Evelyn
Bati-me mentalmente devido à chiadeira dos meus passos naquele corredor de chão fraco e barulhento, mas finalmente a porta pesada aparece à minha frente fazendo-me empurrá-la o mais cautelosamente possível, para evitar que alguém me apanhasse nesta zona da casa. A sala escura e espaçosa fez-me inspirar o ar frio e procurar pelo interroptor perto de mim, fixo algures nas paredes lisas da divisão. O chão rugiu de forma bruta fazendo-me saltar um pouco a medo. Cheirava a mofo e o ar frio fez as minhas mãos encontrarem-se dentro do bolso do casaco de malha que fora buscar antes de me dirigir para aqui. O antigo escritório de Charles envergava agora a iluminação a que eu o submetera mostrando assim o mobiliário velho e empoeirado, os papéis espalhados no chão, a pequena e privada biblioteca espalhada em cada móvel de madeira robusta e antiga daquele espaço e a secretária rústica e pesada. Nela a confusão de papéis era notável e nada me chamou à atenção. Já nas prateleiras dos movéis encostados às paredes, os livros grandes e massudos tomaram-me a curiosidade. Cada um deles organizados alfabeticamente, rotulados consoante o seu assunto, cor, volume e idioma. Os meus dedos passavam por entre cada lomba, saltitando algumas delas, escolhendo limpar o pó só de alguns títulos, cada um mais interessante e chamativo que o anterior. O escadote pregado às prateleiras parece funcional o suficiente para subir e viajar por entre os títulos do tesouro privado do Sr.William. E assim, antes de mais uma olhadela atenta pelo espaço desarrumado e fechado há cinco anos, agarrei-me firmemente às laterais do objeto e escalei os primeiros quatro degraus, o quinto degrau vacilou e acabou por quebrar-se e quase pôr-me o coração a saltitar para fora do seu lugar, por escorregar. Mais descansada, pousei o olhar no que me pareceu uma divisória especial para a prateleira de cima e não pude evitar remover alguns dos livros que a escondiam.
- O que é isto? - pensei para comigo mesma. A fenda da divisória estava selada com alguma madeira de cor diferente da do móvel, parecendo assim um remendo. Depois de tirar os restantes livros que tapam o esconderijo, uma caixinha metálica pregada à parte superior envergava alguns botões, igualmente metálicos, numerados de zero a nove. Mas o que seria aquilo? Um código-chave? Um compartimento secreto de um móvel? Talvez alguns dos objetos pessoais de Charles estejam ali, ou até algo que esteja relacionado com os meus pais biológicos, outra coisa qualquer que é suposto manter-se em segredo... Se eu conseguisse saber a chave... Isso seria conviniente.
Depois de tentar todos os possíveis códigos-chaves de datas que sabia que eram importantes, desisto e tento lembrar-me em que ordem estavam os livros que antes removi do seu lugar. Depois de o fazer, desço do escadote com o maior cuidado, para não correr o risco de partir mais algum degrau. A madeira fraca do objeto reflete os anos que aqui está. Recolho a madeira partida com o intuito de a arranjar na casinha do jardim e remendar o escadote, eliminado assim vestígios da minha presença. Ainda com a madeira na mão decido vasculhar com o olhar os documentos da Organização em cima da secretária Apenas a capa de uma pasta mal escondida debaixo de alguns papéis chamou-me à atenção com as grandes letras que o marcavam:
Processo de investigação criminal : Charles William.
Algo pulsou dentro de mim e não me detive em abrir a pasta amarela.
Nome: Charles Wald William.
Idade: 41 anos.
Localização do corpo: Washington DC, USA
Causa(s) da morte: estrangulamento e esfaqueamento.
Múltiplos sinais corporais: Agressões físicas, órgãos intestinais retirados, face desfigurada devido a esfaqueamento, impressões digitais retiradas.
Reconhecimento de identidade: documentos encontrados na sua posse. Testes de ADN capilares e orais.
Confirmação de identidade:Afirmativa.
Data da morte: 14/10/2010 ; 02:57p.m
Assassino: Não encontrado.
Arma do crime: agressão física, faca militar.
Suspeitos de homicídio: Steven Saunders; Zayn Malik; Rodrigo De la Vega; Segunda Vaga.
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m.e.n.t.a.l | hs {slow updates}
Teen Fiction- Foste tu que mataste os meus pais? - A voz arrastada fazia os meus olhos picarem. O metal no meu dedo pronto a ser puxado. - Porquê agora? - ele diz enquanto massaja o couro cabeludo. Os seus olhos gelados são como flechas na minha direção. - De...