-Como assim não posso matar ele?-José Ludovico perguntou impaciente para sua mulher, que estava sentada com um caderninho azul no colo.
-Eu preciso dele-Juliene Ludovico respondeu, sem levantar o olhar-ele vai ser útil para nós.
-Pra nós? Eu não tenho nada a ver com você e seus problemas com o padre...
-Você sabe que tem, José Ludovico.-Juliene encarou o marido-Ele pode vir cobrar aqueles 15 mil, o quê você vai fazer? Atirar nele?-ela riu, dissimulada.
-Mulher...
-Não!-ela levantou a mão, silenciando o gordo- Você vai fazer o que eu mandar, ou esqueceu que conheço todos os seus segredos?
José encarou a mulher, incrédulo naquelas palavras que saiam de sua boca.
-Você,-ela levantou-se do sofá, soltando o caderninho, arrumando a saia jeans e chegando o rosto próximo ao do marido, a ponto de sentir seu hálito- não passa de um covarde! E vai fazer tudo que eu dizer, ou sua família será arruinada, isso-ela mostrou a casa com as mãos- e todas as propriedades de seus pais serão devolvidas aos verdadeiros donos...
-Como...?-José sentou-se no banco de madeira no canto da parede, tomando fôlego- como você descobriu?
-Eu nunca fui idiota!-ela olhou de soslaio para o marido- Sabia que os Ludovico guardavam segredos, mas agora eu sei qual é...
Juliene sorriu, maliciosa, e pegou o caderninho azul.
-De quem é esse caderno?-José Ludovico soube que era dele que vinham os segredos.
-Esse caderno?-ela bateu na cara do homem com o objeto-Meu!
José bufou e cuspiu no chão.
-Quando foi que você enlouqueceu, mulher?-o homem levou a mão ao rosto, onde tinha sido acertado. Estava vermelho.
-Eu não enlouqueci,-ela deu alguns passos para frente- apenas acordei!
O momento entre marido e mulher foi interrompido por Rosinha, que entrou trazendo o café da manhã.
-Trouxe o café, estou me sentindo bem hoje, patroa.-ela virou-se para Juliene- Pode deixar que faço o almoço.
-Ótimo, Rosinha.-ela sorriu para a garota-Que bom que melhorou!
-Também fico feliz!-José disse com voz tremula, ainda com a mão no rosto-O Túlio já voltou?
-Nã...Não.-Rosinha respondeu cabisbaixa.
-Quando ele voltar, diga que minha mulher precisa dele!
-Claro, patrão-Rosinha fitou Juliene, que permaneceu impassível.
A mocinha saiu da sala, deixando o casal tomar café.
...
-A senhorita fica muito bem nessa cor-Joana apreciava a amiga, que usava uma camisa roxa avermelhada e uma calça de cintura alta com um cinto de couro marrom.
-Deixe de ser boba, Joana- Virgínia sorriu, sem graça.
-Mas é sério! Você tá linda, Virgínia!
Virgínia sorriu e corou, o vento frio das manhãs de março goianos bateu em seus cabelos castanhos fazendo eles voarem, sutilmente, sobre seus ombros.
-Antoine vem te buscar aqui na fazenda?-Joana perguntou, enquanto pegava as roupas do cesto para serem lavadas.
-Não, vou ao povoado-ela borrifou perfume em seu busto- De lá nós vamos para a capital.
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Padre Antoine
RomanceVilinha é um simples povoado de Goiás, após a morte do padre Pontes, um novo padre é destinado para fazer o serviço religioso do local. Este novo padre é Antoine, um antigo morador do povoado e filho de uma das senhoras mais ricas da região. Antoine...