Hades: Alma

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Hades Mundo Inferior

Alma

— Senhor, por qual motivo estás a chorar? Posso estar indo, mas minha alma pertencerá ao senhor para todo o sempre... — a mulher sussurrou.

— Desculpa, por favor, não fiz por mal... juro a ti que não queria isso, jamais pensei que...

— Ei, está tudo bem, está tudo bem — repetiu, colando sua testa junto a minha, fazendo-me chorar, soluços altos e sofridos, que pareciam rasgar o meu coração.

A dor existente em meu corpo tornou-se intensa a medida que o seu brilho sumia. A cada instante em que ela ficava mais fraca, cada vez mais clara. Sua alma, essa que era pura, dona de um intenso brilho azul, está se despedaçando, querendo em pequenos pedaços, tão pequenos que não posso consertar. Ela se despedaçou tanto que nem ao menos pude salvar ou qualquer quaisquer resquícios para tentar revivê-la, para dar a ela o direito de reencarnar.

Ela era uma pessoa boa, que passou a vida amando a Zeus, ao meu irmão. Mas que ao parar no submundo, acabou por virar a minha mais nova inquilina, uma amiga doce e atenciosa, que sempre faz o meu coração se aquecer com gestos simples. Ela sempre me disse que os olhos são lindos, apesar de serem escuros, sem brilho e em um tom fosco, sem qualquer animação ou beleza a ser ressaltada.

— Hades, meu amado deus, não fique triste, pois eu voltarei para ti... voltarei para ti meu amor.

— Lucinda, oh minha amada Lucy! — toco nos fios azulados, esses que aos poucos está a sumir no meio de meus dedos. — Perdão, perdão, Lucy!

— Não chora, já disse que voltarei para ti meu deus, lhe darei amor e carinho. Ficaremos juntos novamente, iremos nos amar em meio às chamas ardentes, no trono de ferro, usando o seu manto, sua cor favorita, Hades! — disse animada, tentando me distrair da dor, do peso do luto.

Ela não merecia "desaparecer", perder a sua essência mais pura por causa do meu egoísmo, queria tanto um amor que acabei roubando dela a sua alma, o seu espírito, mandando-a para o nada, onde nada acontece, o tempo não passa, você não existe, porém está lá. Vagando, esperando uma segunda chance, é o lugar onde as almas que terminaram de pagar os seus primeiros pecados vão, um lugar melancólico onde nenhum deus exerce dominância.

— Não... Não, Lucy! Por favor, perdão, perdão!

— Eu te amo Hades, te amo mais do que tudo!

— Lucy! — exclamei choroso, admirando o seu último sorriso, o seu doce e belo sorriso.

[...]

A encarei abatido, meu corpo tencionou, não quero isso. Hinata, nem ao menos me encarou, os seus olhos focaram no chão, para o piso chamuscado, sujo de preto e coberto por cinzas, enquanto Naruto suspirou triunfante, irritando a mim. Ele cruza os braços, olhando diretamente para mim, para o meu ser tosco, rude, ignorante ao ponto de não notar as suas segundas intenções.

Ele fez de propósito, jogou a isca e eu caí como um patinho, um tolo que queria provar uma mudança que ninguém nem ao menos importa. Pois ele está certo em certas partes sobre mim, o meu ego, o meu desejo, a vontade de sanar a solidão, de ser mais do que um deus abandonado, esquecido e maltrapilho, me fez querer que ela me amasse desesperadamente. Apesar de ter sido incapaz de dizer nada a ela, guardando tudo para mim, escondendo os meus sentimentos dentro de uma caixa, impedindo que as pessoas soubessem sobre eles.

Hinata, não deveria passar por isso, suportar um fardo que não acabe a ela, precisamos de um laço de sangue, uma prova de amor imutável. Um filho, uma criança originada de nossos sentimentos um pelo outro, de tudo o que vivemos juntos nos últimos dois meses. Todavia, mesmo mudando, Hinata, ainda é uma alma. Uma bela e pura alma azul, pois mesmo comigo profanando o seu corpo, tocando-a abertamente, sem qualquer limitação ou receio, ela não se despedaçou, não se partiu e nem foi mandada para o "nada".

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