Paixões sólidas. Amores líquidos.

Valério

Já falei sobre ele aqui outras vezes.
Era meu aniversário de 18 anos, já não era mais virgem, porém ainda não tinha namorado meu primeiro cara. Eu estava em dúvida sobre minha sexualidade e ainda tinha meus outros dilemas amorosos, como minha paixão de adolescência Valério.
Eu estava em processo de amadurecimento e quando Valério se assumiu pra mim, não fiquei nada surpreso, já que éramos bons amigos. Eu sempre dei os melhores concelhos, mas sempre fazia merda. Ele me falava dos amores, das dores e eu estava lá pra aconselhar. Eu dava a mão, o ombro, o coração.
Sempre sentia algo sabe? como se ele gostasse de mim, mas tivesse medo do que os outros fossem falar, afinal, só eu sabia sobre ele. Por conta desse medo e por causa que tivemos que fazer vários trabalhos do clube de leitores, nosso lado profissional foi se aprimorando, mas o pessoal tivemos que deixar de lado. Seu medo e receio fez com que cada vez ele se afastasse de mim e mesmo eu querendo ele (porque dali sempre existiu uma paixão) sabia que não poderia forçar-lo a nada.
A gente passou um bom tempo sem se ver, sem se falar. Terminei meu ensino médio, tive que resolver muita coisa da minha vida e fui fazer Teatro, mas bem antes disso, tive que resolver uns dilemas na minha antiga escola. Ele estava lá, Valério com seu olhar doce e um franzido de sobrancelha bem peculiar. Era meu aniversário de 18 anos e mesmo que não fosse muita coisa, eu estava feliz em vê-lo, conversarmos um pouco e vi que ele amadureceu bastante. Acho que ficou bastante grato e feliz em me ver, o sentimento era recíproco.
Alguns minutos depois no meio da roda de amigos ele me chama pra me mostrar uma coisa. Fomos ao banheiro recém inaugurado do novo prédio da escola. Ele me beijou pela primeira vez, era como se já quisesse ter feito antes, um dos beijos mas intensos que já vi. Era um gesto de coragem e ao mesmo tempo de gratidão, ele falou que era meu presente, eu apenas ri. Foi nosso primeiro e último beijo até então...