O avô, Garp

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Foi quando ele chegou em Baterilla e viu todas aquelas mulheres, crianças e bebês desaparecer em interrogatórios da Marinha (mortos, todos eles mortos) que Garp percebeu o verdadeiro perigo que o filho de Roger corria. É por isso que ele leva o bebê até Dadan, graças a proteção de Rouge ninguém procuraria um recém-nascido com bandidos da montanha que moravam no meio de uma floresta perigosa e um dos reinos mais belos do East Blue, o mar mais fraco de todos; não havia lugar mais seguro para o garoto do que aquele.
Ele estava certo, Ace passou os dez primeiros anos de sua vida nas montanhas, ele era forte graças aos animais anormalmente grandes e perigosos e relativamente bem cuidado, porque Dadan não podia engana-lo e ele sabia que ela se importava e foi por isso que quando Akagami apareceu e mostrou que a vila não era assim tão segura para Luffy e qualquer um poderia encontra-lo lá, foi para ela que Garp entregou seu neto. O Vice-Almirante queria que seus dois meninos se considerassem irmãos, mas pelo olhar de Ace ele sabia que era uma esperança vã, o mais velho tinha muito ódio dentro de si para se deixar abrir para o amor de alguém.
Ele estava errado, porque na próxima vez que visitasse os meninos já estariam se tratando como irmãos e até haveria um terceiro com eles (ele prefere não se lembrar de Sabo, porque já dói o suficiente sem ele se lembrar do loiro), e todos estarão proferindo que queriam ser piratas.
Ace e Luffy não poderiam ser piratas, eles nunca poderiam nem chegar perto de quebrar uma lei, porque mesmo um mínimo erro poderia significar morte para seus netos e por isso eles deveriam se tornar fuzileiros navais. A Marinha jamais mandaria para a execução soldados fortes que a servem, e não havia dúvidas que os dois seriam fortes.
Apenas fazer parte da Marinha poderia salvar seus meninos de seu próprio sangue e a única outra opção era a morte, Garp sabia disso, ele sempre soube, desde o momento que Ace partiu para o mar ao dezessete anos e Luffy o seguiu três anos depois.
É por isso que quando anunciam a execução de Portgas D. Ace ele não está surpreso, mas isso não significa que ele esteja preparado para isso, porque não importa o quanto ele já esperasse isso Garp jamais estaria preparado para a morte do neto.
Nos dias seguintes ao aprisionamento de Ace, o Vice-Almirante se tortura com pensamentos da Marinha e de seus família, dos atos de Sengoku e dos de Ace, das consequências disso tudo para civis inocentes e para Luffy, e no fim ele chega na triste conclusão que ele já sabia que chegaria: Garp escolheu ser fuzileiro naval para que pudesse proteger as pessoas, para que elas pudessem dormir tranquilas sabendo que ele estava nos mares lutando contra o mal que as assustava, e infelizmente seu neto bonitinho agora fazia parte desse mal. Era uma realidade que ele não gostava de encarar, mas Ace não era santo, ele já havia feito muita coisa ruim e havia muita gente boa que tinha medo dele.
Isso não tornou as coisas mais fáceis, ver Ace machucado e acorrentado em Impel Dawn foi horrível, vê-lo ajoelhado para sua execução foi simplesmente tortura. Sentar ao lado dele na plataforma foi uma tentativa silenciosa de mostrar ao seu neto que ele estava do seu lado, mas só tornou tudo ainda pior.
O ponto mais baixo foi quando anunciaram a paternidade do garoto ao mundo, algo que o D. mais velho tentou com todas as forças impedir, mostrando que ele ser o Comandante da Segunda Divisão dos Piratas do Barba Branca era o suficiente para o mundo e Sengoku prometeu que usaria apenas como último recurso. Aparentemente, agora era o último recurso e Garp amaldiçoou isso, sabendo que a última coisa que Ace queria era ser reconhecido apenas por seu pai.
Ace Punho de Fogo era um Piratas por direito próprio, ele foi o Capitão dos Piratas Spades, uma tripulação que poderia ser considerada uma Supernova de sua época, ele recusou o título de Shichibukai mais veementemente do que qualquer outro, lutou por cinco dias contra Jinbe e nenhum dos dois venceu aquela batalha e por fim se tornou um dos comandantes do Barba Branca, ele era poderoso e o governo deveria teme-lo apenas por isso, essa deveria ser a única justificativa para a sua morte, era a única que Garp aceitaria para a morte de seu neto, e não toda essa besteira de ser filho do Rei dos Piratas.
Pensar assim era a única coisa que o consolava, pois sabia que o maior sonho de seu amado neto era ser reconhecido por si mesmo, mas o punho de Akainu não o atravessou por isso, ele o atravessou pelo sangue de Roger em suas veias.
Depois de ver Luffy se sacrificar tanto e lutar com todos, inclusive ele próprio, para salvar o irmão e finalmente, finalmente, mostrar a Ace que ele é amado e merece viver tanto quanto qualquer um, Garp não podia aceitar isso.
Ele certa os punhos e grita o nome amaldiçoado de Sakazuki, começando a andar em direção ao Almirante pronto para lhe dar a surra de sua vida, mas Sengoku o para se jogando em cima dele e forçando seu rosto para baixo, o impedindo de chegar ao homem que assassinou seu neto.
É nessa posição que ele é obrigado a ver Luffy se quebrando, ver o chamado Cachorro Vermelho ir atrás de seu neto mais novo e Jinbe tendo que protege-lo com o próprio corpo, ver Borsalino e até Kuzan fazerem uma matança sem sentido quando os Piratas já haviam claramente perdido, ver marinheiros abandonando companheiros para mais sangue ser derramado. Aquela não era a Marinha pela qual ele cortou laços com seu único filho, não era a Marinha pela qual ele permitiu a morte de seu neto mais velho e o consequente colapso do mais novo.
Foi ali, pensando na ausência de Dragon de sua vida e olhando para o corpo morto de Ace e o corpo quebrado de Luffy que Garp decidiu que não havia mais sacrifícios pela Marinha. Não havia mais Garp, o Herói para uma organização que matava quem achasse conveniente e criava a justiça que quisesse.
Ele havia perdido Dragon e Ace para seu trabalho e não perderia Luffy também. Parecia que a única alternativa para ele era pedir sua aposentadoria e voltar para Dawn Island, ele sentia falta de Makino de qualquer forma.
Depois que Ruivo aparece e acaba com a guerra e tudo se acalma, Monkey D. Garp apresenta sua aposentadoria aos seus superiores. Eles pedem para que ele fique ao menos para treinar a nova geração.
O Vice-Almirante não sabe o que responder, ele não quer entregar bons soldados para a Marinha que ele viu em Marineford, mas então ele pensar em Coby e Helmeppo, dois garotos fortes e inteligentes que ainda não estavam prontos, mas quando estivessem seriam soldados formidáveis. Talvez ele pudesse transformar os dois em fuzileiros navais melhores, talvez ele pudesse treinar outros para serem como eles.
É com isso em mente que ele disse sim aos superiores, para que a próxima geração possa ser pessoas que pratiquem mais uma "Justiça Moral" do que a "Justiça Absoluta" de agora, para que a próxima geração não seja nada como o que ele viu na Guerra dos Melhores.

Depois de Portgas D. AceOnde histórias criam vida. Descubra agora