O IDIOMA DO AMOR

Capítulo 1

Está preparado para entrar na vida da Kate? No diário virtual da Kate, conseguirá saber tudo que se passa dentro de um coraçãozinho apaixonado, muitas vezes castigado, mas empenhado em viver um amor cheio de diferenças que não ficam só na cor da pele, mas também na cultura, classe social e religião. Mas sem spoilers né. Espero que gostem.

05/02/2018

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Olá diário, minha mãe tinha razão, quando diz que quando nos apaixonamos, parece que somos picados por um bichinho, e ficamos com um comichão constante, sempre a lembrar da pessoa, e o pior que não há remédio...

E francamente diário, acho que fui picada pelo tal bichinho, a uma semana atrás, entrou um aluno novo na minha classe, a hora que vi pensei:

- Uau! Até que enfim sangue novo, estudo com os mesmos amigos desde o pré-escolar. E estudamos todos na mesma escola desde sempre. Colégio Dr. Arthur Tavares Rocha, da cidade de Pérola Nova, sempre pensei onde seria Pérola Velha, mas deixa para lá...

Mas como tudo na minha vida, tem um probleminha (ok, estou a tentar ser positiva, sei que tenho problemas muito grandes, um deles provavelmente irá pedir leite quente daqui a 15 minutos...).

Mas voltando a falar sobre o meu príncipe... Só sei o seu nome, e ele insiste em ignorar todos da minha sala, entra mudo e sai calado, mau levanta a cabeça, mas fico fascinada pela sua timidez, já perdi aulas e aulas a inventar filmes sobre ele, desligo da turma e fico a observar os seus cachinhos bagunçados, rosto anguloso, paro ao observar a sua boca rasgada, bem desenhada, a pele morena, nunca vi ninguém tão bonito como ele...

Mas ele nem sabe que eu existo, cheguei ao cúmulo de tropeçar em sua mesa, para ver se chamava a atenção, mas acabou por não correr bem, e eu a cair de cara duas mesas atrás, nunca mais faço isso, prometo, rendeu-me umas nódoas negras nos joelhos, e no fim, quem acudiu-me foram o Zé Maria e o Bernardo, que riram muito e deixaram-me envergonhada depois de levantar voo no meio da sala, ele nem virou para trás e eu passei por estúpida e desajeitada.

Quando estava na paragem, enquanto esperava a minha mãe, observei que ele era o último a pegar o autocarro, ficava ali, sentado num cantinho, quase que encolhido, com o cabelo a cobrir o rosto.

Ali sozinha com ele, pensei que poderia ser uma oportunidade única, então chamo pelo seu nome, mas ele tinha os fones colocados na ouvido, e não entendeu, então nada romanticamente gritei:

- AZIZ? Esse é o seu nome?

Com cara de surpreso, ele tirou os fones e respondeu que sim, e perguntou com alguma dificuldade como estavam meus joelhos, mas consegui perceber. Oh! Afinal ele viu a minha queda! Envergonhada respondi que já estava bem e aproveitei para puxar assunto, para saber de onde ele era. Ele arranca os fones novamente e diz com alguma dificuldade o que me deixou em pânico.

- Eu não "ser" daqui, "ser" da Arábia Saudita.

Ahhhhhhhhhhhhh diário!!!!!!

Porque? Só podia ser comigo, meu príncipe estava mais para Aladin, e nem sequer falávamos a mesma língua.

Nem consegui continuar a conversa, dei um sorriso sem graça e abaixei a cabeça a lamentar-me da minha primeira paixão platônica, podia ao menos ter falado com ele antes de apaixonar-me... Mas ao chegar em casa pensei e decidi não fugir na primeira dificuldade, afinal meu segundo nome devia ser Dificuldade né...

Sim, estou a rir sozinha, foi bom escutar a sua voz, ele olhou pra mim!Sabe que eu existo!

Como será amanhã? Chego a cumprimentá-lo ou espero uma reação?