12: A Carne

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- ALERTA DE GATILHO –

Esse capítulo possui cenas envolvendo racismo. Respeite seus limites!

A carne mais barata do mercado

É a carne negra

Que vai de graça pro presídio

E para debaixo do plástico

E vai de graça pro sub-emprego

E pros hospitais psiquiátricos

- Elza Soares -

Às seis da manhã, praticamente não havia mais ninguém na chácara com exceção apenas do pessoal contratado pelo seu dono, para realizar a limpeza. Todos já haviam se retirado.

Denise esperou o profissional de saúde tratar dos curativos e dos procedimentos básicos para a melhora do homem no lado de fora, enquanto acompanhava o nascer do sol sendo refletido pelo pequeno lago existente no sítio.

— Ele voltou a dormir agora, mas pode ficar tranquila. Ele não usou tantos remédios assim para ter uma overdose. Mas mesmo assim, é bom se preocupar. A senhora é irmã dele?

— Não. É... Eu sou só uma grande amiga — Ela falou, engolindo em seco, enxugando as lágrimas — Ele não tem familiares vivos. Perdeu os pais muito cedo, coitado...

— Bom, de qualquer forma, é bom que tome cuidado com ele. O que ele precisa é de um psiquiatra. Certamente possui uma doença mental. Provavelmente transtorno bipolar.

— É. Ele foi umas vezes, mas faz tempo que não vai de novo...

— Erradamente. É preciso ir com certa frequência. Ainda mais quem está doente. Se ele continuar do jeito que ficou hoje, dona Denise... Pode ser que precise ser internado. Para o próprio bem dele.

— Ó, céus! — Ela pôs as mãos na boca — Eu jamais imaginaria! Se eu soubesse...

— Eu lamento, mas é isso.

— Muito obrigada, doutor! — Ela falou, conformada — Por minha culpa, ele acabou de ser demitido e entrou nessa crise. Agora, sou eu que serei a responsável pela recuperação dele.

— Não se culpe. Quem ligou pra ele fazendo isso foi seu chefe. Agora, creio eu que ficará mais fácil para vigiá-lo.

— É. Pois é... — Ela falou, suspirando — Agora, eu só espero que corra tudo bem daqui em diante.

3 dias para O Dia

17 de julho de 2019, 11h30m, quarta-feira

— E aqui ficam as Relações Públicas — A jovem falou, abrindo a porta de madeira polida e possibilitando, assim, a entrada em um cubículo cujas paredes eram pintadas de branco e os azulejos de cor bege. Sobre um tapete de veludo, haviam dois sofás e uma mesa pequena com algumas revistas em cima. Mais a frente, outras duas mesas, dessa vez maiores, com um computador e uma cadeira acolchoada logo atrás, cada uma. O ambiente era decorado por algumas plantas e quadros em volta.

Astrid não escondia sua admiração pelo local que apresentava ao amigo. A euforia presente naquelas palavras demonstrava seu verdadeiro sentimento ao se inteirar naquela causa.

A Estrela Morta do RockOnde histórias criam vida. Descubra agora