Capítulo 13

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-Como assim não posso matar ele?-José Ludovico perguntou impaciente para sua mulher, que estava sentada com um caderninho azul no colo.

-Eu preciso dele-Juliene Ludovico respondeu, sem levantar o olhar-ele vai ser útil para nós.

-Pra nós? Eu não tenho nada a ver com você e seus problemas com o padre...

-Você sabe que tem, José Ludovico.-Juliene encarou o marido-Ele pode vir cobrar aqueles 15 mil, o quê você vai fazer? Atirar nele?-ela riu, dissimulada.

-Mulher...

-Não!-ela levantou a mão, silenciando o gordo- Você vai fazer o que eu mandar, ou esqueceu que conheço todos os seus segredos?

José encarou a mulher, incrédulo naquelas palavras que saiam de sua boca.

-Você,-ela levantou-se do sofá, soltando o caderninho, arrumando a saia jeans e chegando o rosto próximo ao do marido, a ponto de sentir seu hálito- não passa de um covarde! E vai fazer tudo que eu dizer, ou sua família será arruinada, isso-ela mostrou a casa com as mãos- e todas as propriedades de seus pais serão devolvidas aos verdadeiros donos...

-Como...?-José sentou-se no banco de madeira no canto da parede, tomando fôlego- como você descobriu?

-Eu nunca fui idiota!-ela olhou de soslaio para o marido- Sabia que os Ludovico guardavam segredos, mas agora eu sei qual é...

Juliene sorriu, maliciosa, e pegou o caderninho azul.

-De quem é esse caderno?-José Ludovico soube que era dele que vinham os segredos.

-Esse caderno?-ela bateu na cara do homem com o objeto-Meu!

José bufou e cuspiu no chão.

-Quando foi que você enlouqueceu, mulher?-o homem levou a mão ao rosto, onde tinha sido acertado. Estava vermelho.

-Eu não enlouqueci,-ela deu alguns passos para frente- apenas acordei!

O momento entre marido e mulher foi interrompido por Rosinha, que entrou trazendo o café da manhã.

-Trouxe o café, estou me sentindo bem hoje, patroa.-ela virou-se para Juliene- Pode deixar que faço o almoço.

-Ótimo, Rosinha.-ela sorriu para a garota-Que bom que melhorou!

-Também fico feliz!-José disse com voz tremula, ainda com a mão no rosto-O Túlio já voltou?

-Nã...Não.-Rosinha respondeu cabisbaixa.

-Quando ele voltar, diga que minha mulher precisa dele!

-Claro, patrão-Rosinha fitou Juliene, que permaneceu impassível.

A mocinha saiu da sala, deixando o casal tomar café.

...

-A senhorita fica muito bem nessa cor-Joana apreciava a amiga, que usava uma camisa roxa avermelhada e uma calça de cintura alta com um cinto de couro marrom.

-Deixe de ser boba, Joana- Virgínia sorriu, sem graça.

-Mas é sério! Você tá linda, Virgínia!

Virgínia sorriu e corou, o vento frio das manhãs de março goianos bateu em seus cabelos castanhos fazendo eles voarem, sutilmente, sobre seus ombros.

-Antoine vem te buscar aqui na fazenda?-Joana perguntou, enquanto pegava as roupas do cesto para serem lavadas.

-Não, vou ao povoado-ela borrifou perfume em seu busto- De lá nós vamos para a capital.

Padre AntoineOnde histórias criam vida. Descubra agora