Capítulo 15

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Miguel desceu da caminhonete e abraçou a prima, afavelmente. Com um sorriso no rosto Juliene fez algumas piadas sobre ele estar ficando velho, foi um reencontro amistoso e alegre. Antoine e Virgínia assistiram a tudo em silêncio, com sorrisos nos olhares entrecruzados. Virgínia nunca havia presenciado Juliene tão amigável e contente.

Mas a cena mudou quando ela avistou Antoine, molhado, com os  braços cruzados e recostado ao lado na caminhonete ao lado de Virgínia, que também estava molhada. Não estava chovendo em Vilinha, mas o céu ameaçava cair a qualquer momento.

 Miguel entrou na casa para se acomodar, acompanhado de uma mocinha de vestido, e Juliene veio ao encontro de Antoine:

 — Obrigada pelo carona dada ao meu primo, padre. Trouxeram minha encomenda?

 — Está dentro do carro, vou pegar — Virgínia respondeu por ele e entrou na caminhonete.

 Juliene a observou e fez uma careta.

 — Você está com um arranhão no pescoço, padre...— Comentou ela.

Antoine levou a mão ao pescoço e sentiu os pequenos cortes.

— Não são arranhões, senhora Ludovico. Nós sofremos um pequeno acidente na estrada.

— Acidente? 

— Depois Miguel te conta tudo, tenho que ir para casa agora —Antoine não tinha mais paciência com Juliene e suas provocações —O que Miguel veio fazer em Vilinha?

 — Ah — Juliene imaginou que ele perguntaria — meu primo veio arrumar emprego. Ele fez cursos de administração em fazendas.

  — Achei, aqui — Virgínia interrompeu a conversa e entregou o pacotinho a Juliene.

Juliene olhou para ela de soslaio e sorriu. Virgínia ficou incrédula.

Antoine estacionou a caminhonete de volta em seu lugar de origem veio em direção as duas mulheres que, inacreditavelmente, conversavam, mesmo que friamente, sobre algum assunto aleatório. Sem discutirem.

— Estava comentando com a senhorita Alcântara o quanto Vilinha mudou desde que Miguel se mudou para São Paulo — Juliene disse, sorrindo friamente.

Antoine encontrou os olhos de Virgínia, que apenas deu de ombros, fazendo com que ele esboçasse um sorriso bobo.

 —Juliene,— Antoine chamou —você teria uma roupa para emprestar a senhorita Virgínia?

Virgínia arregalou os olhos e Juliene topou as sobrancelhas.

 — Não precisa, Antoine — Virgínia começou — Eu já vou embora, posso trocar de roupa em casa mesmo...

 — Não se preocupe, — a senhora Ludovico interveio — eu lhe empresto um vestido de Rosinha. Deve servir.

Antoine mordiscou a unha, reprimindo uma risada.

 — Não precisa...

 — Eu insisto! — Disse Juliene, já indo em direção a sala da casa.

Virgínia assegurou-se que a mulher não a ouviria e encarou Antoine:

 — Não precisava, Antoine!

 — Eu não quero que se resfrie por minha causa, senhorita!

 — Eu não me importaria com um resfriado, seria melhor que morrer com alguma roupa envenenada dessa mulher...

 — Não faz isso! — Antoine se aproximou dela — Julie não é tão má assim, acho que ela tenta mesmo nos provocar, mas ela é uma boa mulher.

Padre AntoineOnde histórias criam vida. Descubra agora