entrada Vortex e entrei na minha conversa com Shane para avisá-lo que já estava ali, mas constatei que um minuto atrás ele já tinha avisado que estava chegando.

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⏰ Última atualização: Jun 27, 2020 ⏰

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