Não Sentem Ciúmes

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"Muito bem, lá vamos nós, como prometido, para o terceiro capítulo de Garotas Perfeitas Não Se Apaixonam. 

Obrigada pelos votos, eles fazem uma escritora feliz!"


No primeiro dia dos namorados, Julieta ainda não sabia ser uma namorada. Parecia haver um ritual e ela ainda não sabia qual o seu papel. Nenhuma das suas amigas tinha ainda um namorado para ajudá-la com isso. Também não tinha amigos do sexo masculino. O papel dos meninos parecia simples; estava em todos os filmes. As flores, os chocolates, o jantar. Parecia irreal que garotas apenas precisassem se vestir bem e sorrir docemente durante todo o processo.

Duas semanas antes do dia dos namorados, ela já estava nervosa com o assunto. O dia letivo havia sido um desperdício: usara a aula de história mundial para fazer um desenho dos dois em seu caderno de desenhos. Era muito boa com retratos, mas Charles não parecia com ele mesmo e havia algo de errado com a expressão dela a cada tentativa. Depois da escola, na aula de piano, seus dedos não estavam indo no ritmo certo da partitura e Tchaikovsky estava soando tão errado que Julieta teve medo do olhar de seu professor.

-Srtª Baudelaire, tenha dó deste piano. –Murmurou Edgar Espiñosa franzindo as sobrancelhas na metade da aula, quando ele claramente não aguentava mais.

As pesquisas na internet que fizera sobre presentes do dia dos namorados eram voltadas para garotas mais velhas e envolviam lingeries que ela não vestiria e que a fariam entrar em problemas apenas por olhar para as peças. Finalmente, no fim da aula de dança moderna, enquanto ela e mais cinco meninas arrumavam suas bolsas na sala cheia de espelhos, Julieta virou-se para Victoria e desabafou:

-O dia dos namorados é em duas semanas e eu não faço ideia do que fazer para Charles.

Victoria não parou de arrumar sua bolsa e, exceto pelo olhar avaliativo que lançou a Julieta enquanto soltava seus cabelos incrivelmente cacheados de um coque apertado, não demonstrou tê-la ouvido à priori.

Finalmente, parecendo impecável em sua roupa de dança como apenas Victoria podia parecer, a amiga levantou-se e colocou as duas mãos negras nos ombros pálidos de Julieta, fazendo um contraste bonito que a distraiu por um segundo.

-Você não precisa fazer algo que outras meninas fariam. –Victoria apontou. –Você é muito talentosa e criativa. Quero dizer, você poderia dedicar um concerto para ele ou fazer uma pintura que não precisa ser um quadro dos dois. Faça algo que você goste e ele vai gostar também.

Quando o dia chegou, Julieta estava tão animada que dava pulinhos pela casa. As primeiras flores; tulipas vermelhas e rosadas, chegaram quando ela ainda estava no seu quarto, dando um nó na gravata feminina. Camilla tinha um sorriso conspiratório quando entregou as flores e Julieta teve que ser arrastada para fora do quarto ou então passaria a manhã com o nariz enfiado entre as pétalas.

Mais flores foram entregues durante a aula de literatura, belas peônias cor-de-chá, arrancando um suspiro da professora e alguns risinhos de suas colegas. Então camélias vermelhas na aula de piano –deixando o professor Espiñosa com um olhar amargo que a fez dobrar sua atenção ao piano. Charles a queria levar para jantar, mas Julieta o fez encontrar com ela no teatro do conservatório, que ela havia reservado para aquela noite.

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Garotas Perfeitas Não Se ApaixonamOnde histórias criam vida. Descubra agora