Hades: Coração Ferido

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Hades — Mundo Inferior

Coração Ferido

— O que você tanto procura? — Hinata apareceu atrás de mim, usando uma das minhas camisas, junto a peça íntima.

Seus braços estão levantados, a escuto gemer ao ouvir o estalo de sua coluna, ela não quis dormir no quarto de hóspedes; desde que nós nos beijamos pela primeira vez há duas semanas o nosso relacionamento mudou. Parei de evitar seus toques, passamos a dormir juntos, embora eu continue a procurar o motivo da sua alma continuar azul, sem sofrer qualquer alteração. Entrei em contato com um amigo, pedi, para que ele fizesse uma pesquisa, pois os livros que encontrei no mundo inferior não me foram inúteis.

Na realidade não me ajudaram em nada, Hinata continua aqui comigo, embora a sua alma não tenha sofrido qualquer alteração, retirando o fato de que ela agora sente fome, precisando se alimentar cerca de cinco vezes por dia. O que eu acho fofo, principalmente quando pequenos grãos de arroz colam em sua bochecha, ou até mesmo quando ela tenta comer alguma guloseima gelada trazida da superfície. Essas que no momento em que sentem o ambiente quente, abafado, do submundo derretem.

A cara de frustração, o bico feito por ela sempre me deixa sem forças; com o coração acelerado, os meus dedos ficam rígidos, posso até mesmo sentir suor escorrer pela minha nuca. Ela fica muito fofa brava.

— Estou tentando descobrir uma forma de como te devolver a vida.

— Não quero reencarnar, pois voltar a viver significa ficar sem você — ela segura o meu rosto, forçando-me a encará-la. — Por favor, não tenta me mandar embora.

— Não estou te mandando embora, mas é desagradável viver aqui Hinata, aqui é quente, não há estrelas e nem nenhuma paisagem agradável aos olhos. — Confesso abatido. — Você merece coisa melhor, uma paisagem mais bonita, e não passar uma eternidade vendo as chamas, escutando almas agoniando e tendo somente a minha companhia, e a dos cães infernais.

— Gosto daqui, de ficar com você; pois a paisagem mais bela que já vi eu encontrei nos seus olhos, eles são tão lindos, não entendo o motivo de você sentir vergonha deles. — Ele infla as bochechas. — Além disso se eu não ficar, quem irá cuidar de você? Você mesmo disse que parou de ter pesadelos desde que cheguei, que tem dormido bem e a dor que você sentia passou. Como reencarno, volto a minha vida normal, sabendo que te deixei aqui sozinho, sofrendo.

— Não me importo em sentir dor — minto, afinal é desagradável, embora eu já tenha me acostumado a ela.

Ela encosta a sua testa na minha, olho para a sua alma, para a preciosidade azulada, para aquilo que aos poucos estou a tomar para mim. Hinata é uma mulher especial, foi capaz de sanar a dor e a solidão, curar uma ferida tão profunda em meu ego, orgulho e corpo, usando somente o amor. Mesmo eu nunca tendo feito nada para merecer os sentimentos que tem por mim, sou um dos três grandes, o único que nunca saiu como mocinho em nenhuma das histórias espalhadas pela sociedade atual.

Sou somente um deus do submundo, aquele que exerce o seu domínio sobre os mortos, dando tormento aos maldosos e descanso às almas boas, aquelas que não cometeram nenhum pecado grave enquanto estavam vivos.

— Vamos dormir senhor Hades. — Ela ri. — Está tarde, amanhã você continua, pois você passará o dia de hoje ao meu lado.

— Não, tenho que terminar de ler isso — aponto para o manuscrito antigo. — Preciso terminar isso.

— Não, não, vamos dormir — ela se afasta, pegando em minha mão, fazendo-me segui-la até a saída. — Amanhã Sasuke, amanhã, hoje você ficará comigo.

HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora