Mayara
- Você vai sair amanhã amiga? - Helena pergunta após sairmos da sala onde aconteceu nossa aula de antropologia, a última do dia.
- Não sei, porque? - pergunto fechando o zíper da minha mochila ao pegar meu celular
- É que vai ter uma festinha lá em casa - ela fala
- Talvez eu vá amiga, sabe qual é meu problema né - eu disse me referindo ao meu pai
- Eu sei amiga, mas tenta - Lena diz e eu concordo
- Com certeza - eu digo
- Eu já vou indo, beijo - ela beija minha bochecha
- Tchau - eu falo acenando e ela sai acenando de volta
Pego meu celular vendo a hora e ainda faltava uma hora e meia pro meu expediente começar, mas eu já ia logo já que eu ia almoçar lá, guardei meu celular no bolso e caminhei até o ponto de ônibus mais próximo da faculdade, meu ônibus demorou 10min pra chegar, peguei o mesmo e ele seguiu caminho até a Barra da Tijuca no restaurante onde eu trabalhava todos os dias da semana, menos no domingo. Demorou mais ou menos 20 minutos pra chegar até o ponto ao lado do restaurante, desci do ônibus e entrei no restaurante pela porta dos fundos, cumprimentei alguns colegas meus de trabalho e segui até a salinha dos funcionários onde eu me sentei e tirei minha quentinha da mochila começando a comer a mesma, Sabrina, uma das meninas que eu mais tinha me aproximado ali chegou e se sentou junto comigo pra almoçar
- E aí gata - ela diz
- oi amiga - falei tomando um gole do meu suco dentro da minha garrafa térmica
- hoje vai ser cheio, to até vendo - ela diz soltando um suspiro
comemos conversando até a hora do nosso expediente começar, troquei minha blusa pela roupa de trabalho e comecei meu turno atendendo de mesa em mesa e deixando os pedidos com Júlio, o cozinheiro do restaurante.
[...]
- até amanhã - Sabrina fala pra mim antes de pegar sua bolsa
- até - falo e ela sai acenando
- quer carona May? - Júlio pergunta vindo até mim
- ah, não, Júlio, obrigada - falo juntando minhas coisas e colocando a bolsa no ombro e me virando pra ele
- então beleza, tchau gata - ele beija o topo da minha cabeça
- tchau - falo e aceno saindo do restaurante junto com ele - vou trancar tudo e a chave fica com você viu? - falo pro segurança que era de confiança do nosso chefe
- sim senhora - ele fala e eu tranco a porta da frente depois de trancar a porta dos fundos
- pega, até amanhã Jorge - falo e ele sorri pegando a chave e guardando a mesma
vou até o ponto de ônibus e já estava na hora do meu ônibus passar, então subi no mesmo e fiquei olhando a rua pela janela. o ônibus parou no ponto mais próximo da minha casa, eu só precisaria andar uma quadra e chegaria.
cheguei no portão de casa e peguei minha chave abrindo a porta, entrei e a única coisa que eu não precisava ver era meu pai cheirando cocaína no meio da sala, quando percebeu minha presença, ele olhou pra mim e abriu um sorriso sarcástico.
era sempre assim.
- você pode não fazer isso aqui? onde eu posso chegar a qualquer momento e presenciar isso de novo - eu falei deixando minha bolsa em cima da mesa
- qual é filha, papai só tá se divertindo - ele falou e eu soltei a risada pelo nariz
- se divertindo? você está se matando - eu falei e peguei minha bolsa subindo pro meu quarto, eu não precisava presenciar aquilo
joguei minha bolsa na cama e tranquei meu quarto, tirei minha roupa e entrei no banheiro tomando um banho quente bem demorado, troquei de roupa e deitei na cama, eu só queria dormir e esquecer tudo, fechei meus olhos e respirei fundo.
acho que dormi umas 2h antes de ouvir um barulho alto vindo do andar debaixo, acordei no susto e me levantei num sobressalto, calcei minhas chinelas e tentei fazer o mínimo de barulho após ouvir vozes no andar debaixo. caminhei até o pé da escada e desci a mesma lentamente, soltei um grito assim que senti meu corpo ser segurado por um braço forte e logo a outra mão da pessoa tampou minha boca me impedindo de falar, gritar ou qualquer outra coisa.
- fica quietinha que eu não te dopo e nós fazemos uma viagem bem tranquila - a voz masculina falou no meu ouvido e eu concordei parando de me debater, ele tirou a mão da minha boca mas eu senti o cano gelado da arma nas minhas costas
- o que você vai fazer comigo? - perguntei calmamente sem tentar sair
- seu pai deve uma grana pro meu chefe e já que ele não tem dinheiro, você é o pagamento
- eu não sou mercadoria - falei e ele apertou mais a arma contra o meu corpo
- fica quieta, você vai com a gente - ele disse e logo trouxe um pano até meu rosto, tentei me debater mas era tarde demais, meu corpo estava mole e minha vista escureceu totalmente.
[...]
Quando abri meus olhos eu estava dentro de um quarto, o quarto nao cheirava a mofo e nem era sujo como eu imaginaria que seria se eu fosse sequestrada, ele era limpo e muito bem arrumado, a cama era confortável e tinha uma sacada ao lado dela, virei pra porta ao ouvir um barulho e me alertei, peguei qualquer coisa que pudesse me defender seja lá de quem fosse entrar por aquela porta, a porta se abriu e um homem alto, cabelo castanho, vestido com um terno, e blusa branca meio aberta deixando a vista algumas tatuagens espalhadas pelo seu busto e uma em seu rosto se aproximou de mim
- não irei machucar você, o senhor Gomes está lhe esperando - ele falou
- eu não.. - ia falar mas ele me interrompeu
- junto com seu pai - ele falou
- meu pai me vendeu como pagamento de dívida, acha que eu vou me sensibilizar por ele estar junto e ir com você? - falei
- sim - ele respondeu e eu soltei o ar que estava preso em meus pulmões pela boca
larguei o abajur no criado mudo novamente e me olhei no espelho que tinha perto da cama antes de sair, eu usava o mesmo pijama e meu cabelo estava solto quase na cintura, olhei pro homem que me aguardava pacientemente e soltei os ombros o acompanhando ele assim que ele começou a andar para fora do cômodo onde eu estava.
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Vendida para a máfia [concluída]
RomanceMayara Ferreira nunca foi santa, mas sempre foi muito independente, nunca dependeu dos seus pais pra nada, passou numa faculdade pública e arranjou um emprego. Sua mãe nunca foi presente e foi embora quando ela ainda era pequena; seu pai, se entrego...