Não Mentem

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Escusando as poucas vezes que saíra de casa escondido para dançar com Beatrice depois de um término, Julieta era uma boa menina.

Era de conhecimento geral que, se havia uma criatura perigosa entre as meninas Baudelaire, essa seria Camilla. A Sr.ª Smith sempre parecia nervos aquando colocava seus olhos na caçula, como se soubesse que se um dia entrasse em problemas por causa dela, enquanto Julieta concordava silenciosamente.

Quando Camilla fez quatorze anos, Julieta cometeu o erro de julgamento de pensar que isso significava que a irmã tinha maturidade para algumas coisas. Afinal, ela mesma havia começado a namorar Charles aos treze e não parecera o fim do mundo. Nunca se sentira pressionada a fazer nada que não quisesse. À época, achava que isso tinha mais a ver com a maturidade que tivera do que com o fato de Charles ser tão imaturo em certas questões quanto ela.

Por isso, quando sua irmã mais nova disse que Edgar, o caçula de Charles, havia a chamado para sair e que ela gostaria, Julieta logo se empolgou em ajudar a irmã escapar discretamente cedo na noite, sem nem pensar em confirmar a história com Charles. Camilla saiu após o jantar, usando uma das calças de sua crescente coleção de jeans, essa com rasgos e meia arrastão por baixo. Julieta não comentou que achava a roupa indecente para um encontro, porque achava que fosse indecente para qualquer ocasião social imaginável.

Despreocupada, Julieta não passou seu tempo contando as horas para a volta da irmã. Ao invés disso, fez uma ligação com Cecily para que ambas resolvessem juntas algumas questões de história para o vestibular.

O rosto da amiga estava franzido de concentração como o de Julieta imaginava que o seu próprio estava quando alguém abriu a porta de seu quarto. Se virou com alguma curiosidade para a senhora magra de feições inteligentes em sua porta.

-Ah, Aimée, não deveria já estar em casa? –Perguntou com um sorriso.

-Hoje é a noite do coquetel dos seus pais, Julieta. –Ficou na porta um segundo, olhando para a menina loura que havia visto crescer. –Chame se precisar de alguma coisa, sim? Sua irmã não atende a porta dela.

Julieta nem titubeou.

-Ah, você sabe como ela é. –Sorriu suas covinhas para a governanta.

Assim que a Sr.ª Smith fechou a porta pesada de madeira do seu quarto, entretanto, Julieta se virou para Cecily, que a olhava curiosamente, e disse que terminaria as questões sozinhas. Cecily claramente sabia que algo estava acontecendo, mas apenas ofereceu sua ajuda, caso ela precisasse e desligou.

Julieta passou a meia-hora seguinte inteira ligando para a irmã sem parar antes de ligar para Charles. A voz do namorado estava cansada, como se ele houvesse tido um longo dia e Julieta adoraria perguntar sobre isso e ouvi-lo falar sobre a aula de equitação e como fora a esgrima se fosse qualquer outro dia, mas estava se sentindo agitada e mal registrou o tom de voz em que ele falava.

-Acordei você? Desculpe. –Julieta engoliu em seco. –Você tem conseguido se comunicar com Edgar?

-Edgar? –Ele soou confuso do outro lado e Julieta ouviu sons como se ele estivesse se levantando. –Acho que ele está aqui. O que quer com ele? –Julieta ficou em silêncio digerindo, tempo o suficiente para que Charles andasse até o quarto do irmão. –Ele está dormindo. Quer que eu o acorde?

-Charles? –A voz de Julieta era tão preocupada agora que o próprio Charles ficou mais acordado. –Camilla não está com ele?

Houve silêncio do lado dele da linha.

-Não. O que está acontecendo?

-Ele não saiu essa noite?

-Não. Julieta...

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⏰ Última atualização: Jul 08, 2020 ⏰

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