3° FIM

50 23 78
                                    

O meu quarto está inundado como se minha carótida estivesse cortada, ao em vez de sangue era lagrimas, como alguém pode sofrer tanto em uma só vida? Mesmo tendo vivido apenas 20 anos.
*escrevendo no diário*

No chão do quarto estava o meu celular carregando, levantei e fui até ele vê as horas, o relógio marcava 2H da madrugada, estava tentando processar tudo que estava acontecendo.
—O concelho não pode votar em mim, não pode, eu não quero morrer, morrer intoxicada.... não! —Digo enquanto me engasgo em lagrimas

O concelho é composto de lideres, ou seja, governador, prefeitos, e até grandes profissionais como os pais de Alyssa, talvez ela esteja certa sobre o "sacrifício" os pais dela deve que vão votar em mim.

—Oii! – diz Eva ao entrar pela porta —Tudo bem se eu entrar e ficar um pouco com você?

Vou até ela de pressa e a dou um abraço, talvez seja o ultimo abraço que eu darei em alguém

—Está tudo bem não chore... vai ficar tudo bem-diz ela em uma tentativa frágil de me acalmar

—Você acha mesmo que ... eles iram me mandar para o solo? — digo enquanto sento-me na cama e me apoio aos meus joelhos

—Existe a possibilidade, mesmo que ela seja remota— diz Eva enquanto senta ao lado —Mas existe...— diz ela

—Serei a 21 então—digo olhando para ela nos olhos enquanto esboço um mínimo sorriso—Será que ainda existe radiação? – indago em um tom preocupante

—Creio que não, a bomba era uma bomba nuclear de fogo em sua composição, basicamente tudo queimou inclusive os vampiros— diz ela —Mas, o que me preocupa é que a explosão resultou na explosão de varias usinas, logo, existe radiação, nem que seja mínima, mas existe— ela complementa deitando-se na cama

Fogo, o fogo era a única forma de matar um vampiro, tudo que você sabe sobre estacas de madeira, alho, e tudo mais são lendas criadas pela cultura cinematográfica. Os vampiros que surgiram do vírus são criaturas parecidas com os humanos, e a imortalidade lhes caiu bem, eles são bonitos, fortes, e velozes, seu ponto fraco é o sol, são monstros que não possui controle do consciente cerebral, só querem saber de matar, matar e matar

—Por que ninguém nunca voltou? —pergunto deitando ao lado de Eva
—Ninguém sabe, mas, eu ouvi falar que eles foram pegos por vampiros que sobreviveram a explosão— diz ela olhando para o meu rosto

—Mas... a explosão era para isso? matar os monstros— digo me levantando de pressa e sentando na cama

—Você nunca ouviu os gritos agonizantes na copla? — diz ela murmurando

A copla é o local mais próximo do solo, é onde ficava as portas do bunker, centena de militares armados diariamente ficam lá

—Aquilo era o bunker rangendo— digo virando meu corpo para Eva

—Tudo bem, hahaha— diz ela sorrindo— Durma, amanha é um novo dia— diz ela se virando e fechando os olhos

Minha mente está a mil por hora, difícil dormir quando sua vida está em jogo. Nunca pensei como que eu iria morrer, talvez de câncer por respirar um ar em dutos compressos de alumino resistente, ou afogada na piscina de cloro, que é o único jeito de deixar aquilo limpo. Ter um amor? filhos? Me ingressar no serviço militar? Era o meu sonho, que agora tenho certeza que vai ser só um sonho.

***

Sem conseguir dormir eu me levanto e vou caminhando suavemente até o celular vê que horas são, tudo isso para não acordar a Eva.
O relógio marca as 9H da manhã do sábado, sem duvidas terei que ir trabalhar, o Flacco me cobriu ontem, e eu tenho que ajudar ele hoje.
Visto meu uniforme amarelo que estava empilhado em uma roupa suja e amarro meu cabelo para trás, minha roupa tem o logo de onde eu trabalho "limpeza express". O Flacco trabalha na L.E. desde muito novo, ele vem de uma família escolhida, resumidamente, ele e a família dele foram escolhidos para sobreviver, não são importantes, logo, serviços braçais que requer esforço físico e moral são realizados por eles, atualmente no bunker existem cerca de 200 famílias que realizam tais trabalhos.
Saio suavemente sem realizar movimentos bruscos pela porta. O dia já amanheceu no bunker, mesmo não tendo sol para ilustrar que é dia.
Vou direto para a sessão zoológica, hoje é dia de limpar fezes de macaquinhos, bastante fofos, adoro meu trabalho na área zoológica, é o contato mais próximo da terra que eu tenho.

CORAGEM Onde histórias criam vida. Descubra agora