1° COMEÇO DO FIM

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Me chamo Skye Morris, e eu não pedir para está aqui.

Hoje levantei cedo antes que todos acordassem, finalmente mais uma etapa da minha vida se conclui, o final do ensino médio, só resta mais um semestre para eu largar essa vida chata de estudante de colegial e seguir minha carreira tão sonhada de militar, mesmo estando dentro desse enorme bunker subterrâneo. Tomei meu banho e vesti a roupa mais masculina que eu achei no meu guarda-roupa, talvez ela fora de um amigo meu, mas só talvez.
E cá estou eu escrevendo isso famintamente nesse diário imenso feito de arvore e folhas surradas que parece ser mais um grimório de tão grande., foi a minha querida amiga de 30 anos de idade que me deu quando eu tinha apenas 6 anos. O nome dela era Greta, uma incrível artesã, ela cuidou de mim quando ninguém mais cuidou, ela foi minha mãe e meu pai sendo que nem meu sangue ela a tinha.
Greta desapareceu a um tempo, quando eu tinha 7 anos e eu não sei de noticias dela desde então, para onde será que ela foi ou será se ela morreu, nunca saberei, quando a procuro ou faço perguntas sobre ela para os líderes e pessoas importantes, eles fingem que ela nunca esteve aqui, dedico a Greta todas as escritas no meu diário, que ela tenha paz e veja o sol permear em sua doce pele de cacau.
Escrevo no meu diário dia pós dia, chega não ter mais paginas em marrom para escrever, todas as paginas são numeradas, hoje estou na pagina 5109 escrevendo e olhando para uma parede de concreto reforçado com o logo da minha família moldurada nela, foi aqui que eu vi Greta pela ultima vez, ela me deu um cordão com um pingente de chama, feito a mão por ela, além de um caloroso abraço e me disse para eu ter coragem, pois os meus piores dias ainda viram e que a coragem é a solução, poético eu assumo até mesmo para ela.
O cordão eu carrego juntamente ao diário em meu peito sobre a minha blusa por todos esses anos.
Pelo que Greta me contou cerca de 20 anos atrás, meus pais, Penélope e Richard Morris, grandes arquitetos renomados em toda Nova Iorque projetaram cerca de 50 bunkers subterrâneos para o governo dos Estados Unidos da América, cada um em um estado americano, estou em um na Califórnia até onde me contaram mais precisamente em São José, meus pais eram grande pessoas, além de serem honestos e fieis como disse Greta por todos esses anos, eles morreram e me deixaram com apenas 1 ano de idade, indefesa e sem coragem, a causa da morte foi um câncer no cérebro, isso mesmo os dois, que coincidência eu suponho, laudo médico inoperável, mas, existem boatos que eu ouvi de que eles sumiram, ou fazem parte dos 20. Os 20, foram 20 pessoas que foram mandadas para solo terrestre, um em cada ano desde a explosão da bomba nuclear anti-vampira, como eu chamo.
O plano do governo estadunidense era provar que a terra estava novamente habitável para repovoar, mesmo que para isso teria que sacrificar um ser humano por ano, porem, o que são 20 pessoas perto de quase 6 bilhões de mortos?, as 20 pessoas que foram para terra nunca voltaram. A boatos de que as bruxas, os lobisomens e outros seres sobrenaturais como os vampiros vagam pela terra, com fome, a espreita de mais uma vitima ano pôs ano.

— Alô, terra chama Skye — diz Eva enquanto amarrava seu cabelo para atrás e apoiava seus livros de história contra parede. — Vamos para aula bobinha, hoje volta as aulas do nosso ultimo semestre no ensino médio e você já perdeu muito tempo sentada de frente dessa parede, a senhora Willis está bastante irritada hoje, vamos!!!. — diz ela enquanto pegava meu braço e me levantava na marra.

Eva Clark é uma garota doce amigável e bastante corajosa, talvez a coragem que eu tenha é derivado dela, Eva me abrigou quando Greta sumiu, ela e os pais dela, Baltazar e Helga Clark, grandes engenheiros que pelo acaso eram bastante amigos dos meus falecidos pais, eles por algum motivo que eu não sei não eram muito familiarizados com a ideia de me "adotar" mas, Eva com sua coragem e força de determinação me protegeu e os enfrentou para me acolher, desde então ela é e sempre será a minha irmã que eu nunca tive. Ela é uma morena alta dos olhos de jabuticaba, cabelos longos e lisos, magra e bastante atraente, totalmente contraria a mim, meu rosto é marcado pela tristeza que carrego por viver sem amor fraternal e materno e pelos serviços de limpeza que eu tenho que fazer para me manter me viva e ter o que comer, além disso minha pele é marcada pelas inúmeras sardas que constelam meu rosto formando uma galáxia que não é bonita, meu cabelo é ruivo e encaracolado, sem brilho e sem força, sou baixa e bastante magra, bem abaixo do meu padrão, meus olhos são triste e azuis mas não como o céu que eu nunca vi, talvez a metáfora certa para ele seja o azul do mar, obscuro e profundo, minhas pernas são finas como graveto, e eu me visto como um rapaz, pois é assim que eu me sinto bem, Greta sempre me disse que os homens tem o poder, quero ser poderosa, nada mais justo que me vestir como um garoto.

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