27: O Dinheiro

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Talvez eu deva ir embora

Longe do jogo, longe do perigo

Mas eu admito, eu gosto de jogar

Se é sobre mim que vamos falar

Onde eu esqueço tudo e estou saindo

Eu vou andar

Ingênuo como nunca

Longe de olhares amargos

Pra que isso?

Você está tão sozinho atrás da sua tela

Você pensa sobre o que as pessoas vão pensar

Mas você deixa todos indiferentes

- Angèle -

09h32m

O homem de meia idade, com cabelos parcialmente grisalhos, vestido com uma camisa social e o distintivo de delegado da Polícia Civil anexado em suas roupas assistia, sentado em seu escritório, mais uma vez as provas que recebera a respeito da morte de Mariana.

Dessa vez, o computador a sua frente era compartilhado por mais duas pessoas. Ao terminar o vídeo, o homem se virou para a de menor altura e lhe observou com as sobrancelhas baixas e as veias da testa sobressaltadas.

— Então você realmente se dedicou na investigação desse caso, Daniela? — Ele perguntou, balançando a cabeça instintivamente.

— Eu... Eu... Jamais poderia imaginar isso! — A mulher gaguejava, comprimindo seus lábios — Tava tudo tão claro que era o garoto lá que...

— Você sequer checou as filmagens das câmeras de monitoramento da via! — Louise falou, com as sobrancelhas unidas.

— Mas eu vi o saco com drogas, vi as provas lá e... — A policial ponderava, tentando se justificar.

— O que o Joaquim disse que viu foi ver sua casa sendo invadida, ele sendo covardemente humilhado pela Polícia enquanto não oferecia risco algum — ela deu uma pausa — e castigos físicos executados por um membro do Estado em inocentes tem um nome, Daniela: tortura.

— Você só pode estar delirando, Louise! — Ela rebateu, furiosa.

— Não. Você sempre foi uma policial racista! — De repente, ela se virou para o homem que assistia à discussão — Delegado, eu tenho uma coleção de outros casos da Daniela que foram mal solucionados e todos envolviam pessoas negras.

— Deixa de ser vitimista — Ela cruzou os braços e torceu o nariz — Você é louca!

— Já chega! — O delegado elevou seu tom de voz e se levantou, revelando sua estatura alta, direcionando seu descontentamento à policial de pele clara — Daniela, você está sendo afastada do caso. E da Instituição. E ainda apurarei melhor sobre essas denúncias...

— Quer saber? — A mulher o interrompeu, torcendo o nariz, unindo as sobrancelhas e cruzando os braços — Poupe-se desse trabalho, delegado! Eu não aguento mais essa merda!

— Ficou louca? — O homem semicerrou os olhos para ela — Posso muito bem te punir por conta dessa atitude...

— Não estou louca. Estou farta! — Ela disse e, em seguida, arrancou seu broche da Polícia Civil e o colocou sobre a mesa — Meu lugar é no BOPE, PM... Um lugar onde posso dar tapa na cara de vagabundo à vontade!

A Estrela Morta do RockOnde histórias criam vida. Descubra agora