Capítulo 4

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Entrei em silêncio em casa, haviam várias pessoas lá, pois minha avó era uma pessoa muito querida.

Não tinha certeza se estava pronto para ve-la, mas de qualquer modo, teria que tentar. Conforme ia caminhando na direção do caixão, as pessoas iam abrindo caminho para que eu pudesse passar.

Foi então que a avistei, cheguei mais perto até poder visualiza-la por completo, ela estava linda, os cabelos brancos estavam soltos, com uma margarida o enfeitando, seu vestido era branco, e várias outras margaridas forravam o interior do caixão, cobrindo de seus pés, até sua cintura, sua pele era pálida, fria e rígida e seus olhos estavam fechados, como se ela estivesse em um sono eterno. Coloquei minha mão no bolso, e peguei o colar que havia comprado para ela, passei minha mão em seu rosto, e desci até seu pescoço, prendendo o colar.

-Espero que goste vovó, adeus.

Eu não aguentava mais chorar.

-Henry, o padre chegou para fazer a bênção final, depois vamos para fora, para podermos cremar o corpo.

-Tudo bem.

O padre era um homem velho, careca, e bondoso, vestia uma batina marrom e vinho, e carregava sempre consigo uma bíblia e um terço.

-Vamos nos reunir, para fazer a bênção final.

Após a bênção, o corpo foi carregado para fora, até a grande fogueira, a tiraram do caixão, a colocaram em uma tábua e acenderam a fogueira.

Ver seu corpo em chamas era muito doloroso para mim, como se tudo não fizesse mais sentido em minha vida.

Algumas horas depois, o fogo já não queimava mais, o corpo virará cinzas, e não havia mais ninguém. Entrei em casa, e me encontrei sozinho, eu não podia aguentar mais aquilo, então eu simplesmente sai correndo daquele lugar, não conseguia me conter, então abri a porta e corri, corri o mais rápido que pude para a floresta, chovia muito, a chuva se misturava com as minhas lágrimas.

Entrei na floresta, a lama sujava toda a minha bota, até que tropecei em uma raiz, cai direto em uma poça de lama, e sujei todo o meu corpo.

-MAS QUE DROGA!. Gritei, eu além de triste estava furioso agora.

Consegui com muita dificuldade, caminhar até a margem do rio, então olhei para o outro lado, e vi a mesma moça, aquela que havia aparecido em minha casa quando gritei por ajuda. Ela se assustou quando me viu, não estranhei, pois estava coberto de lama, nós nos encaramos por alguns segundos, antes de eu desmaiar de cara no chão.

***

Senti a água gelada em meu peito, eu estava dentro do rio, apenas com o short que usava por baixo da calça, antes mesmo de abrir os olhos, eu disse:

-Uau, tive um sonho muito estranho, sonhei que minha avó havia falecido, e que vi novamente aquela moça maravilhosa.

Ouvi uma risada feminina, eu não sabia de quem era, então abri os olhos, o sol estava forte, olhei para cima, e vi a moça, eu estava deitado em seu colo, ela sorria enquanto enchia a mão de água e passava sobre meu peitoral.

-Por que diabos eu estou sem minhas roupas? Quem é você? O que fez comigo?

Ela soltou uma gargalhada.

-Me desculpe Lorde Zangado.Zombou. -Sou Serena, e você é... ?

-Sou Henry Torcan. Eu disse num tom sério, e me levantei.

-Prazer em conhece-lo Sr. Torcan.

-Pode me chamar de Henry, e o prazer é meu. Agora, será que poderia me dizer onde você colocou minhas roupas?

-Ah sim, eu as lavei, e coloquei para secar naquele galho, mas ainda estão molhadas, eu não terminei de tirar toda a lama de você e preciso fazer alguns curativos, pois você se machucou quando caiu.

Eu instantaneamente corei, mas assenti, pois estava muito cansado para contestar.

-Como você me encontrou?

-Na verdade, eu que fui encontrada por um louco coberto de lama e todo arranhado.

Ela passou a mão em meus cabelos e tirou a lama que estava grudada nos fios.

-Porque está fazendo tudo isso por mim?

-Boas ações não fazem mal a ninguém.

Sua mão passou por cima de um dos meus ferimentos.

-Ei, isso dói. Dei risada

-Fique quieto. Ela sorriu. -Quem era a tal moça maravilhosa que você se referiu a pouco tempo atrás?

-Hmm, ninguém, esqueça. E falando nisso, você se parece muito com a garota da foto que eu encontrei.

-Qual foto?

-Pegue ela, está no bolso da minha blusa.

Serena se levantou e pegou minha blusa.

-O bolso está vazio e furado.

- Ah não, devo ter perdido a foto na floresta, mas era idêntica a você.

-Deve ser apenas coincidência.

-Tanto faz. Rimos juntos.

Nós conversamos até o sol se pôr, eu nunca havia me aberto para ninguém daquela maneira, ela fazia eu me sentir bem.

-A conversa está ótima, mas eu tenho que ir. Ela disse, mudando sua expressão alegre, para triste.

-Já? Você não pode ficar?

-Não, lamento Henry, mas essa será a última vez que nós nos veremos.

-Como assim? Para onde você vai?

-Nós não podemos nos ver, espero que entenda. Foi muito bom passar esse tempo com você, fazia tempo que não tinha contato com humanos.

-Com humanos?. Eu disse confuso.

-Estou indo. Disse assustada, como se tivesse falado algo que não era permitido, e saiu correndo.

-Mas... Obrigado?

Ela me deixou sozinho naquela floresta. Pensei comigo mesmo "Sinto que ainda vou reencontra-la, de algum modo, eu tenho que reencontra-la"

****
Galera, este é o último capítulo que vou postar esse ano *vou deixar vocês curiosos com a história da Serena* , por causa da festa de ano novo, e também pq quero me dedicar totalmente ao livro, sem outras preocupações e afazeres.
Volto a publicar dia 4, espero que vocês estejam gostando, pois estou escrevendo com muita dedicação. Gostaria de agradecer a minha amg linda @gaby_rocha1010 por me apoiar, ao GiovanniTrindade por ter feito essa capa maravilhosa pra mim e a todos que estão lendo,comentando e votando. Continuem lendo "O Segredo Real", vocês vão se surpreender, e afinal, qual será o segredo real?
Beijinhos ♥

O Segredo RealOnde histórias criam vida. Descubra agora